Mundialíssimo https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br Notícias internacionais explicadas tintim por tintim Fri, 24 Jan 2020 11:05:46 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Acusações de racismo dominam campanha eleitoral no Reino Unido https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/11/29/acusacoes-de-racismo-dominam-campanha-eleitoral-no-reino-unido/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/11/29/acusacoes-de-racismo-dominam-campanha-eleitoral-no-reino-unido/#respond Fri, 29 Nov 2019 16:11:31 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/uk-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3485 Faltando menos de duas semanas para os cidadãos do Reino Unido irem às urnas para escolher o próximo primeiro-ministro do país, os principais candidatos têm enfrentado acusações de racismo e intolerância religiosa.

Nos últimos dias, autoridades religiosas criticaram o premiê conservador, Boris Johnson, e o líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, pelo tratamento dispensado aos judeus e muçulmanos.

Intervenções deste tipo no debate eleitoral são incomuns no Reino Unido. Embora o eleitorado esteja dividido sobre os rumos do país em meio ao brexit, as recentes trocas de acusação sugerem que há um temor generalizado em relação ao racismo nos dois lados do espectro político às vésperas das eleições parlamentes de 12 de dezembro.

Em artigo para o jornal The Times, o rabino Ephraim Mirvis, líder judeu ortodoxo britânico, lamentou os incidentes de antissemitismo no Partido Trabalhista e disse que Corbyn é “inapto para ser primeiro-ministro” por “chancelar o veneno desde o topo”.

“A comunidade judaica assistiu com incredulidade enquanto apoiadores da liderança trabalhista perseguiram parlamentares, membros e até funcionários do partido por desafiarem o racismo contra os judeus”, disse Mirvis.

Um grupo de judeus que integra a agremiação diz ter registrado 130 casos de antissemitismo nas fileiras trabalhistas e acusa a liderança de não fazer o suficiente para punir os responsáveis.

Corbyn reagiu às críticas dizendo que o “antissemitismo é errado e vil”. Ele também prometeu “proteger todas as comunidades” religiosas do país caso seja eleito, mas se negou a pedir desculpas aos judeus de seu próprio partido.

Em seguida, um porta-voz do Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha fez coro às críticas de Mirvis contra os trabalhistas, mas acrescentou que o Partido Conservador tem “um problema sério de islamofobia”.

“É bastante claro para muitos muçulmanos que o Partido Conservador tolera a islamofobia, permite que ela se espalhe na sociedade e fracassa em implementar medidas para erradicar esta forma de racismo”, disse o porta-voz.

O premiê Johnson, que já comparou muçulmanas que usam o véu islâmico a “caixas de correio” e “assaltantes de banco”, disse que a islamofobia é “inaceitável” e prometeu abrir um inquérito sobre os casos de discriminação na sua legenda.

PESQUISAS

Segundo uma pesquisa recente do instituto YouGov, 30% dos eleitores acreditam que Johnson é racista, enquanto 41% dizem que ele não é racista. Já 30% afirmam que Corbyn é antissemita, e outros 29% dizem que ele não é antissemita.

Ainda de acordo com o YouGov, o Partido Conservador lidera a corrida eleitoral com 43% das intenções de voto, seguido pelo Partido Trabalhista, que registra 32%. Os centristas do Partido Liberal Democrata têm 13% das intenções de voto, seguidos pelos ultradireitistas do Partido do Brexit, com 4%, e pelos ambientalistas do Partido Verde, com 2%.

Embora estes números indiquem uma vantagem de Johnson para ser reconduzido ao cargo de primeiro-ministro, a porcentagem de votos nas urnas nem sempre reflete a proporção de cadeiras conquistadas por cada partido no Parlamento pois o sistema eleitoral britânico é distrital, e não proporcional.

O resultado do pleito será decisivo para definir os rumos do brexit, aprovado por margem estreita em um plebiscito em junho de 2016. Após ser adiada diversas vezes, a saída britânica da União Europeia foi agendado para 31 de janeiro, mas ainda não há maioria no Parlamento para aprovar o acordo sobre os termos do divórcio negociado entre as autoridades de Londres e de Bruxelas.

]]>
0
Entenda, na medida do possível, o que está acontecendo com o brexit https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/09/04/entenda-na-medida-do-possivel-o-que-esta-acontecendo-com-o-brexit/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/09/04/entenda-na-medida-do-possivel-o-que-esta-acontecendo-com-o-brexit/#respond Wed, 04 Sep 2019 11:06:04 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/09/brexit-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3342 Uma votação no Parlamento britânico na noite de terça-feira (3) complicou a possibilidade de o primeiro-ministro Boris Johnson conduzir um divórcio litigioso entre o Reino Unido e a União Europeia em 31 de outubro. A sessão na Câmara dos Comuns, descrita por alguns dos presentes como “decisiva” e “histórica”, gerou ainda mais incerteza sobre os rumos do brexit.

Os parlamentares decidiram, por 328 votos a 301, retirar do premiê o controle sobre a pauta da Casa legislativa. Agora, a oposição corre contra o tempo para aprovar um projeto de lei que tenta adiar a saída britânica até o ano que vem caso o governo fracasse em obter um novo acordo com as autoridades de Bruxelas antes que o prazo de negociações se esgote.

Aprovado por margem apertada em plebiscito em junho de 2016, o brexit mergulhou o Reino Unido –até então considerado uma das democracias mais estáveis do mundo– em crise política permanente. A poucas semanas da data planejada, ninguém sabe se, como e quando a saída do bloco regional irá ocorrer, e já se fala até em eleições antecipadas no curto espaço de tempo que resta para o país decidir o seu futuro.

Entenda, na medida do possível, o que está acontecendo no Reino Unido:

1. Aliança rebelde humilha premiê, apesar de ameaça de expulsão

Com os parlamentares britânicos de volta do recesso de verão, esta foi a primeira sessão da Câmara dos Comuns desde que Johnson assumiu o cargo de primeiro-ministro, em julho. E foi uma estreia traumática para o novo líder: ele viu 21 correligionários do Partido Conservador apoiarem a moção apresentada pela oposição trabalhista, desafiando as ameaças de expulsão da legenda.

A chamada “aliança rebelde” incluiu figurões da legenda, como Philip Hammond (ex-ministro da Economia) e Sir Nicholas Soames (neto do ex-chanceler Winston Churchill). O grupo reclama que Johnson não apresentou planos factíveis para evitar uma ruptura radical com a UE, que teria consequências desastrosas para a economia do país.

2. Parlamento tenta bloquear brexit sem acordo às vésperas de suspensão

O resultado da votação desta terça-feira dá aos adversários de Johnson uma margem estreita para influenciar os rumos do brexit –o Parlamento tem poucas sessões agendadas até que comece sua suspensão por cinco semanas. Anunciada na semana passada, a interrupção alongada dos trabalhos do Legislativo foi interpretada como uma estratégia do premiê para cercear a voz da oposição no período que antecede a saída do bloco regional.

Os parlamentares deverão votar já nesta quarta-feira (4) um projeto de lei que busca adiar o divórcio com a UE pelo menos até janeiro de 2020, caso o governo fracasse em obter um novo acordo durante uma cúpula com líderes europeus em 17 de outubro. Ainda que seja aprovado na Câmara dos Comuns, o projeto precisará tramitar na Câmara dos Lordes e ser assinado pela rainha Elizabeth 2ª para ter validade.

3. Johnson perde maioria na Câmara e propõe eleições adiantadas

A votação tumultuada desta terça-feira também viu o governo perder a estreita maioria que tinha na Câmara dos Comuns. Enquanto Johnson discursava, o parlamentar conservador Phillip Lee cruzou a sala e se juntou à fileira dos Liberais Democratas, partido centrista que integra a oposição –em sua carta de ruptura, Lee lamentou que seu antigo partido havia sido contaminado pela “doença do populismo”.

Assim, a coalizão de Johnson não tem mais os votos necessários para aprovar projetos no Parlamento. Após ser derrotado, o premiê declarou que iria propor a realização de eleições gerais para que o país decida quem deverá seguir conduzindo as negociações do brexit: ele ou o líder da oposição, Jeremy Corbyn. Especula-se que a votação possa ocorrer já em 15 de outubro, mas, para que um novo pleito seja convocado, pelo menos dois terços dos parlamentares precisam aprovar a dissolução da atual legislatura.

4. Fronteira entre as Irlandas está no centro do impasse

O principal impasse sobre os rumos do brexit envolve o futuro da fronteira que separa a Irlanda do Norte (que integra o Reino Unido) e a República da Irlanda (que seguirá sendo membro da UE). Um brexit litigioso levaria ao restabelecimento de controles alfandegários na região, ignorando a vontade dos habitantes dos dois lados da fronteira e contrariando o Acordo da Sexta-Feira Santa, de 1998, que pôs fim a três décadas de conflito sangrento entre nacionalistas irlandeses e unionistas na Irlanda do Norte.

Para evitar a imposição de uma “fronteira dura” na região, as autoridades de Bruxelas propõem que o Reino Unido siga sendo parte do sistema alfandegário da UE após o brexit até que novas regras de comércio sejam negociadas. Johnson se opõe a esta exigência, conhecida como “backstop”, dizendo que um divórcio litigioso é preferível à manutenção das atuais regras de comércio com o bloco regional. Até agora, porém, Johnson não apresentou alternativas factíveis para resolver o dilema, pondo em risco um dos pilares da paz na Irlanda do Norte.

]]>
0
Quem é Boris Johnson, provável futuro primeiro-ministro do Reino Unido? https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/06/20/quem-e-boris-johnson-provavel-novo-primeiro-ministro-do-reino-unido/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/06/20/quem-e-boris-johnson-provavel-novo-primeiro-ministro-do-reino-unido/#respond Thu, 20 Jun 2019 12:52:15 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/boris-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3170 A poucos meses do esgotamento do prazo para sair da União Europeia, o Reino Unido está prestes a eleger um novo primeiro-ministro.

A troca no poder ocorre após a premiê Theresa May anunciar sua renúncia, em maio. Ela chegou ao cargo em 2016 com a missão de conduzir as negociações do brexit, mas fracassou em conquistar o apoio do Parlamento e se viu forçada a abandonar o cargo precocemente.

O favorito para sucedê-la é Boris Johnson, um dos líderes da ala eurocética do Partido Conservador, principal força política britânica. Para chegar ao poder, ele precisará convencer a maioria de sua agremiação de que está apto para liderar o país.

Saiba quem é Johnson e entenda o processo de escolha do próximo premiê britânico:

1. Johnson lidera rebelião dentro de seu partido

Jornalista de carreira, Johnson, 55, ingressou na política após ser eleito para o Parlamento britânico em 2001. Entre 2008 e 2016, foi prefeito de Londres e, em seguida, virou secretário do Exterior no governo May.

Partidário de uma ruptura radical com a UE, o político conservador liderou uma rebelião dentro de seu próprio partido por discordar da forma como May vinha conduzindo o brexit e decidiu deixar o gabinete em 2018.

Se chegar ao poder, Johnson pretende comprar briga com as autoridades de Bruxelas, mesmo que isso resulte em uma saída litigiosa do bloco regional quando se esgotar o prazo de negociação, em 31 de outubro, com consequências incertas para o futuro do país.

2. Populista, ele é chamado de ‘mini-Trump’

Conhecido por seus arroubos populistas e seu histórico de declarações xenófobas, Johnson é chamado de “mini-Trump” por parte da imprensa europeia. Ele já disse, por exemplo, que o problema da África é que os colonizadores britânicos “não estão mais no comando”, e comparou mulheres que usam o véu islâmico a “assaltantes de banco”.

Na campanha do plebiscito sobre o brexit, em junho de 2016, Johnson mentiu sobre o volume de repasses à UE, insinuando que a saída do bloco permitiria ao governo aumentar os investimentos ao NHS (National Health Service, o SUS britânico). Ele enfrentou questionamentos na Justiça graças ao episódio, mas o processo foi cancelado no início deste mês.

Partidário do liberalismo econômico, é possível que, uma vez no poder, o político conservador contribua para a desestatização do sistema de saúde e para o desmonte da rede de seguridade social.

3. Mesmo eleito, Johnson terá dificuldades para formar governo

No momento, Johnson enfrenta o desafio de correligionários em uma disputa interna pela liderança do Partido Conservador. Ele já deixou a maioria dos concorrentes para trás, mas ainda falta obter o respaldo da maioria dos membros do partido –o resultado deve sair em 22 de julho.

Mas, mesmo que se qualifique para virar primeiro-ministro, Johnson enfrentará dificuldades para formar um governo. Caso prossiga com seus planos de retirar o Reino Unido da UE mesmo sem acordo prévio, poderá desencadear uma reação da ala moderada conservadora e da oposição trabalhista, precipitando a realização de eleições antecipadas.

Além disso, o Partido conservador atualmente depende do apoio do diminuto DUP (Partido Unionista Democrático), da Irlanda do Norte. Sua visão para o brexit pode acabar resultando na imposição de controles alfandegários na fronteira com a República da Irlanda, a contragosto dos habitantes do local e de seus parceiros de coalizão.

Com ou sem Johnson em Downing Street (endereço da residência oficial do primeiro-ministro britânico), a barafunda do brexit deve prosseguir. Conforme este blog Mundialíssimo já disse em março: “O fato é que os políticos britânicos pró-brexit, ao fazerem promessas irrealizáveis e estimularem os piores sentimentos nacionalistas, mergulharam o Reino Unido em crise permanente. Qualquer que seja o desfecho do brexit, o país estará mais fraco e dividido que nunca”.

]]>
0
Acampamentos de ambientalistas param Londres, e polícia prende mil ativistas https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/04/23/acampamentos-de-ambientalistas-param-londres-e-policia-prende-mil-ativistas/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/04/23/acampamentos-de-ambientalistas-param-londres-e-policia-prende-mil-ativistas/#respond Tue, 23 Apr 2019 12:29:05 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/XR-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3093 Um grupo de ativistas britânicos vem ocupando espaços públicos em Londres há mais de uma semana para pressionar as autoridades do país a adotar políticas mais robustas no combate às mudanças do clima.

Os manifestantes montaram acampamentos desde a segunda-feira passada (15) em diversos pontos turísticos da capital britânica, dentre os quais Parliament Square, Marble Arch e Oxford Circus. Alguns ativistas também paralisaram linhas de trem, colando-se aos vagões.

O protesto foi convocado pela organização Extinction Rebellion (rebelião contra a extinção, em português). Em seu website, o grupo pede que o governo britânico decrete uma “emergência climática e ecológica” e se comprometa a “zerar as emissões de carbono” nos próximos anos.

A polícia já prendeu mais de 1.000 ativistas no período, sob a justificativa de que o movimento causa transtornos para a população. Ainda assim, centenas de manifestantes seguem mobilizados, e a paralisação deve seguir até a próxima segunda-feira (29), pelo menos.

O governo da primeira-ministra Theresa May não deu sinais de que atenderá às demandas do grupo, ao mesmo tempo em que pede que os manifestantes voltem para casa.

“Algumas das atividades nas ruas têm impedido as pessoas de ir trabalhar … e se locomover em Londres da maneira correta”, disse na semana passada o secretário do Ambiente, Michael Gove. “Mas nós entendemos o recado e sabemos que ações precisam ser tomadas.”

O apelo das autoridades não comoveu os ativistas. Nesta terça-feira (23), o grupo saiu em protesto pelas ruas da cidade, passando pelo Palácio de Buckingham, residência da rainha Elizabeth 2ª.

“Nós só queremos ser ouvidos … Nós nos esforçamos bastante nas ocupações e ações, agora nós apenas precisamos de algum tipo de resposta do governo”, disse ao jornal The Guardian uma manifestante identificada como Amber, de 23 anos.

“Eles estavam de folga [por causa do feriado da Páscoa], então quem sabe –eles podem voltar e querer reagir do jeito certo, mas eu não estou esperançosa.”

MOVIMENTO AMPLO

Os protestos do Extinction Rebellion se somam a outras iniciativas da sociedade civil pelo clima. Nos últimos meses, estudantes britânicos chamaram atenção ao faltar às aulas às sextas-feiras em protesto pela preservação do ambiente –o movimento, registrado também em outros países, foi inspirado pela estudante sueca Greta Thunberg, de 16 anos.

Um relatório da ONU de outubro destacou que a humanidade tem até 2030 para evitar mudanças irreversíveis no clima. Os principais efeitos de uma catástrofe climática incluiriam secas e ondas de calor recordes, bem como o derretimento acelerados das calotas polares e a elevação dos níveis dos oceanos.

]]>
0
Entenda o Parlamento britânico, palco dos debates do brexit https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/04/12/entenda-o-parlamento-britanico-palco-dos-debates-do-brexit/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/04/12/entenda-o-parlamento-britanico-palco-dos-debates-do-brexit/#respond Fri, 12 Apr 2019 05:00:19 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/parla1-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3068 “Ordem! Ordem!”

Quem assiste aos longos debates sobre o brexit no Parlamento do Reino Unido já se acostumou com os chamados inconfundíveis do presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, para pôr fim à bagunça no plenário.

Mas o caos permanece. Diante da incapacidade dos parlamentares em se decidir sobre os rumos do brexit, aprovado por margem apertada no plebiscito de junho de 2016, a saída da União Europeia segue indefinida.O impasse forçou as partes a adiar mais uma vez o divórcio, que já havia sido postergado para esta sexta-feira (12). Na quarta, líderes europeus resolveram dar aos britânicos mais seis meses para decidirem seu futuro.

De fato, o brexit mergulhou o Reino Unido em sua maior crise desde a Segunda Guerra. O olho do furacão se encontra no Parlamento britânico, que já serviu de inspiração para diversas democracias ao redor do mundo –e hoje está profundamente desacreditado.

Localizado no Palácio de Westminster, em Londres, o Parlamento conta com representantes dos quatro países que integram o Reino Unido: Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte. Assim como o Congresso brasileiro, o Legislativo britânico é bicameral.

A Câmara dos Lordes (correspondente ao Senado Federal) é composta por bispos da Igreja Anglicana e por membros da nobreza que herdaram o cargo ou foram apontados em caráter vitalício pela rainha sob indicação do governo. Atualmente, a casa tem 782 integrantes.

Mas é na Câmara dos Comuns (equivalente à Câmara dos Deputados de Brasília) que está o centro vida política britânica. Cada membro desta câmara representa aproximadamente 72 mil eleitores em um dos 650 distritos do Reino Unido.

As votações distritais ocorrem em um único turno: ganha o candidato que receber mais votos, mesmo que não obtenha o apoio da maioria. O intervalo entre eleições gerais é de cinco anos, mas o pleito pode ser antecipado se o Parlamento assim decidir. A última vez em que os britânicos foram às urnas foi em junho de 2017.

Cabe à Câmara dos Comuns escolher um de seus membros para ocupar o cargo de primeiro-ministro –atualmente, o posto pertence a Theresa May. O premiê, por sua vez, escolhe parlamentares da base governista para formar seu gabinete.

Já o presidente da câmara, ao ser eleito pelos parlamentares, deve pedir desfiliação de seu partido para garantir imparcialidade. Sua função é orientar os debates sem participar deles —e só votar em caso de empate.

A Coroa britânica, representada pela rainha Elizabeth 2ª, exerce um papel simbólico. Na condição de chefe de Estado, a monarca recebe líderes mundiais e tem a prerrogativa constitucional de formar e dissolver governos.

Pelo menos desde a Segunda Guerra, dois partidos alternam-se no poder: o Conservador, que hoje está no governo, e o Trabalhista, que lidera a oposição. O Parlamento conta ainda com outras agremiações diminutas, como os Liberais-Democratas ou o Partido Nacional Escocês.

Tradicionalmente, a oposição organiza um “gabinete nas sombras”. Trata-se de um grupo informal, indicativo de quem assumiria cargos em uma eventual troca de governo.

May, que enfrenta um isolamento crescente entre seus correligionários do Partido Conservador, vem negociando soluções para o impasse do brexit com o líder trabalhista, Jeremy Corbyn.

ARQUITETURA

A sala da Câmara dos Comuns é dividida em duas bancadas, dispostas uma de frente para a outra. À direita do presidente, sentam-se o primeiro-ministro e os parlamentares governistas. Do outro lado, ficam os integrantes da oposição.

A arquitetura do Legislativo britânico produz um ambiente parecido ao de estádios de futebol. Nas arquibancadas, os parlamentares são estimulados a promover debates acalorados, frequentemente interrompidos por gritos e vaias.

Além disso, não há lugares marcados, e a sala é pequena demais para abrigar todos os parlamentares ao mesmo tempo.  São 427 lugares, geralmente, ocupados por quem chega mais cedo. Isso resulta do aumento do número de representantes ao longo dos anos, mas é também uma escolha política.

“Se a câmara for grande o suficiente para abrigar todos seus membros, nove a cada dez debates ocorreriam em uma atmosfera deprimente, com uma câmara quase vazia”, afirmou em 1943 o então primeiro-ministro Winston Churchill.

Na ocasião, os legisladores discutiam o futuro do Parlamento, que fora bombardeado por aviões da Alemanha nazista em 1941. A Câmara dos Comuns passou por reformas antes de ser reaberta, em 1950.

Sinal dos tempos difíceis por que o Reino Unido passa atualmente, o Palácio de Westminster parece estar caindo aos pedaços.

A icônica torre Elizabeth, conhecida pelo nome de um dos sinos em seu interior (Big Ben), está em obras desde 2017 e deverá permanecer envolta por andaimes até 2021. E, na semana passada, a Câmara dos Comuns teve de suspender os trabalhos do dia devido a goteiras.

A primeira-ministra Theresa May discursa na Câmara dos Comuns (Crédito Mark Duffy/UK Parliament/Xinhua)

CURIOSIDADES SOBRE A CÂMARA DOS COMUNS

Orações diárias: A câmara só inicia seus trabalhos após um clérigo da Igreja Anglicana fazer uma oração. A reza ocorre todos os dias em que há sessão, e a tradição dura mais de quatro séculos
Aplausos proibidos: segundo a tradição da câmara, os parlamentares devem se abster de bater palmas para não interromper os discursos. Manifestações orais estão permitida
Mesa: Foi doada pelo Canadá após a destruição da Câmara dos Comuns em bombardeio da Alemanha Nazista em 1941
Bastão cerimonial: objeto data do século 17 e representa a autoridade da Coroa. É levado para a Câmara todos os dias e, sem sua presença, os parlamentares não estão autorizados a legislar
Caixas de despacho: Costumavam ser usadas para carregar documentos, mas agora guardam apenas textos religiosos. Marcam o local onde premiê e líder da oposição devem discursar
Verde: a cor do carpete e dos bancos na Câmara segue tradição de pelo menos 350 anos. Na Câmara dos Lordes é usado o vermelho, cor associada à realeza
Linhas vermelhas no chão: delimitam área onde parlamentares podem discursar. Diz a lenda que o espaço entre as linhas é maior que o comprimento de duas espadas para prevenir dueloss

]]>
0
Equador está prestes a expulsar Assange de embaixada em Londres, diz WikiLeaks https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/04/05/equador-esta-prestes-a-expulsar-assange-de-embaixada-em-londres-diz-wikileaks/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/04/05/equador-esta-prestes-a-expulsar-assange-de-embaixada-em-londres-diz-wikileaks/#respond Fri, 05 Apr 2019 09:34:21 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/assange-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3050 O Equador planeja expulsar Julian Assange de sua embaixada em Londres nas próximas “horas ou dias”, revelou o WikiLeaks na noite desta quinta-feira (4).

O país já teria acertado os detalhes da prisão do ativista australiano com as autoridades do Reino Unido. As informações foram vazadas ao WikiLeaks por um funcionário do alto escalão do governo equatoriano.

Assange vive na embaixada equatoriana em Londres desde 2012 para evitar ser detido e extraditado para a Suécia, onde era investigado por estupro. O processo foi arquivado pela Justiça da Suécia, mas as autoridades britânicas ainda buscam prendê-lo.

O fundador do Wikileaks nega as acusações de estupro e diz ser perseguido por ter vazado milhares de documentos revelando práticas espúrias de diversos governos ao redor do mundo, em especial os Estados Unidos.

(A Folha visitou Assange na embaixada equatoriana em Londres 2015. Você pode ler a entrevista aqui.)

A suposta decisão de revogar o asilo de Assange ocorre após o surgimento de denúncias de corrupção contra o presidente equatoriano, Lenín Moreno.

O escândalo, apelidado de INA Papers, envolveria o pagamento de pelo menos US$ 18 milhões (R$ 70 milhões) em propina à família de Moreno por uma empreiteira chinesa.

O governo nega as acusações, afirmando que elas foram inventadas pelo ex-presidente Rafael Correa e disseminadas por Assange com o intuito de prejudicar Moreno. Em março, o Equador já havia decidido cortar o acesso de Assange à internet.

Na terça-feira (2), o líder equatoriano acusou Assange de “violar repetidamente” as regras de concessão de asilo.

“Não é que ele [Assange] não possa se expressar livremente, mas ele não pode mentir, muito menos hackear contas ou interceptar ligações telefônicas privadas”, declarou Moreno à imprensa equatoriana.

Em dezembro, o jornal New York Times revelou que o governo equatoriano manteve negociações com autoridades americanas sobre a expulsão de Assange em troca do alívio de dívidas.

MORENO VS. CORREA

O debate sobre a revogação do asilo de Assange reflete as disputas de poder travadas no Equador entre Moreno e Correa, seu antecessor.

Moreno foi eleito presidente em abril de 2017, prometendo dar continuidade às políticas de esquerda de Correa. No entanto, após chegar ao poder, Moreno se distanciou de seu padrinho político e forjou alianças com partidos de centro e de direita.

A concessão de asilo a Assange conferiu a Correa credenciais anti-imperialistas em um momento em que a maior parte dos países sul-americanos, inclusive o Brasil, tinha governos identificados com a esquerda.

Sob Moreno, o Equador busca reconfigurar suas alianças com os novos governos de direita na região e com os Estados Unidos.

]]>
0
Com epílogo agonizante, brexit deixará sequelas duradouras no Reino Unido https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/03/29/com-epilogo-agonizante-brexit-deixara-sequelas-duradouras-no-reino-unido/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/03/29/com-epilogo-agonizante-brexit-deixara-sequelas-duradouras-no-reino-unido/#respond Fri, 29 Mar 2019 11:00:48 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/brexit-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3031 O dia 29 de março de 2019 era o horizonte que o Reino Unido tinha diante de si desde o início do processo de saída da União Europeia (UE), aprovado por margem apertada no plebiscito de junho de 2016. Esta sexta-feira era a data marcada para o divórcio entre o Reino Unido e o bloco regional, mas a crise política forçou as partes a adiar o brexit em algumas semanas, no mínimo.

Nos últimos meses, a primera-ministra Theresa May viu derreter seu capital político, e a política conservadora já anunciou que deixará o cargo precocemente após conduzir a saída da UE. Em mais de uma ocasião, May foi incapaz de conquistar uma maioria no Parlamento britânico para fazer avançar o acordo sobre o brexit que ela negociou por mais de dois anos com as autoridades de Bruxelas.

Em vez buscar um plano B, May tentou uma cartada derradeira ao apresentar seu acordo para o brexit em uma terceira votação nesta sexta-feira (29). Conforme era previsto, a primeira-ministra foi derrotada por 344 votos a 286, em mais uma demonstração de seu talento inigualável em insistir em erros do passado.

Os parlamentares britânicos bem que tentaram assumir o controle do processo de saída da UE ao conduzirem, na quarta-feira (27), uma série de votações indicativas –sem efeito legal, portanto— sobre alternativas para o presente impasse político. No entanto, todas as oito opções disponíveis, desde uma saída litigiosa até a suspensão do brexit, passando pela convocação de um novo plebiscito, fracassaram em angariar o apoio da maioria dos parlamentares.

Assim, o epílogo do brexit é uma narrativa agonizante e tediosa, e ninguém sabe ao certo qual será o final da história. Poderemos assistir ao Reino Unido abandonando a UE sem um acordo já em 12 de abril, com consequências econômicas desastrosas para o país. Também não está descartado um adiamento prolongado do brexit, com um novo governo que possa recomeçar o processo de negociação com o bloco regional.

E os debates sobre o brexit não terminam quando o Reino Unido finalmente assinar os papéis do divórcio, pois ainda serão necessários anos de negociação sobre os termos da futura relação com a UE. A maior certeza até aqui é que o brexit deixará sequelas profundas no sistema político e no estado da união do Reino Unido.

A primeira-ministra britânica, Theresa May(Crédito: Oli Scarff – 12.dez.2018/AFP)

POLÍTICA EM DESCRÉDITO

O brexit conta a história da implosão em câmera lenta do Partido Conservador, principal força política do Reino Unido. O plebiscito sobre a permanência na UE não passou de uma aventura populista fracassada do então primeiro-ministro David Cameron, dando poder inédito à ala eurocética da legenda.

Quando assumiu a responsabilidade pela bagunça, May resolveu negociar exclusivamente com os conservadores que queriam uma saída litigiosa da UE, ignorando as demandas da oposição trabalhista e dos 48% da população que desejavam permanecer no bloco regional. Não satisfeitos, os rebeldes conservadores rejeitaram o plano para a saída da UE apresentado por May, impondo ao governo a pior derrota na história do Parlamento em janeiro.

Por outro lado, a posição vacilante da liderança do Partido Trabalhista –que ora sinalizava apoio a um divórcio mais suave, ora defendia a realização de um segundo plebiscito para revogar o brexit– não ajudou em nada. O líder esquerdista do partido, Jeremy Corbyn, havia se qualificado para suceder a May ao obter bons resultados na eleição parlamentar de 2017. No entanto, ao escolher ficar em cima do muro, com medo de perder votos de “leavers” e “remainers”, Corbyn corre o risco de sair com as mãos abandando.

Há algumas semanas, políticos trabalhistas e conservadores abandonaram seus partidos para formar o centrista Grupo Independente. Porém, a iniciativa parece fadada à irrelevância, visto que fracassou em obter o apoio de mais que uma dúzia de parlamentares.

O que resulta da divisão irreparável dos partidos britânicos é o descrédito profundo da política. É sintomático que as principais forças políticas do Reino Unido, à direita e à esquerda, tenham feito vista grossa à gigantesca manifestação por um segundo plebiscito, realizada no sábado (23) –os organizadores contaram mais de um milhão de participantes nas ruas de Londres, no que já é considerado o maior protesto da história do país.

De fato, a maior parte dos eleitores –trabalhistas ou conservadores, tenham eles votado a favor ou contra a saída da UE em 2016– vê o governo e o Parlamento com desgosto. Este caldo de insatisfação pode propiciar o fortalecimento de lideranças populistas de extrema direita, como se viu nos últimos anos em outros países europeus, notadamente na Itália e na França.

UNIÃO EM RISCO

Para além da barafunda política provocada pelo brexit, é a própria integridade territorial do Reino Unido que está em jogo. A estratégia adotada por May para conduzir a saída da UE acabou alienando os eleitorados da Escócia e da Irlanda do Norte, que votaram pela permanência no bloco regional.

Diante das perspectivas de um brexit desordenado, nacionalistas escoceses vêm uma oportunidade para conquistar a independência em relação ao governo de Londres. Os separatistas saíram derrotados de uma votação sobre o tema em 2014, mas pesquisas de opinião indicam que o resultado lhes seria favorável caso um novo plebiscito seja organizado.

A situação mais preocupante, porém, é a da Irlanda do Norte. A derrocada do brexit ameaça reimpor controles alfandegários na fronteira com a República da Irlanda contra a vontade dos habitantes do local. A liberdade de movimento na ilha é um dos pilares do Acordo da Sexta-Feira Santa, de 1998, que pôs fim a três décadas de conflito sangrento entre separatistas e unionistas na Irlanda do Norte.

Para além da questão fronteiriça, May desqualificou o governo de Londres enquanto intermediário neutro entre as forças políticas da Irlanda do Norte ao convidar os unionistas do DUP (Democratic Unionist Party) para compor sua coalizão no Parlamento após o resultado pífio de seu partido na eleição de 2017. Está claro que nenhuma das forças políticas norte-irlandesas pretende voltar às armas, mas o ressurgimento das condições políticas que deram início à violência na região há meio século é um sinal de alerta.

As rachaduras provocadas pelo brexit na união são evidentes, e é possível que ao longo da próxima década vejamos um processo de decomposição do Reino Unido com a saída da Escócia e a reunificação da Irlanda. A relevância histórica deste processo não deve ser subestimada: a última vez em que o governo de Londres perdeu o controle sobre terras nas ilhas britânicas foi na independência da Irlanda, há quase um século.

O fato é que os políticos britânicos pró-brexit, ao fazerem promessas irrealizáveis e estimularem os piores sentimentos nacionalistas, mergulharam o Reino Unido em crise permanente. Qualquer que seja o desfecho do brexit, o país estará mais fraco e dividido que nunca.

Atenção: este post foi atualizado às 11h56 para incluir o resultado da última votação no Parlamento britânico.

]]>
0
Estudantes britânicos paralisam aulas em protesto por ação climática https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/02/15/estudantes-britanicos-paralisam-aulas-em-protesto-por-acao-climatica/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/02/15/estudantes-britanicos-paralisam-aulas-em-protesto-por-acao-climatica/#respond Fri, 15 Feb 2019 14:48:03 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/190215132745-london-climate-strike-exlarge-169-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2937 Milhares de estudantes do Reino Unido faltaram às aulas nesta sexta-feira (15) e foram às ruas protestar por ações mais efetivas contra o aquecimento global.

Segundo os organizadores do movimento, houve paralisações em mais de 60 cidades do país. Na capital, Londres, mais de mil pessoas se reuniram em frente ao Palácio de Westminster, sede do Parlamento britânico.

“Nós [jovens] muitas vezes nos calamos, mas quando o assunto é mudança climática, nós teremos que pagar pelos erros das gerações passadas”, a estudante londrina Cristina, de 15 anos, declarou à emissora BBC. “Isso me deixa muito assustada.”

Entenda a “greve climática” estudantil no Reino Unido:

1. Movimento começou após protestos de aluna sueca

A paralisação no Reino Unido foi inspirada pela estudante sueca Greta Thunberg, 15, que em setembro passou a faltar às aulas às sextas-feiras para protestar em frente ao Parlamento de seu país.

Ela pede que as autoridades respeitem os compromissos assumidos no Acordo de Paris sobre o clima –o documento, firmado em 2015 por mais de 190 países, estabelece metas de emissão de gás carbônico para frear o aquecimento global.

O protesto solitário de Thunberg deu origem a manifestações estudantis pelo clima em diversos países, incluindo Bélgica, Alemanha e Austrália –e, agora, no Reino Unido.

2. Líder do Acordo de Paris declara apoio ao grupo

Cristina Figueres, então funcionária da ONU (Organização das Nações Unidas) que liderou as negociações do Acordo de Paris, declarou apoio à paralisação climática no Reino Unido.

“Chegou a hora de ouvirmos a voz marcante dos jovens e dos estudantes, que estão tão preocupados com seu futuro que precisam fazer greve para nos fazer prestar atenção”, afirmou Figueres, segundo o jornal The Guardian.

Um relatório da ONU de outubro destacou que a humanidade tem até 2030 para evitar mudanças irreversíveis no clima. Os principais efeitos de uma catástrofe climática incluiriam secas e ondas de calor recordes, bem como o derretimento acelerados das calotas polares e a elevação dos níveis dos oceanos.

3. Na contramão do mundo, Brasil pode enfrentar retrocesso ambiental

Visto por muitos anos como referência ambiental entre os países emergentes, o Brasil pode agora enfrentar diversos retrocessos na área.

O presidente Jair Bolsonaro pretende flexibilizar a emissão de licenças ambientais em benefício do agronegócio e de setores extrativistas.

Durante a campanha, o capitão reformado prometeu retirar o Brasil do Acordo de Paris, mas desde sua posse em janeiro o governo tem dado indicações de que permanecerá no pacto.

]]>
0
Fronteira entre as Irlandas é alvo de impasse no brexit; entenda https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/01/30/fronteira-entra-as-irlandas-e-alvo-de-impasse-no-brexit-entenda/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/01/30/fronteira-entra-as-irlandas-e-alvo-de-impasse-no-brexit-entenda/#respond Wed, 30 Jan 2019 04:00:58 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/01/irlanda-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2902 Um dos principais desafios do brexit é decidir o que fazer com a fronteira entre as Irlandas. A Irlanda do Norte é parte do Reino Unido e deverá deixar a União Europeia (UE) em breve, enquanto a República da Irlanda continuará sendo membro do bloco regional.

Assim, a linha imaginária de 500 quilômetros de extensão que divide a ilha passará a ser a única fronteira por terra entre o Reino Unido e a UE. E ninguém sabe ao certo o que acontecerá com esta fronteira, praticamente imperceptível para quem a cruza atualmente, após a saída britânica.

A Folha visitou a região em dezembro e constatou a apreensão dos moradores em ambos os lados da fronteira.

Entenda o impasse envolvendo a fronteira entre as Irlandas:

1. Fronteira surgiu após independência da Irlanda

A fronteira foi desenhada após a Irlanda, majoritariamente católica, conquistar independência do Reino Unido, nos anos 1920. A porção norte da ilha, de maioria protestante, permaneceu sob controle das autoridades de Londres.

As diferenças políticas se mantiveram, e a Irlanda do Norte viu surgirem conflitos entre nacionalistas (favoráveis à reunificação com a Irlanda) e unionistas (partidários da permanência no Reino Unido). A violência deixou mais de 3.600 mortos entre os anos 1960 e 1990.

A situação só foi resolvida em 1998, com a assinatura do Acordo da Sexta-Feira Santa. Ao permitir que nacionalistas tirassem cidadania irlandesa, o tratado pôs fim às hostilidades e promoveu o desmonte dos muros e postos de controle na fronteira.

2. Brexit ameaça livre circulação na fronteira

A saída britânica da UE, marcada para 29 de março, ameaça a estabilidade na fronteira entre as Irlandas verificada nas duas últimas décadas.

Nenhuma das partes quer uma “fronteira dura”, com o restabelecimento de postos de controle, mas a saída da UE deixa poucas alternativas. Para preservar a livre circulação, o Reino Unido precisaria permanecer na união aduaneira e no mercado comum da Europa, o que é rechaçado pelos partidários do brexit.

Outra solução seria criar controles alfandegários no mar entre as ilhas da Grã-Bretanha (Inglaterra, Escócia e País de Gales) e da Irlanda, mas isso prejudicaria a integração da Irlanda do Norte com o restante do Reino Unido.

3. Impasse dá força a movimento por reunificação

A indefinição sobre o futuro da fronteira com a Irlanda contribuiu para a derrota, em votação no Parlamento no dia 15, de um acordo sobre os termos do brexit negociado entre a primeira-ministra Theresa May e as autoridades de Bruxelas.

O impasse dá força ao movimento nacionalista na Irlanda do Norte. A população local votou contra o brexit no plebiscito de junho de 2016 e poderia optar pela reunificação com a Irlanda para permanecer na UE. Pesquisas mostram apoio crescente, mas ainda minoritário, ao divórcio com o Reino Unido.

]]>
0
May evita demissão precoce, mas seu governo e o ‘brexit’ seguem por um fio https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/12/13/may-evita-demissao-precoce-mas-seu-governo-e-o-brexit-seguem-por-um-fio/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/12/13/may-evita-demissao-precoce-mas-seu-governo-e-o-brexit-seguem-por-um-fio/#respond Thu, 13 Dec 2018 09:00:38 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/12/may-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2797 A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, sobreviveu a um voto de desconfiança entre seus correligionários do Partido Conservador nesta quarta-feira (12), evitando uma demissão precoce.

Mas a permanência de May no cargo pelos próximos meses ainda é incerta. Seu futuro depende da aprovação no Parlamento do acordo do “brexit”, que ela vem negociando há meses com a União Europeia (UE) –a oficialização do divórcio está marcada para 29 de março.

Neste quesito, a primeira-ministra vem acumulando derrotas em série. Os termos de saída da UE propostos por May desagradam tanto os partidários do “brexit” quanto aqueles que defendem a permanência no bloco regional.

Entenda a crise política no Reino Unido, e saiba o que esperar nos próximos capítulos:

1. Disputa entre conservadores pode levar à suspensão do ‘brexit’

O resultado do voto de desconfiança desta quarta é agridoce para May. Ainda que ela tenha recebido o apoio de 200 parlamentares conservadores, o suficiente para se manter no poder por ora, 117 correligionários pediram sua degola. A sangria da primeira-ministra reflete um movimento verificado nos últimos meses, em que diversos membros de seu gabinete pediram demissão por discordar dos rumos do “brexit”.

A ala rebelde do Partido Conservador é liderada por políticos mais à direita, como o ex-prefeito londrino Boris Johson, entusiasta de um rompimento radical com a UE. Por outro lado, alguns parlamentares mais ao centro e os defensores da permanência no bloco regional desconfiam da liderança de May devido às condições que ela impôs para o “brexit” –um dos principais pontos de discórdia é o status da fronteira com a Irlanda, que passará a ser a primeira fronteira terrestre com a UE; os termos propostos pela primeira-ministra são incertos quanto à política de controle alfandegário.

Caso o derretimento na base de apoio do governo se mantenha nas próximas semanas, é improvável que May consiga aprovar seu acordo do “brexit” no Parlamento. Isolada, a líder britânica se viu forçada a adiar para janeiro uma votação sobre o tema originalmente agendada para terça passada (11).

No cenário de o Parlamento rejeitar a proposta de May para o “brexit”, o futuro da relação do Reino Unido com a UE permanecerá incerto. É possível que o governo britânico venha a pedir a extensão das negociações com o bloco regional, ou ainda que convoque um novo plebiscito para cancelar o “brexit” –na pior das hipóteses, o Reino Unido poderia sair da UE sem nenhum acordo, o que mergulharia a economia do país no caos.

Boneco que retrata a primeira-ministra britânica, Theresa May, em protesto contra o “brexit” em Londres (Crédito: Frank Augstein/Associated Press)

2. Governo May é marcado por turbulências em série

May assumiu o poder um julho de 2016 com a tarefa de conduzir as negociações do “brexit”, aprovado com 51,9% dos votos em um plebiscito no mês anterior. Tendo prometido estabilidade política, a primeira-ministra vem enfrentando turbulências em série.

A líder britânica viu sua maioria parlamentar ser reduzida em eleições antecipadas que ela mesma convocara, em junho de 2017. Além disso, May teve sua popularidade corroída por crises inesperadas no ano passado, incluindo uma sequência de ataques terroristas no país e o incêndio na torre Grenfell, em Londres, que deixou mais de 70 mortos. No campo econômico, a libra esterlina manteve a tendência de desvalorização verificada desde o plebiscito sobre o “brexit”.

A princípio, o mandato de May dura até 2022, e ela já indicou que deixaria a liderança do Partido Conservador antes das próximas eleições. No entanto, dado o cenário de instabilidade constante decorrente do “brexit”, concluir o mandato integralmente parece uma tarefa hercúlea para May.

O líder do Partido Trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, durante o encontro da sigla em Liverpool (Crédito: Hannah McKay – 26.set.18/Reuters)

3. Oposição conta com naufrágio do ‘brexit’ para adiantar eleições

Enquanto o Partido Conservador se digladia a respeito da permanência de May no cargo, a oposição já se prepara para desferir um novo golpe contra a primeira-ministra. O Partido Trabalhista, principal legenda oposicionista, já indicou que votará contra o acordo sobre o “brexit” proposto pelo governo –os trabalhistas apostam na derrota de May no Parlamento para questionar sua liderança e pedir a convocação de novas eleições.

Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, acredita que o descrédito dos conservadores na condução do “brexit” pode lhe dar vantagem em uma eventual votação antecipada. Ele é o líder trabalhista mais à esquerda das últimas décadas, e sua eleição poderia representar um choque para a política britânica, acostumada com a moderação.

No entanto, a indefinição dos trabalhistas a respeito de uma estratégia para “brexit” pode confundir os eleitores, prejudicando os planos de Corbyn. Enquanto a liderança do partido defende a saída da UE em termos diferentes daqueles apresentados por May, militantes de base pressionam por um novo plebiscito para revogar o divórcio.

4. Divórcio com a UE pode incentivar independência da Escócia

O movimento pela independência da Escócia aguarda pelo desfecho do “brexit” para decidir seus próximos passos –a Escócia, parte do Reino Unido, votou pela permanência na União Europeia no plebiscito de 2016, e seus habitantes estão insatisfeitos com os termos do divórcio com o bloco regional.

Nicola Sturgeon, líder do SNP (Partido Nacional Escocês, na sigla em inglês), espera a oficialização do “brexit” para convocar um novo plebiscito sobre a independência da Escócia. Uma votação em 2014 decidiu pela permanência no Reino Unido, mas pesquisas de opinião sugerem que os escoceses apoiariam a independência caso isso levasse à sua reintegração à UE.

Nesse sentido, os abalos sísmicos do “brexit” se fazem sentir para além da política e da economia, ameaçando a própria integridade territorial do Reino Unido.

]]>
0