Mundialíssimo https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br Notícias internacionais explicadas tintim por tintim Fri, 24 Jan 2020 11:05:46 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Entenda os protestos por eleições livres em Moscou https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/08/14/entenda-os-protestos-por-eleicoes-livres-em-moscou/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/08/14/entenda-os-protestos-por-eleicoes-livres-em-moscou/#respond Wed, 14 Aug 2019 13:59:26 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/08/moscou-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3307 O que era para ser uma eleição corriqueira para a câmara legislativa de Moscou se transformou em uma pedra no sapato do presidente russo, Vladimir Putin.

Milhares de manifestantes têm ocupado as ruas da capital russa nas últimas semanas para exigir a participação de candidatos opositores no pleito municipal de 8 de setembro. As forças de segurança já prenderam centenas de participantes dos protestos, incluindo líderes opositores.

As autoridades eleitorais seguem defendendo o bloqueio de candidaturas. Mas, na terça-feira (13), um tribunal de Moscou decidiu autorizar o opositor Sergei Mitrokhin a concorrer no pleito, informou a agência de notícias estatal TASS.

Entenda os protestos por eleições livres em Moscou:

1. Manifestantes pedem inclusão de candidatos independentes

Os protestos tiveram início em 14 de julho, após o órgão eleitoral de Moscou barrar a inscrição de dezenas de candidatos da oposição no pleito para a câmara legislativa da cidade.

As autoridades dizem que houve irregularidades no processo de coleta das assinaturas exigidas para registrar candidaturas independentes.

O movimento evoluiu, e a manifestação mais recente, ocorrida no sábado (10), já é considerada uma das maiores registradas na Rússia nos últimos anos: mais de 60 mil pessoas foram às ruas de Moscou, segundo grupos de oposição –a polícia contou 20 mil participantes.

“Essa injustiça me deixa indignada em todos os níveis”, disse a manifestante Irina Dargolts, 60, à agência de notícias AFP. “Não deixam concorrer candidatos que apresentaram o número necessário de assinaturas. Prenderam pessoas por se manifestarem pacificamente.”

2. Apesar da repressão, polícia fracassa em sufocar o movimento

Várias das manifestações realizadas até agora terminaram com centenas de detidos. No principal episódio de repressão até agora, mais de 1.300 pessoas foram presas durante um protesto em 27 de julho, organizado sem a autorização das forças de segurança.

O ativista Alexei Navalny foi condenado a 30 dias de prisão por convocar manifestações não autorizadas. Algumas semanas atrás, Navalny chegou a ser hospitalizado após sofrer uma reação alérgica na cadeia; sua defesa suspeita que ele tenha sido envenenado.

“Nós acreditamos que as ações duras das forças de segurança para barrar os protestos são absolutamente justificadas”, declarou na terça-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

Apesar da repressão policial, os protestos têm atraído mais participantes e já se espalham para outras cidades na Rússia. Novas manifestações foram convocados para o próximo sábado (17).

3. Protestos são desafio para Putin, há 20 anos no poder

As manifestações por eleições livres em Moscou são um desafio para Putin, que está no poder há duas décadas. Mesmo centrado sobre uma disputa para o legislativo local, sem grande relevância para a política do país, o movimento põe em evidência o autoritarismo que toma conta das instituições de poder da Rússia.

Críticos do Kremlin apontam que as restrições eleitorais, a perseguição contra manifestantes e os ataques à imprensa livre têm se agravado nos últimos anos. Putin batalha para preservar seus altos índices de popularidade diante dos sinais de estagnação econômica.

“[Os protestos] começaram relativamente pequenos, mas obviamente se tornaram algo muito maior do que a possibilidade de concorrer para o legislativo municipal”, disse Angela Stent, professora da Universidade Georgetown (EUA) e especialista em política externa russa, ao site de notícias Vox.

“Penso que muito disto tem a ver com o futuro do país, e se os jovens de hoje … terão de continuar a viver em um sistema assim, onde não há muitas escolhas políticas e onde a economia não vai tão bem.”

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Áudios sugerem acordo de caixa dois da Rússia para ultradireita na Itália https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/07/11/audios-sugerem-acordo-de-caixa-dois-da-russia-para-extrema-direita-na-italia/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/07/11/audios-sugerem-acordo-de-caixa-dois-da-russia-para-extrema-direita-na-italia/#respond Thu, 11 Jul 2019 11:59:03 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/07/salvini-320x213.png https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3232 Autoridades da Rússia e da Itália negociaram a transferência de milhões de dólares para o partido do ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, de acordo com áudios de um encontro secreto revelados na quarta-feira (10) pelo site BuzzFeed News.

Os áudios foram gravados durante uma reunião realizada em 17 de outubro no hotel Metropol, em Moscou, entre três aliados de Salvini e três agentes do governo russo não identificados. No encontro de 75 minutos, foram negociados repasses para a legenda de direita ultranacionalista Liga por meio de um acordo bilionário de venda de petróleo, diz a reportagem, assinada pelo jornalista Alberto Nardelli.

O BuzzFeed News estima que a Liga receberia até US$ 65 milhões (R$ 244 milhões), destinados para a campanha do partido nas eleições para o Parlamento Europeu, realizadas em maio. Não está claro se as partes cumpriram o acordo, que viola a legislação eleitoral italiana.

Nos áudios, Gianluca Savoini –um aliado de longa data de Salvini– aparece dizendo: “Queremos mudar a Europa … Uma nova Europa deve ser próxima da Rússia porque queremos ter nossa soberania”.

Por outro lado, os russos que participaram do encontro descrevem Salvini como “Trump europeu”. O ministro do Interior italiano não participou do encontro, mas estava em Moscou naquela data.

Em nota, Salvini refutou as revelações do BuzzFeed News: “Nunca recebi um rublo, um euro, um dólar ou um litro de vodka em doação da Rússia”.

Após a publicação da reportagem, integrantes da oposição italiana protestaram no Parlamento, e dois ex-primeiros-ministros do país, Matteo Renzi e Paolo Gentiloni, se manifestaram a favor da abertura de uma investigação parlamentar sobre as origens do financiamento de campanha da Liga.

Detalhes iniciais da reunião no Metropol já haviam sido expostos em fevereiro pela revista italiana L’Espresso. Na época, um porta-voz de Salvini descreveu as revelações como “fantasias” e “um enredo de ficção”.

Salvini nunca escondeu sua simpatia pelo presidente russo, Vladimir Putin. O líder da ultradireita italiana já declarou não se opor à anexação da península da Crimeia da Ucrânia pela Rússia, em 2014, e pediu o fim das sanções da União Europeia (UE) contra o Kremlin.

Além disso, o ministro do Interior italiano é um crítico ferrenho das instituições decisórias da UE, e um defensor da política de portas-fechadas para imigrantes.

Sob a liderança de Salvini, a Liga passou de uma pequena agremiação regional para uma das maiores forças políticas da Itália, tornando-se um dos expoentes do populismo nacionalista em ascensão na Europa.

A Liga passou a integrar o governo italiano com os populistas do Movimento 5 Estrelas após obter 17% dos votos nas eleições parlamentares de março de 2018. Quatorze meses depois, o partido conquistou 34,5% dos votos nas eleições para o Parlamento Europeu, sua maior vitória nas urnas até aqui.

A RÚSSIA E A ULTRADIREITA NA EUROPA

As revelações do BuzzFeed News sobre o financiamento de campanha da Liga são as mais recentes indicações de que o Kremlin ajuda a impulsionar partidos de direita ultranacionalista na Europa.

Na França, Marine Le Pen, líder do partido Reunião Nacional (antiga Frente Nacional), obteve empréstimos de €11 milhões (R$ 46,5 milhões) de bancos russos. Ela insiste que as transações não têm fins políticos.

Além disso, as autoridades do Reino Unido investigam a origem dos £8 milhões (R$ 38 milhões) doados pelo empresário Aaron Banks à campanha pela saída britânica da UE no plebiscito sobre o brexit, em junho de 2016. Há suspeitas de que Banks tenha lucrado com investimentos em ouro em diamantes oferecidos pela embaixada da Rússia em Londres.

Já na Áustria, o líder do partido de ultradireita FPÖ, Heinz-Christian Strache, teve de renunciar ao cargo de vice-chanceler em maio após o vazamento de vídeos em que ele discute a concessão de contratos públicos em troca de apoio de campanha da Rússia.

Fora da Europa, o governo russo é acusado de tentar interferir na corrida pela Casa Branca, em 2016, em favor de Donald Trump ao ordenar ataques cibernéticos contra alvos do Partido Democrata.

Em anos recentes, a tensão geopolítica entre governos do Ocidente e Moscou atingiu seu maior nível desde o fim da Guerra Fria, alimentada por sanções econômicas e por desacordos sobre conflitos armados na Ucrânia e na Síria. Esta nova geração de políticos de ultradireita na Europa e nos Estados Unidos é, no geral, favorável ao fim dos embates com a Rússia.

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‘Eu sou Golunov’: imprensa da Rússia se une em defesa de jornalista detido https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/06/10/eu-sou-gulonov-imprensa-da-russia-se-une-em-defesa-de-jornalista-detido/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/06/10/eu-sou-gulonov-imprensa-da-russia-se-une-em-defesa-de-jornalista-detido/#respond Mon, 10 Jun 2019 15:24:56 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/rus-320x213.png https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3142 A prisão de um jornalista investigativo russo na semana passada gerou uma onda de solidariedade e mobilização em defesa da liberdade de imprensa no país.

Ivan Golunov, 36, foi detido na quinta-feira (6) em Moscou sob a acusação de tráfico de drogas e transferido para prisão domiciliar no sábado (8). Caso seja condenado, ele poderá enfrentar penas de até 20 anos de prisão.

A defesa de Golunov, conhecido por investigar casos de corrupção no governo, nega as acusações e diz que ele foi agredido pela polícia enquanto estava sob custódia.

O episódio gerou uma reação inédita da sociedade civil em defesa do jornalismo independente.

Nesta segunda-feira (10), três dos maiores jornais do país –Kommersant, RBK e Vedomosti– estamparam os dizeres “Eu sou/nós somos Ivan Golunov” em suas capas e publicaram editoriais conjuntos pedindo maior transparência no inquérito contra o repórter.

Além disso, uma manifestação em defesa do profissional está sendo convocada para a próxima quarta-feira (12), em Moscou. O protesto não foi autorizado pelas forças de segurança.

IMPRENSA SOB ATAQUE

A situação da liberdade de imprensa na Rússia é crítica. Nos últimos anos, o governo Vladimir Putin aumentou o controle do Kremlin sobre os órgãos de comunicação estatais e intensificou a pressão contra veículos independentes.

Até mesmo o site de notícias para o qual Golunov trabalha, Meduza, decidiu abrir seu escritório na Letônia para tentar escapar de retaliações das autoridades de Moscou.

“A Rússia tem um longo histórico de acusações com motivações políticas contra repórteres independentes”, disse Gulnoza Said, coordenadora do programa para Europa e Ásia Central do Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ), em nota divulgada na semana passada.

“O jornalismo independente é tratado como um crime quando deveria ser visto como um serviço [de interesse] público”, acrescentou.

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Um comediante poderá ser o novo presidente da Ucrânia; entenda https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/04/19/um-comediante-podera-ser-o-novo-presidente-da-ucrania-entenda/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/04/19/um-comediante-podera-ser-o-novo-presidente-da-ucrania-entenda/#respond Fri, 19 Apr 2019 14:12:08 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/zelenski-1-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3087 A Ucrânia irá às urnas neste domingo (21) para escolher seu futuro líder. O favorito para vencer a eleição é Volodimir Zelenski, um comediante conhecido por interpretar justamente o papel de presidente do país em uma série televisiva.

Zelenski, 41, recebeu cerca de 30% dos votos no primeiro turno três semanas atrás –quase o dobro do atual presidente, Petro Porochenko, que busca a reeleição. Pesquisas de opinião indicam que o comediante vencerá o segundo turno com folga.

Entenda as eleições na Ucrânia:

Volodimir Zelenski em imagem de divulgação da série “Servo do Povo” (Crédito: Divulgação)

1. Nestas eleições, a vida imita a arte

Zelenski construiu sua carreira fazendo piadas sobre políticos e ganhou fama graças à série “Servo do Povo”, disponível na Netflix. No programa, ele dá vida a Vasyl Petrovych Holoborodko, um professor de ensino médio que acaba virando o presidente do país do Leste Europeu após um vídeo em que ele aparece reclamando da corrupção viralizar.

No ano passado, o comediante registrou um partido político com o mesmo nome do seriado. Desde que anunciou sua candidatura à Presidência, em janeiro, Zelenski tem ganhado apoio expressivo da população, desbancando figuras tradicionais da política como Porochenko e a ex-primeira-ministra Iulia Timoshenko.

Novato na política fora das telas, Zelenski parece surfar em uma onda de descontentamento popular após anos de crise econômica e sucessivos escândalos de corrupção. Apenas 9% dos ucranianos declaram ter confiança no governo do país, de acordo com pesquisas recentes.

2. Ninguém sabe ao certo quais são as ideias de Zelenski

Fenômeno na televisão e nas redes sociais, Zelenski se ausentou dos espaços tradicionais de campanha. Ele evitou fazer comícios e participar de debates com os demais candidatos, de modo que suas principais ideias e propostas permanecem uma incógnita.

Por um lado, o comediante se opõe às principais forças políticas do país, prometendo aumentar os salários e acabar com a corrupção. Mas ele também parece ser alinhado a Porochenko, no poder há cinco anos, no que diz respeito ao apoio às instituições de poder do Ocidente, como a Otan (aliança militar ocidental) e a União Europeia.

Críticos de Zelenski o acusam de ser financiado por Igor Kolomoiski, um banqueiro bilionário rival Porochenko e dono do canal de TV que exibia a série “Servo do Povo”. O humorista nega ter relações com o empresário.

3. Conflito com a Rússia prejudicou a economia

Parte da insatisfação popular na Ucrânia é um reflexo da situação precária da economia do país desde a anexação da Crimeia pela Rússia, em março de 2014. A parcela da população vivendo na pobreza quase dobrou no período, chegando a 30% em 2018.

O conflito teve início após uma série de protestos derrubar o então presidente, Viktor Yanukovych, que era alinhado ao governo de Moscou. Em resposta, o líder russo, Vladimir Putin, invadiu a Crimeia e deu apoio a grupos separatistas no leste da Ucrânia –mais de 10 mil pessoas morreram na guerra civil, que segue congelada.

A provável vitória de Zelenski nas eleições presidenciais não deverá mudar o status quo do conflito com a Rússia, e alguns críticos veem no comediante uma presa fácil para Putin. Também é incerto se o comediante conseguirá resolver os problemas da população ou se acabará tragado pela onda de insatisfação, como os demais políticos da Ucrânia.

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Envio de jatos russos à Venezuela indica corrida armamentista na América do Sul https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/12/11/envio-de-cacas-russos-a-venezuela-indica-corrida-armamentista-na-america-do-sul/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/12/11/envio-de-cacas-russos-a-venezuela-indica-corrida-armamentista-na-america-do-sul/#respond Tue, 11 Dec 2018 11:55:09 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/12/maduro-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2791 Dois bombardeiros estratégicos russos pousaram nesta segunda-feira (10) na Venezuela para a realização de exercícios militares conjuntos, indicando uma possível corrida armamentista na América do Sul.

Além dos dois aviões –do modelo Tu-160, com capacidade nuclear–, viajaram à Venezuela mais de cem funcionários do governo russo. A delegação foi recebida no aeroporto Simón Bolívar, próximo a Caracas, por oficiais das Forças Armadas venezuelanas.

A demonstração de apoio da Rússia ocorre em um momento de crescente isolamento internacional do regime de Nicolás Maduro. Nos últimos meses, governos da região lançaram especulações sobre uma possível intervenção militar como resposta à crise humanitária na Venezuela.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, criticou o envio dos aviões russos à Venezuela. “Os povos russo e venezuelano devem ver isto pelo que é: dois governos corruptos desperdiçando dinheiro público, suprimindo liberdades enquanto seus povos sofrem”, declarou.

O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, afirmou que os exercícios militares facilitam a troca de experiência com o Exército russo. “Somos construtores da paz, e não da guerra”, disse.

TENSÃO OTAN-MOSCOU NA VIZINHANÇA

A presença militar russa na Venezuela traz para a América do Sul tensões geopolíticas globais. Em junho, a vizinha Colômbia firmou uma parceria com a Otan, tornando-se o primeiro país latino-americano a selar laços com a aliança militar ocidental.

A parceria entre a Venezuela e a Rússia começou a ser forjada em 2005, ainda no período em que Hugo Chávez era presidente (1999 – 2013). Com as sucessivas eleições de governantes de direita na região, inclusive no Brasil com Jair Bolsonaro (PSL), o chavismo perdeu parceiros internacionais importantes e se tornou mais dependente de países como Cuba, Rússia e Turquia.

Na semana passada, Maduro visitou o presidente Vladimir Putin em Moscou e pediu ajuda financeira para conter a crise econômica no país. O ditador venezuelano disse ter atraído até US$ 6 bilhões (R$ 23 bilhões) em investimentos russos nos setores do petróleo e de mineração.

Correção: Aviões do modelo Tu-160 são bombardeiros estratégicos, e não caças, como afirmava o texto original. O post foi corrigido.

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Captura de navios ucranianos pela Rússia eleva tensão na Europa; entenda https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/11/27/captura-de-navios-ucranianos-pela-russia-eleva-tensao-na-europa-entenda/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/11/27/captura-de-navios-ucranianos-pela-russia-eleva-tensao-na-europa-entenda/#respond Tue, 27 Nov 2018 09:00:00 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/11/russia-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2761 A captura de três navios militares ucranianos pela Rússia durante o fim de semana elevou a tensão entre Moscou e potências ocidentais, gerando a convocação de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).

No domingo (25), guardas de fronteira da Rússia abriram fogo contra dois navios de guerra pequenos e um rebocador ucranianos e os capturaram quando tentavam cruzar o estreito de Kerch. Seus 23 tripulantes, incluindo ao menos três militares feridos no incidente, foram detidos.

A Otan, aliança militar ocidental, acusou a Rússia de violar a soberania ucraniana e exigiu que as autoridades do país liberem as embarcações. Até agora, as autoridades russas não deram sinais de que irão ceder.

Entenda o que aconteceu:

  1. Rússia acusa Ucrânia de ‘provocação’

As Forças Armadas da Rússia acusaram a Ucrânia de realizar “provocação”, desrespeitando as regras de convivência e “executando manobras perigosas”. As embarcações haviam partido de Odessa, no Mar Negro, e viajavam para Mariupol, no mar de Azov –a passagem pelo estreito de Kerch é a única forma de transitar pelo mar entre as duas cidades ucranianas.

Um acordo entre a Rússia e a Ucrânia garante a liberdade de circulação de embarcações dos dois países pelo estreito de Kerch, desde que haja aviso prévio. O governo da Ucrânia disse ter comunicado os russos sobre a passagem dos navios, mas Moscou afirma não ter recebido nenhum alerta.

  1. Em resposta, Ucrânia declara lei marcial

Nesta segunda-feira (26), o Parlamento da Ucrânia aprovou uma moção declarando lei marcial por 30 dias a partir de quarta (28) nas províncias que fazem fronteira com a Rússia.

A lei permite que autoridades restrinjam manifestações e controlem os veículos de comunicação nesses territórios. Parlamentares da oposição temem que o presidente Petro Poroshenko use o incidente para suspender as eleições presidenciais marcadas para 31 de março.

  1. Incidente ocorreu próximo à Crimeia, um território disputado

O incidente aconteceu em águas territoriais da Crimeia, península ucraniana anexada pela Rússia em 2014. A anexação não foi reconhecida pela comunidade internacional, que aplicou sanções contra Moscou.

À época, a Rússia decidiu invadir a Crimeia e estimular milícias separatistas no leste ucraniano após uma crise política levar à deposição o então presidente Viktor Yanukovych, um aliado de Moscou, e à instalação de um governo simpático à União Europeia e a Otan. O conflito entre militares ucranianos e os separatistas pró-russos deixou mais de 10 mil mortos.

  1. Exercícios militares recentes alimentaram clima de tensão

Embora o conflito no leste da Ucrânia tenha entrado em um impasse nos últimos anos, exercícios militares recentes reacenderam o clima de tensão entre a Rússia e o Ocidente.

Em setembro, as Forças Armadas da Rússia realizaram, em parceria com a China, seu maior jogo de guerra desde o desmantelamento da União Soviética, em 1991. Por outro lado, os Exércitos dos 29 países que integram a Otan executaram em outubro um grande treinamento na Noruega, próximo à fronteira com a Rússia.

Com o aumento da tensão entre Moscou e o Ocidente, o desafio para as grandes potências é evitar que, em meio a intensas demonstrações de força militar dos dois lados, incidentes pontuais como o deste fim de semana eventualmente escalem para um confronto aberto.

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Vladimir Putin é estrela de novo programa dominical em TV russa https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/09/03/vladimir-putin-e-estrela-de-novo-programa-dominical-em-tv-russa/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/09/03/vladimir-putin-e-estrela-de-novo-programa-dominical-em-tv-russa/#respond Mon, 03 Sep 2018 15:55:25 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/09/putin-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2550 O presidente da Rússia, Vladimir Putin, é a estrela de um novo programa dominical da TV estatal Rossiya 1.

O primeiro episódio do programa “Moscou. Kremlin. Putin” foi ao ar em horário nobre neste domingo (2). Durante uma hora, o programa mostrou as atividades cotidianas do presidente, incluindo seu período de férias em montanhas na Sibéria no mês passado.

O programa não poupou elogios a Putin, exaltando qualidades pessoais do líder russo, como seu amor pelas crianças e sua forma física.

“Putin não ama apenas crianças, ele ama pessoas em geral”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em um trecho do programa sobre a situação dos jovens no país. “Ele é uma pessoa muito humana”.

Sobre as férias do presidente na Sibéria, o porta-voz lembrou que a região é habitada por ursos selvagens. “Há seguranças armados adequadamente, por precaução. Porém, se um urso vir Putin –eles não são idiotas— irá se comportar corretamente”, brincou Peskov.

Reeleito em março com 76,7% dos votos, Putin, 65, tem enfrentado abalos à sua popularidade devido a um projeto de lei que aumentaria a idade mínima para aposentadoria.

Desde que Putin chegou ao poder na Rússia, em 2000, o Kremlin aumentou o controle sobre emissoras públicas, que já dedicam boa parte de sua cobertura ao presidente.

O governo nega influência sobre o novo programa televisivo. Nesta segunda (3), Peskov disse a jornalistas que a produção de “Moscou. Kremlin. Putin” foi ideia da própria emissora, e que o programa foi feito de maneira equilibrada.

 

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Por que Vladimir Putin deu uma bola para Donald Trump? https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/07/17/por-que-vladimir-putin-deu-uma-bola-para-donald-trump/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/07/17/por-que-vladimir-putin-deu-uma-bola-para-donald-trump/#respond Tue, 17 Jul 2018 13:16:10 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Bola-e1531833035731-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2414 A entrevista coletiva de Donald Trump e Vladimir Putin na segunda-feira (16), em Helsinque, foi bastante incomum. O presidente americano, por exemplo, negou que o russo tenha interferido em sua eleição em 2016 — ignorando as investigações levadas a cabo em seu país, que apontam justamente o contrário. Ambos deram sinais, ademais, de uma cordialidade incomum entre os líderes das duas nações que disputam a hegemonia global há décadas. Putin chegou a falar no fim da Guerra Fria. Mas um dos momentos mais interessantes do encontro foi a decisão de Putin de presentear Trump com uma bola de futebol, dias depois de encerrar a Copa do Mundo da Rússia.

– Senhor presidente, eu vou lhe dar esta bola – disse Putin, entregando o objeto esférico a Trump – e agora a bola está na sua quadra.
– Isso vai para o meu filho, Barron – respondeu o americano, e depois lançou o presente à mulher – Na verdade, Melania, aqui está.

A própria Casa Branca publicou a cena em sua conta oficial no Twitter:

Não teria sido tão estranho caso o contexto fosse outro, segundo um texto do jornal americano New York Times, em que a repórter Katie Rogers esmiúça o significado do presente. “Em qualquer outra situação diplomática, poderia ter sido engraçado, mesmo insignificante. Mas, nesse caso, de acordo com analistas e legisladores que assistiram à entrevista coletiva, a bola foi uma metáfora para o quanto Putin conseguiu marcar pontos contra o americano nesse exercício diplomático”, escreve Rogers. Um dos entrevistados dela, Brian Taylor, diz que Trump marcou diversos gols contra durante o encontro com o russo — saiu enfraquecido e foi criticado mesmo por seus aliados.

A frase de Putin de que “a bola está na sua quadra” foi provavelmente um revide pelo que o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, havia dito horas antes do encontro em uma mensagem publicada em uma rede social (“a bola está na quadra dos russos”). O embaixador americano na Rússia, Jon Huntsman Jr., havia dito o mesmo recentemente. A expressão funciona melhor em inglês, em que se diz “the ball is in your court” para sugerir que agora cabe ao outro agir.

Mais tarde, em uma entrevista à rede Fox News, Trump disse que “a bola era muito legal, era realmente muito legal”. Em paralelo, analistas nas redes sociais sugeriam que o objeto pudesse estar grampeado e, portanto, não deveria voar aos EUA — ou ao menos precisaria ser estudado antes. Foi o que disse, aliás, o senador republicano Lindsey Graham. Criticando Trump por não ter sido mais duro com Putin, ele comentou sobre o presente: “Se fosse eu, vasculharia a bola em busca de grampos e nunca permitiria que fosse à Casa Branca”.

A ideia não é tão estapafúrdia. Nas últimas semanas da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a União Soviética presenteou o embaixador americano Averell Harriman com um selo de madeira como um gesto de amizade. O artefato foi entregue por jovens soviéticos e passou sete anos no escritório da residência do diplomata até ser descoberto em 1952 — era um grampo e monitorava as conversas. Esse selo é conhecido até hoje, no jargão da espionagem americana, como A Coisa.

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Por que Macron e o premiê italiano estão citando Dostoiévski? https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/06/06/por-que-macron-e-o-premie-italiano-citaram-dostoievski/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/06/06/por-que-macron-e-o-premie-italiano-citaram-dostoievski/#respond Wed, 06 Jun 2018 10:24:52 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/Dostoievski-e1528274373427-320x213.jpg http://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2279 Nas últimas semanas, dois líderes europeus citaram o escritor russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881): o presidente francês, Emmanuel Macron, e o recém-empossado premiê italiano, Giuseppe Conte. A coincidência foi pescada pela revista americana Atlantic, que se perguntou se “a Europa está passando por um momento Dostoiévski”. Pode ser. A citação explorada por ambos os líderes nos ajuda a entender seu apelo. O escritor russo disse em 1880 que:

Os povos da Europa não têm ideia do quão queridos são para nós. Acredito que nós, os russos futuros, compreenderemos que se transformar em um genuíno russo significa finalmente buscar a reconciliação de todas as controvérsias europeias, demonstrar a solução à ânsia europeia em nossa alma russa tão humanitária e tão unificadora. Sim, o destino russo é de uma maneira incontestável europeu e universal.

Dostoiévski queria, ao proferir essas palavras diante da estátua do lendário poeta russo Pushkin, defender a ideia de um universalismo russo. Como explica a Atlantic, ele conseguiu convencer ambos os bandos daquela época: os defensores de uma identidade eslava e os entusiastas de uma aproximação com o ocidente europeu. “Duas escolas de pensamento que ainda ressoam hoje”, afirma a revista.

Macron –um presidente algo intelectual, afeito a citar filósofos– recuperou esse discurso ao se reunir com o líder russo, Vladimir Putin, no mês passado. “Todos nós temos contradições europeias a resolver com os nossos povos”, disse, acenando a Dostoiévski. Queria, assim, fortalecer a relação entre França e Rússia com base nessa referência.

O presidente francês assumiu o cargo em 2017 com uma retórica bastante dura contra Putin. Sugeriu que o líder russo havia incentivado uma campanha de desinformação durante as eleições do ano passado, por exemplo, e chegou a proibir alguns meios russos de assistir à sua posse no Louvre. Ao mesmo tempo, porém, Macron insistiu desde o início de seu mandato na necessidade de a França se reaproximar da Rússia, nestes anos de atritos entre Moscou e a União Europeia.

Macron e Putin em 25 de maio, em São Petesburgo. Crédito Dmitri Lovetsky/Reuters

Já o italiano Conte manejou o discurso de Dostoiévski de maneira mais atabalhoada diante do Senado, buscando uma mensagem de “elites contra o povo” que não estava no texto original. Ele reclamou dos críticos ao seu governo, que descrevem os partidos reinantes 5 Estrelas e Liga como populistas. “Se ‘populismo’ é a atitude da classe governante para ouvir as necessidades do povo, e aqui me inspiro em Dostoiévski e Pushkin, se ser ‘antissistema’ significa introduzir um novo sistema, então essas forças políticas merecem essa descrição.”

Mas Conte, como Macron, tinha um objetivo em comum ao pinçar a fala de Dostoiévski: sinalizar a abertura de seu país a Moscou, algo prometido durante a campanha do 5 Estrelas e da Liga. Seu governo defende o fim das sanções econômicas contra a Rússia, um gesto em desalinho com a política de aliados como a Alemanha e o Reino Unido.

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5 perguntas sobre o ataque químico na Síria https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/04/18/5-perguntas-sobre-o-suposto-ataque-quimico-na-siria/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/04/18/5-perguntas-sobre-o-suposto-ataque-quimico-na-siria/#respond Wed, 18 Apr 2018 11:26:02 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/Siria-e1524050493120-320x213.jpg http://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2038 Com as acusações de outro ataque químico na Síria, culminando nos recentes bombardeios liderados pelos EUA, vocês Mundialíssimos leitores talvez evoquem uma pergunta legítima: o regime sírio ainda tem um arsenal químico? Afinal, alguns de nós se lembram que a Opaq (Organização para a Proibição de Armas Químicas) recebeu o Nobel da Paz de 2013 devido a seu trabalho de desarmamento químico na Síria.

O debate em torno desse tema é fundamental para os próximos episódios da guerra civil síria, iniciada em 2011, e também influencia as relações entre potências como EUA, Rússia, Irã, França e Reino Unido. Mas o que de fato sabemos sobreo caso? Vejam abaixo cinco pontos:

Douma, na Síria. Crédito Bassam Khabieh/Reuters

DE QUE ATAQUE QUÍMICO ESTAMOS FALANDO?
O ataque em questão — “suposto” porque alguns atores políticos disputam sua veracidade — foi registrado em 7 de abril na cidade síria de Douma, um bastião rebelde. A Organização Mundial da Saúde afirmou que cerca de 500 pessoas foram tratadas por “sinais e sintomas condizentes com a exposição a produtos químicos tóxicos”. Ao menos 43 pessoas morreram devido a essa exposição, segundo a organização. EUA e aliados culpam o regime sírio de Bashar al-Assad.

MAS A SÍRIA AINDA TEM ARMAS QUÍMICAS?
O jornal britânico Guardian fez essa mesma pergunta nesta quarta-feira (18). Após um ataque químico em 2013, a Síria concordou em eliminar seu arsenal. Havia ameaças de um ataque americano, nunca realizado. Uma comissão conjunta entre ONU e Opaq supervisionou a destruição de um estoque de 1.300 mil toneladas. Em 2016, foi declarada a eliminação completa do arsenal. Mas havia já naquela época a suspeita de que 10% dos estoques estivessem escondidos.

QUEM DISCORDA DE QUE A SÍRIA É A CULPADA?
A Rússia tem insistido em que o ataque químico de Douma foi forjado. É a versão na boca de seus porta-vozes e na imprensa controlada por Moscou. Circulam nas redes sociais imagens sugerindo que os vídeos do ataque foram encenados — algo descartado, no entanto, por quem está no terreno na Síria, entre eles, jornalistas e grupos humanitários. A embaixadora do Reino Unido nas Nações Unidas, Karen Pierce, afirmou que as acusações russas são uma “mentira grotesca”.

HÁ REALMENTE ESPAÇO PARA A DÚVIDA?
Depende de a quem vocês perguntarem. Há algum consenso entre potências como EUA e França de que Assad é culpado. Mas diversas vozes alertam alguma cautela. Entre elas, a do jornalista brasileiro Guga Chacra, que escreveu uma coluna ao jornal O Globo sobre como uma ação química de Assad “não tem lógica”. “Para quê, aos 45 do segundo tempo, ele ordenaria um ataque químico cujo único resultado seria provocar os EUA, correndo o risco de ser bombardeado?”

MAS E QUANTO ÀS PROVAS? EXISTEM?
Os EUA e a França dizem ter provas, mas ainda não foram apresentadas evidências concretas relacionando o regime sírio ao ataque. Inspetores da Opaq (Organização para a Proibição de Armas Químicas) tentam agora entrar na região de Douma para recolher informações. A imprensa estatal síria diz que eles já chegaram, mas os EUA negam. Por enquanto, a maior parte das informações é repassada por atores locais.

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