Mundialíssimo https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br Notícias internacionais explicadas tintim por tintim Fri, 24 Jan 2020 11:05:46 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Israel e Hizbullah evitam nova guerra, ao menos por enquanto https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/09/02/israel-e-hizbullah-evitam-nova-guerra-ao-menos-por-enquanto/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/09/02/israel-e-hizbullah-evitam-nova-guerra-ao-menos-por-enquanto/#respond Mon, 02 Sep 2019 15:10:58 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/09/israel-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3336 O fim de semana foi de tensão na fronteira entre Israel e Líbano, com a troca de foguetes entre as Forças de Defesa Israelenses e a milícia xiita Hizbullah.

No domingo (1º), o Hizbullah disparou mísseis antitanque contra um veículo militar de Israel, que respondeu lançando dezenas de foguetes contra alvos da milícia no sul do Líbano. Embora não tenham deixado vítimas, as hostilidades causaram pânico dos dois lados da fronteira e geraram o temor de uma escalada militar no Oriente Médio.

O episódio de violência ocorreu uma semana depois de dois drones israeleneses caírem sobre o centro de mídia do Hizbullah na capital libanesa, Beirute, de acordo com as autoridades do país árabe. O presidente Michel Aoun classificou o incidente de “declaração de guerra”, e o líder do Hizbullah, Hassan Nasrallah, disse que Israel “pagaria o preço” pela agressão.

Já o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, declarou estar “preparado para qualquer cenário”, e afirmou que o Exército “decidirá como agir em seguida dependendo de como as coisas se desenrolarem”.

O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) advertiu que as hostilidades “podem levar a um novo conflito” e pediu que as partes envolvidas tenham “calma”. Escaramuças entre os militares israelenses e os combatentes do Hizbullah são comuns, mas os eventos recentes representam a escalada mais grave dos últimos anos.

A fronteira, que é separada por uma zona tampão administrada pela ONU, amanheceu mais silenciosa nesta segunda-feira (2), afastando as perspectivas de uma nova guerra –ao menos por enquanto.

A última vez em que os dois lados se enfrentaram para valer foi entre julho e agosto de 2006, após o Hizbullah sequestrar dois soldados do país vizinho. Na ocasião, Israel invadiu o sul do Líbano, enquanto o Hizbullah disparou mísseis através da fronteira. O conflito terminou após 34 dias com quase 1.200 mortos do lado libanês e mais de 160 mortos em Israel.

Fundado em 1985, em meio à guerra civil no Líbano, o Hizbullah diz atuar em nome dos seguidores do ramo xiita do islã, que formam um dos diversos grupos religiosos país. A sociedade libanesa também é formada por muçulmanos sunitas, cristãos maronitas e drusos, bem como numerosas minorias de refugiados palestinos, sírios e armênios.

O Hizbullah, de orientação islamita, é uma das principais forças políticas no Líbano –seu nome significa “Partido de Deus”. Seu braço armado é independente do Exército libanês e forma um dos grupos armados mais poderosos da região.

Responsável por diversos atentados ao redor do mundo entre as décadas de 1980 e 1990, o Hizbullah é considerado um grupo terrorista por Israel (seu inimigo declarado) e pelos Estados Unidos. O Brasil, que possui uma expressiva comunidade libanesa, não o classifica como tal, mas o governo de Jair Bolsonaro anunciou recentemente que pretende seguir o tratamento dispensado à milícia por seus aliados em Jerusalém e Washington.

A QUESTÃO IRANIANA

Os recentes confrontos entre o Hizbullah e o Exército israelense se inserem em um contexto de crescente rivalidade no Oriente Médio entre o regime iraniano e os países aliados do Ocidente, especialmente Israel e Arábia Saudita.

O Hizbullah é financiado e treinado pelo Irã. Nos últimos anos, a milícia libanesa participou da guerra civil na vizinha Síria ao lado de forças iranianas para ajudar o regime de Bashar al-Assad a derrotar grupos armados da oposição. Assim, o Hizbullah adquiriu novos equipamentos e experiência de batalha.

Israel vê no retorno dos combatentes do Hizbullah ao Líbano e na presença redobrada de agentes iranianos na Síria uma ameaça existencial. Tendo isso em vista, o governo Netanyahu tem agido para deter a expansão da influência militar iraniana na região.

No ano passado, o premiê israelense ajudou a convencer o presidente Donald Trump a retirar os Estados Unidos do acordo nuclear iraniano firmado em 2015, resultando em rigorosas sanções econômicas contra o país persa. Ademais, Israel tem atacado alvos ligados ao regime de Teerã na Síria e no Iraque, além dos bombardeios contra o Hizbullah no Líbano.

Por outro lado, a estratégia israelense de enfrentamento com o Hizbullah também encontra explicações no campo doméstico. Netanyahu parece apostar em um acirramento da disputa com seus inimigos externos para colher dividendos eleitorais no pleito de 17 de setembro. O primeiro-ministro israelense saiu vitorioso das eleições parlamentares de abril, mas seu fracasso em formar uma coalizão o forçou a convocar os eleitores novamente às urnas.

“Se houver algum tipo de reação maior por parte dos iranianos, eu entendo por que Netanyahu veria como isso seria benéfico para ele”, disse Trita Parsi, do think tank americano Quincy Institute for Responsible Statetcraft, à emissora catariana Al Jazeera. “O público israelense provavelmente se mobilizaria em torno da bandeira e seria difícil trocar a liderança no processo … Pode ser exatamente isso o que Netanyahu está buscando”.

As nuvens de guerra parecem ter se dissipado após a mais recente troca de foguetes, mas as raízes políticas da instabilidade na região se mantêm. Episódios como o deste final de semana revelam os limites do frágil equilíbrio de forças que tem protegido o Oriente Médio de uma conflagração de grande escala.

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Após protestos contra Israel, palestinos em Gaza se levantam contra o Hamas https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/03/19/apos-protestos-contra-israel-palestinos-em-gaza-se-levantam-contra-o-hamas/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/03/19/apos-protestos-contra-israel-palestinos-em-gaza-se-levantam-contra-o-hamas/#respond Tue, 19 Mar 2019 10:43:46 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/gaza-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3005 Os moradores da faixa de Gaza voltam a protestar. Mas, desta vez, o alvo das manifestações é o Hamas, o grupo islamita que controla o enclave palestino desde 2006.

Na semana passada, centenas de pessoas protestaram –sob o mote “queremos viver”– contra o aumento do custo de vida no território, causado em parte por um aumento de impostos.

As forças de segurança do Hamas reprimiram o movimento, agredindo e prendendo dezenas de manifestantes. As cenas de violência circularam nas redes sociais.

O coordenador da ONU (Organização das Nações Unidas) para a paz no Oriente Médio, Nickolay Mladenov, disse em comunicado que “o povo sofrido de Gaza” deve ter seu direito de protestar respeitado.

“Eu condeno fortemente a campanha de detenções e violência feita pelas forças de segurança do Hamas contra os manifestantes”, afirmou Mladenov, de acordo com a agência de notícias Reuters.

O Hamas acusa a facção rival Fatah, que governa partes da Cisjordânia, de provocar os protestos para causar instabilidade.

“Nós enfatizamos nosso apoio a manifestações pacíficas, mas não deixaremos que os protestos sejam explorados para provocar o caos”, declarou um porta-voz do Hamas, Iyad al-Buzom, à emissora catariana Al Jazeera.

PROTESTOS INÉDITOS

Protestos na faixa de Gaza são rotineiros, mas são raras as demonstrações de dissenso contra o Hamas. Há um ano, moradores da faixa de Gaza vêm organizando manifestações próximo à fronteira com Israel para exigir o direito de retornar a suas casas –mais de 70% dos habitantes do território são refugiados.

As forças de segurança de Israel têm respondido aos protestos com gás lacrimogêneo e munição letal, em ações que podem constituir crimes de guerra, de acordo com a ONU. Nos últimos meses, mais de 250 manifestantes foram mortos e 6.000 ficaram feridos.

Os protestos contra Israel foram cancelados na semana passada, em parte devido à onda de descontentamento com o Hamas. Mas havia também o temor de uma escalada da violência: na quinta-feira (14), Israel bombardeou alvos na faixa de Gaza após o disparo de dois foguetes em direção a Tel Aviv.

A faixa de Gaza vive uma crise econômica e humanitária aguda. De acordo com a ONU, cerca de 53% dos moradores do território vivem na miséria, e mais de 49% estão desempregados.

A situação resulta do bloqueio de fronteiras mantido desde 2007 por Israel e Egito. A faixa de Gaza, que tem cerca de um quarto da área da cidade de São Paulo, concentra 2 milhões de habitantes.

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Israel e Hamas usam redes sociais para narrar embates e trocar acusações https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/11/13/israel-e-hamas-usam-redes-sociais-para-narrar-embates-e-trocar-acusacoes/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/11/13/israel-e-hamas-usam-redes-sociais-para-narrar-embates-e-trocar-acusacoes/#respond Tue, 13 Nov 2018 16:21:48 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/11/gaza-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2721 Com a deterioração da violência na faixa de Gaza nos últimos dias, o Exército de Israel e a facção palestina Hamas têm utilizado as redes sociais para narrar os acontecimentos e trocar acusações.

Nesta terça-feira (13), Israel voltou a bombardear alvos na faixa de Gaza, enquanto o Hamas, grupo islamita que controla o território, disparou centenas de foguetes contra cidades israelenses –o conflito começou no domingo (11), após uma operação secreta do Exército israelense matar sete combatentes do Hamas; um tenente-coronel israelense também morreu na ação. A troca de hostilidades na região é a maior desde 2014, quando uma guerra de 50 dias entre Hamas e Israel deixou mais de 2.000 mortos, a maioria civis do lado palestino.

No Twitter, a conta oficial em inglês das Forças de Defesa de Israel divulga alertas em tempo real sobre os ataques de foguetes contra cidades no sul do país. Além disso, o perfil publica vídeos e infográficos sobre os efeitos dos ataques do Hamas, além de informar sobre bombardeios contra alvos palestinos na faixa de Gaza.

“Em resposta às centenas de foguetes disparados indiscriminadamente de Gaza contra Israel, nossos jatos têm atacado alvos terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica Palestina em Gaza. O Hamas arcará com as consequências de suas ações”, diz um tuíte publicado na segunda-feira (12).

O Exército israelense também usa o Facebook para transmitir vídeos ao vivo com pronunciamentos de comandantes militares, além de fotos de soldados em treinamento.

Bem menos ativo, o perfil do Hamas no Twitter publica imagens das explosões provocadas por bombardeios israelenses, além de divulgar comunicados à imprensa. O Twitter suspendeu por tempo indefinido perfis ligados às Brigadas Al-Qassam, braço armado do Hamas –as páginas concentravam a difusão de propaganda contra Israel.

Em um tuíte na segunda-feira sobre o recente bombardeio israelense contra a sede de uma emissora de TV em Gaza, o Hamas acusou Israel de ter uma “mentalidade assassina” e de cometer “violações repugnantes contra o povo palestino”.

ANTECEDENTES

O uso das redes sociais em períodos de enfrentamento na faixa de Gaza não é uma novidade. Durante a guerra de 2014, Israel e Hamas investiram na divulgação de imagens, charges e memes no Twitter para mobilizar a opinião pública internacional a respeito dos confrontos.

Até agora, a escalada das hostilidades em Gaza não parece indicar a deflagração de uma nova invasão em grande escala do Exército israelense no território palestino. A ONU (Organização das Nações Unidas) e o governo do Egito vêm pressionando ambos os lados por um cessar-fogo.

Uma nova guerra poderia prejudicar os esforços do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, de aproximação com as monarquias árabes do golfo Pérsico –no domingo, o premiê afirmou que uma guerra em Gaza seria “desnecessária”.

A faixa de Gaza concentra cerca de 2 milhões de palestinos, dos quais 70% são refugiados –há anos, a população enfrenta uma crise humanitária aguda. O território é dominado pelo Hamas, mas Israel controla o fornecimento de alimentos, eletricidade e materiais de construção.

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Netanyahu discursa sobre o Irã, e a internet responde com memes https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/05/01/netanyahu-discursa-sobre-o-ira-e-internet-responde-com-memes/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/05/01/netanyahu-discursa-sobre-o-ira-e-internet-responde-com-memes/#respond Tue, 01 May 2018 10:27:33 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/Netanyahu-e1525159092721-320x213.jpg http://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2117 O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, voltou a discursar contra o Irã. Em uma fala em inglês, na segunda-feira (30), ele acusou o país inimigo de ter trapaceado em seu acordo nuclear com os EUA. Exibiu um slide com a frase “Iran lied” (o Irã mentiu). A internet revidou com humor: editou aquela fotografia para que dissesse “I lie” (eu minto).

O popular satirista Karl Sharro, que costuma ridicularizar a política médio-oriental, descreveu a apresentação de Netanyahu como “o pior número de Eurovision”. O Eurovision é um concurso musical do qual Israel também participa, e conhecido pelos atos algo cafonas.

Esse humor lida, é claro, com um assunto bastante sério. Potências como os Estados Unidos e a França travaram um acordo com o Irã oferecendo retirar sanções econômicas em troca do fim de seu programa nuclear. A ideia incomoda Israel, que enxerga no Irã uma ameaça a sua sobrevivência. Vêm daí, pois, os esforços de Netanyahu de azedar o trato. É significativo, ademais, que ele tenha discursado em inglês: seu alvo era o presidente americano, Donald Trump, que ameaça rever o acordo firmado por seu antecessor, Barack Obama.

Apesar da seriedade da questão, Netanyahu pode ter inaugurado uma fábrica de memes com sua frase “Iran lied”. Os memes são essas imagens cômicas circuladas pela internet, modificadas pelos usuários, como explica o blog da Folha #Hashtag. O “Iran lied” do premiê israelense se transformou inúmeras vezes durante o dia e, aparentemente, já virou camiseta (a prenda vale cerca de R$ 70).

Comparando o discurso desta semana com a já clássica apresentação de Netanyahu na ONU em 2012, esta usuária do Twitter apontou a evolução dos gráficos israelenses. O premiê foi ridicularizado pelo diagrama com o desenho de uma bomba há seis anos. “A evolução da propaganda de Netanyahu sobre o programa nuclear iraniano”, Partisangirl escreveu em inglês. “Está ficando mais sofisticado.”

No tuíte abaixo, o especialista no Oriente Médio Aron Lund compila outros discursos de Netanyahu apoiado em recursos audiovisuais e sugere que o premiê é uma variação sombria do “prop comedian” — um tipo de comediante que usa adereços para as suas esquetes.

Outro usuário, identificado como “um homem sob o sol”, fez troça da qualidade gráfica da apresentação. Israel é um dos polos mundiais da tecnologia, o que não passou batido pela internet. O texto diz: “Uau. Netanyahu realmente não poupou em sua apresentação de hoje”.

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O que ler para entender a crise em Jerusalém? https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2017/12/07/o-que-ler-para-entender-a-crise-em-jerusalem/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2017/12/07/o-que-ler-para-entender-a-crise-em-jerusalem/#respond Thu, 07 Dec 2017 17:16:02 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/Trump-180x120.jpg http://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=1781 Donald Trump anunciou na quarta-feira (6) seu reconhecimento de Jerusalém como capital israelense, e o assunto invadiu as redes sociais rápida como a praga bíblica dos gafanhotos. Este Mundialíssimo blog supõe que, a estas alturas, vocês já tenham se dado conta da gravidade dessa notícia — já há inclusive chamados para uma onda de violência nos territórios palestinos.

A disputa entre Israel e Palestina costuma atrair um interesse amplo em todo o mundo, mas por vezes a nuvem de opiniões vem carregada de desinformações e de preconceitos, prejudicando um debate já bastante fragilizado. Como vocês, mundialíssimos leitores, não querem agravar a situação, provavelmente estão interessados em ler um pouco mais sobre a disputa por Jerusalém.

Por onde começar? Quem tem fôlego para ler calhamaços pode começar por duas das melhores histórias da cidade:  “Jerusalém: A Biografia” e “Jerusalém: Uma Cidade, Três Religiões”. Mas, no meio-tempo, e aos afobadinhos, compilei abaixo uma lista de reportagens sobre essa notícia.

Donald Trump anuncia reconhecimento de Jerusalém. Crédito Kevin Lamarque/Reuters

DEZ PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O IMPASSE EM JERUSALÉM
Se estiver realmente despistado, comece por este resumão produzido pela Folha sobre a disputa em torno da cidade, sagrada tanto a judeus quanto a muçulmanos, e sobre quais são os impactos imediatos da decisão de Donald Trump. De quem é Jerusalém? Quais são as reivindicações? Quando os EUA vão transferir sua embaixada? Qual é o papel americano nas negociações de paz?

PROBLEMÁTICA, DECISÃO NÃO TEM EFEITOS PRÁTICOS
O colunista Clóvis Rossi escreveu sobre o anúncio de Donald Trump, afirmando que “o simbolismo se esgota em si mesmo porque efeitos práticos propriamente ditos não haverá, ao menos não imediatamente”. “É provável que haja, sim, uma sequência de manifestações, talvez violentas em todo o mundo muçulmano, mas tendem a não durara muito”. Escrevi também sobre isso.

ISRAEL RECEBE ANÚNCIO COM EUFORIA E MEDO
A repórter Daniela Kresch, em colaboração para a Folha, em Tel Aviv, registrou em uma reportagem as reações israelenses ao reconhecimento de Jerusalém como sua capital. “Ninguém esconde o temor de que a decisão leve a uma escalada na violência regional”, escreveu. Políticos e analistas se dividiram entre o entusiasmo da direita e o nervosismo do centro e da esquerda.”

LIDERANÇAS EVANGÉLICAS QUEREM QUE BRASIL SIGA OS EUA
A BBC Brasil publicou uma reportagem de Mariana Schreiber analisando como líderes religiosos querem que o Brasil emule a decisão americana, transferindo também a embaixada a Jerusalém. “Eles acreditam que a decisão do presidente americano lhes dá mais força para pressionar o governo brasileiro a reconhecer Jerusalém como capital israelense”, segundo o texto de Schreiber.

COMO JERUSALÉM FOI DE TER 16 EMBAIXADAS A NENHUMA
O jornal israelense “Haaretz”, bastante crítico à medida americana, publicou um texto direcionado a Trump, pedindo que tome nota de como Jerusalém já teve 16 embaixadas — e por que hoje não tem nenhuma. Países como Costa do Marfim, Quênia, Chile, Bolívia, Venezuela e Holanda já tiveram embaixadas na cidade, mas abandonaram os escritórios após uma série de guerras.

O PROCESSO DE PAZ PODE SOBREVIVER À DECISÃO DE TRUMP?
O diário britânico “Guardian” tenta responder a essa pergunta, em uma reportagem que mapeia os passos que levaram ao reconhecimento de Jerusalém como capital israelense. “Uma coisa está bastante clara. Na quarta-feira, a história, os alertas dos especialistas, o conhecimento diplomático e a experiência foram rasgados, juntamente com qualquer chance imediata de um acordo.”

CAUSA DE JERUSALÉM PODE TER PERDIDO FORÇA ENTRE ÁRABES
O “New York Times” faz uma importante reflexão ao dizer que, se Jerusalém foi outrora a grande causa comum entre países árabes, hoje já perdeu esse apelo. “Líderes árabes continuam a elogiar a causa palestina, mas ela perdeu importância, deslocada pela insurgência da Primavera Árabe, pelas guerras no Iraque, na Síria e no Iêmen e pela ameaça do Estado Islâmico”, segundo o jornal.

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Um time de estrangeiros pode representar o Qatar na Olimpíada? https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2016/08/16/um-time-sem-cidadaos-como-o-do-qatar-pode-representar-um-pais-na-olimpiada/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2016/08/16/um-time-sem-cidadaos-como-o-do-qatar-pode-representar-um-pais-na-olimpiada/#respond Tue, 16 Aug 2016 07:07:28 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2016/08/qatar-180x130.jpg http://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=1234 O desempenho do Qatar no handebol masculino chateia muita gente, em sua busca por uma vaga nas quartas de final desta semana. Para além de boladas e gols, que não são a quadra desta coluna, o time árabe tem incomodado pela ideia de que seus atletas não representam de fato a nação. O técnico é espanhol e 70% dos jogadores são naturalizados, incluindo o cubano Rafael Capote e Zarko Markovic, de Montenegro. Se não nasceram no Qatar, estranha a espectadores que carreguem a bandeira do país.

O Qatar, localizado no golfo Árabe, não está driblando as regras. A federação do handebol estipula que um jogador naturalizado que não tenha disputado por outro país nos últimos três anos pode representar outra nação. O Qatar tem 2,2 milhões de habitantes, mas apenas cerca de 12% deles são cidadãos, e o restante, estrangeiros.

Mas a noção é talvez modernosa demais a um evento esportivo nascido no final do século 20, em um contexto de nacionalismos rompantes. Há também desagrado em torno da ideia de que o Qatar tenha “comprado” o time para projetar-se no exterior. Quando a França jogou contra o Qatar, durante a semana passada, um de seus atletas disse que há um prazer especial em derrotar aquela seleção na Olimpíada, evento “em que você vem para representar seu país”. “Nós jogamos por amor ao jogo, eles jogam por dinheiro”, afirmou. No mesmo espírito, comemorou-se a vitória da judoca Majlinda Kelmendi, de Kosovo, com algum orgulho por sua anterior recusa em representar outros países. “Neguei tantas ofertas, tantos milhões”, disse a atleta.

qatar2

Outro caso incômodo à ideia de nação é o do hipista Christian Zimmermann, que disputou na categoria adestramento representando a Palestina. Zimmermann nasceu, cresceu e treinou na Alemanha e, segundo o jornal israelense “Haaretz”, buscou a dupla nacionalidade para competir. Com algum azedume, esse diário disse que o atleta é “bastante não palestino” e tem “aparência de europeu” (o que quer que isso signifique em Israel).

Zimmermann justificou sua participação em nome do território árabe como uma maneira de fazer com que os espectadores reflitam sobre a perspectiva palestina do conflito no Oriente Médio. Por ser alemão, diz, ele tem uma responsabilidade especial em relação à região –o regime nazista matou milhões de judeus durante o Holocausto. Mas Ricki Rothschild Bachar, da Federação Equestre Israelense, escreveu sobre Zimmermann com algum ceticismo, mais uma vez segundo o “Haaretz”: “Você acha que ele sabe onde fica a Palestina? Eu não creio”.

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