Mundialíssimo https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br Notícias internacionais explicadas tintim por tintim Fri, 24 Jan 2020 11:05:46 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Protestos por democracia no Líbano dão lugar à violência sectária; entenda https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/11/27/protestos-por-democracia-no-libano-dao-lugar-a-violencia-sectaria-entenda/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/11/27/protestos-por-democracia-no-libano-dao-lugar-a-violencia-sectaria-entenda/#respond Wed, 27 Nov 2019 19:33:55 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/lebanon-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3477 A escalada dos confrontos sectários em meio às manifestações pró-democracia no Líbano nos últimos dias gera preocupação sobre um possível retorno às divisões que marcaram o país nos anos de guerra civil, há cerca de meio século.

Na noite de domingo (24), integrantes dos movimentos xiitas Hizbullah e Amal atacaram os participantes de um ato no centro Beirute, e os manifestantes revidaram atirando pedras. Nos dias seguintes, os confrontos se espalharam para outras áreas da capital libanesa, deixando dezenas de pessoas feridas.

O Conselho de Segurança das ONU (Organização das Nações Unidas) pediu na segunda-feira (25) que as forças políticas do Líbano “estabeleçam um diálogo nacional intensivo e mantenham o caráter pacífico dos protestos”.

Entenda a escalada da violência nos protestos no Líbano:

1. Manifestações expressam revolta generalizada contra o governo

Os libaneses sofrem há anos com a corrupção dos governantes e com uma economia em frangalhos. A atual onda de protestos explodiu em outubro após o governo anunciar novas tarifas sobre ligações telefônicas feitas pelo WhatsApp e outros aplicativos, equivalentes a R$ 0,83 por dia. 

Após derrubar as tarifas, o governo apresentou um plano de modernização econômica e de combate à corrupção, e o primeiro-ministro Saad Hariri renunciou, sem, contudo, conseguir acalmar as ruas do país. 

As manifestações não têm líderes claros e expressam uma revolta generalizada contra as instituições de poder. Os protestos provocaram a paralisação do Parlamento, que parece incapaz de atender às demandas da população.

“A situação está se encaminhando para uma fase perigosa porque, após quarenta dias de protestos, as pessoas estão começando a se sentir cansadas e frustradas, podendo recorrer a ações fora de controle”, disse Fadia Kiwan, professora da Universidade Saint Joseph em Beirute, à agência de notícias Associated Press.

2. Democracia libanesa se sustenta sobre frágil equilíbrio de poder

O sistema político do Líbano, principal alvo da raiva dos manifestantes, se sustenta sobre um frágil equilíbrio de forças que reflete as divisões sectárias da população: no país há cristãos maronitas, muçulmanos sunitas e xiitas, bem como minorias de drusos, armênios e refugiados palestinos.

As tensões entre os diferentes grupos atingiram seu ápice durante a Guerra Civil Libanesa (1975 – 1990); mais de 120 mil pessoas morreram no período. Após o término do conflito, foi estabelecido um arranjo de poder que perdura até hoje, pelo qual metade das cadeiras do Parlamento devem ser ocupadas por cristãos, e a outra metade por muçulmanos. Além disso, o presidente do país deve ser cristão, enquanto o primeiro-ministro deve ser sunita e o líder do Parlamento, xiita.

Até os últimos episódios de violência, os protestos eram majoritariamente pacíficos e desafiavam a lógica sectária que rege a política libanesa.

“As mobilizações dos últimos dias mostraram o início da emergência de uma nova aliança de classe entre os subempregados, desempregados, trabalhadores e classes médias contra as oligarquias dominantes. Isto é uma ruptura”, escreveu Rima Majed, professora da Universidade Americana de Beirute, para o site Open Democracy.

3. Aliado do Irã, Hizbullah teme ser o próximo alvo da ira popular

A milícia xiita Hizbullah, apontada como um dos grupos responsáveis pelos últimos ataques contra os manifestantes, teme ser o próximo alvo da ira popular. O grupo vê nos planos de reformar o sistema político do país uma ameaça à sua posição de poder; o líder do Hizbullah, Hasan Nasrallah, acusa os manifestantes de atenderem a interesses externos.

Fundado em 1985, em meio à guerra civil, o Hizbullah é uma das principais forças políticas do Líbano e conta com um poderoso braço armado, que opera com independência em relação ao Exército.

Além disso, o Hizbullah é financiado pelo Irã. O regime iraniano vem enfrentando uma onda de protestos em seu próprio país há duas semanas a repressão das forças de segurança já deixou mais de 143 mortos.

“O Hizbullah é visto cada vez mais como parte dos obstáculos para a mudança no Líbano … Para os xiitas libaneses que participam dos protestos, foi um choque por que o Hizbullah fica de guarda para um statu quo que é extremamente corrupto e está levando o país em direção à crise econômica e financeira?”, disse Mohanad Hage Ali, diretor do centro de estudos Carnegie Middle East Center, à revista Foreign Policy.

 

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Caos na Síria e no Iraque aumenta risco de nova ofensiva do Estado Islâmico https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/10/09/caos-na-siria-e-no-iraque-aumenta-risco-de-nova-ofensiva-do-estado-islamico/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/10/09/caos-na-siria-e-no-iraque-aumenta-risco-de-nova-ofensiva-do-estado-islamico/#respond Wed, 09 Oct 2019 13:29:05 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/baghdadi-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3403 Engana-se quem pensava que o Estado Islâmico (EI) estava morto.

Após perder o controle sobre vastos territórios na Síria e no Iraque, o grupo vinha esperando a hora certa para iniciar uma contraofensiva. Novos desenvolvimentos na região nas últimas semanas sinalizam que esta hora pode estar chegando.

Na Síria, as tropas curdas que lideraram a batalha contra o EI foram abandonadas pelos Estados Unidos, e se preparam para uma invasão iminente da Turquia. Anunciada no domingo (6), a decisão do presidente Donald Trump representou um giro na estratégia antiterrorismo americana e lançou incertezas sobre o status de milhares de jihadistas presos na região.

Já no Iraque, uma série de protestos contra o premiê Adil Abdul-Mahdi vem testando os limites do frágil equilíbrio de forças que tem impedido o país de mergulhar em uma nova guerra civil –até a última segunda-feira (7), havia mais de cem manifestantes mortos e 6.000 feridos. É neste caldo de insatisfação popular que o EI costuma encontrar solo fértil.

Fundado em 1999, o EI alcançou seu auge entre 2014 e 2018, quando aproveitou o caos deixado pela guerra civil na Síria e pela retirada das tropas americanas no Iraque para proclamar um califado e inspirar atentados ao redor do mundo.

Foi assim que o EI se tornou a mais poderosa e temida organização terrorista que o mundo já viu, mas uma reação coordenada entre diversos países levou a facção a perder muito de seu poder e prestígio nos últimos anos.

“Existem oportunidades para o EI assentar suas raízes onde quer que a autoridade governamental seja fraca ou inexistente”, escreveu Patrick Cockburn, correspondente do jornal britânico The Independent no Iraque, em abril, poucas semanas após os combatentes do EI serem expulsos do vilarejo de Baghuz, seu último enclave na Síria.

Na ocasião, Cockburn alertou: “O EI foi eliminado enquanto entidade territorial, mas isso não significa que [a facção] perdeu as capacidades de orquestrar atividades de guerrilha e atentados terroristas”.

Também em abril, o líder do EI, Abu Bakr Al-Baghdadi, que muitos governos acreditavam estar morto, apareceu em um vídeo reafirmando sua autoridade sobre a facção e prometendo conduzir sua “jihad (guerra santa) até o fim dos tempos”.

De fato, enquanto resistia à ofensiva de seus inimigos, o EI deslocou muitos de seus combatentes e armamentos para células dormentes em regiões isoladas da Síria e do Iraque, preparando-se para uma nova insurgência.

Além disso, o EI segue contando com uma rede global de financiadores, formada por facções aliadas nas Filipinas, no Afeganistão e na Nigéria, entre outros países.

“A insurgência do EI deverá crescer porque as áreas que perdeu no Iraque e na Síria ainda não estão estáveis ou seguras”, diz um relatório do Institute for the Study of War publicado em julho.

O estudo alertava que o objetivo da facção era “alimentar a desconfiança da população em relação ao governo do Iraque”, e que uma eventual retirada americana da Síria “criaria ainda mais espaço para o ressurgimento do EI”.

Embora seja cedo demais para decretar a volta do EI, o caos na Síria e no Iraque produz as condições necessárias para o retorno do grupo. Baghdadi e seus seguidores não deixarão a oportunidade passar batida.

LEIA MAIS:

Veja a trajetória do Estado Islâmico.

Estado Islâmico volta a ganhar força no Iraque e na Síria.

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A ‘Nova Guerra Fria’ no Oriente Médio está prestes a esquentar? https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/09/23/a-nova-guerra-fria-do-oriente-medio-esta-prestes-a-esquentar/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/09/23/a-nova-guerra-fria-do-oriente-medio-esta-prestes-a-esquentar/#respond Mon, 23 Sep 2019 10:48:17 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/09/saudi-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3376 A “Nova Guerra Fria” no Oriente Médio está prestes a esquentar?

Para Gregory Gause, professor de relações internacionais na Universidade Texas A&M que cunhou o termo para descrever a rivalidade entre a Arábia Saudita e o Irã, as duas potências regionais não têm dado sinais de que buscarão uma confrontação militar direta.

Gause enxerga nas dinâmicas de poder que definem o Oriente Médico contemporâneo elementos do conflito geopolítico que dividiu a região, e o mundo, entre polos antagônicos na segunda metade do século 20.

Assim como Estados Unidos e União Soviética evitavam uma escalada militar que aniquilaria as duas partes, as autoridades de Riad e Teerã não buscam uma guerra direta: em vez disso, competem por hegemonia apoiando facções rivais em países mais fracos da região, como a Síria, o Líbano e o Iêmen.

O que poderia deflagrar um conflito de grande escala seria um ataque dos Estados Unidos contra o Irã, acrescenta o professor, para quem a política americana de “pressão máxima” contra o regime iraniano tem sido um “fracasso”.

“Eu acredito que há espaço para a diplomacia, mas o governo Trump precisará se movimentar para reiniciá-la”, diz Gause por e-mail ao blog Mundialíssimo.

Na conversa, o professor discute as consequências dos ataques de drones contra refinarias de petróleo em Abqaiq e Khuais, na Arábia Saudita, no último dia 14. A Arábia Saudita e os Estados Unidos acusam o Irã de ter orquestrado os ataques; o regime iraniano nega responsabilidade, e diz que eventuais retaliações em seu território conduziriam à “guerra total”.

Leia, abaixo, a entrevista:

Mundialíssimo – Os ataques na Arábia Saudita geraram temores de uma escalada regional contra o Irã. Quais são os riscos de que a “Nova Guerra Fria” do Oriente Médio poderá evoluir para um confronto direto entre a Arábia Saudita e o Irã?

Gregory Gause – Se confronto direto significar um conflito entre Forças Armadas, eu acredito que não. Os iranianos evitam este tipo de ataque direto, conforme indicam suas negativas reiteradas sobre o ataque em Abqaiq. O Exército saudita não tem obtido sucesso no Iêmen. Eu duvido que eles adotariam uma postura ofensiva contra o Irã.

O confronto militar direto mais provável seria entre os Estados Unidos e o Irã, mas eu acredito que a resposta americana se dará nos bastidores.

O governo Trump tem demonstrado apoio contínuo ao regime saudita. O que explica a relação especial entre Washington e Riad? Quais são os possíveis resultados da estratégia de “pressão máxima” da Casa Branca em relação ao Irã?

As relações próximas entre o governo Trump e o saudita não são uma novidade. A maioria dos presidentes americanos teve estas relações, mesmo com altos e baixos. Talvez não tenham sido tão descarados quanto Trump, mas seu estilo é diferente dos governos passados em todos os aspectos. A oposição do Congresso também não é algo novo, mas é mais intensa que no passado, em parte como resposta ao assassinato do jornalista saudita dissidente Jamal Khashoggi.

A política de “pressão máxima” é o que levou ao ataque de Abqaiq. É realmente um fracasso, não levou ao colapso do regime nem à sua rendição na mesa de negociação. Mas o governo Trump não parece ter uma política alternativa em vista. Sua resposta ao ataque em Abqaiq foi ordenar ainda mais sanções, o que torna outro ataque do Irã mais provável.

A saída dos Estados Unidos do acordo nuclear de 2015 levou o regime iraniano a recomeçar seu programa nuclear. O que a comunidade internacional pode fazer para impedir o Irã de obter armas nucleares? Há espaço para a diplomacia?

Eu acredito que há espaço para a diplomacia, mas o governo Trump precisará se movimentar para reiniciá-la. Havia sinais de que Trump estava aberto a conversar, mas o ataque em Abqaiq fez a iniciativa recuar, se é que era de fato uma possibilidade. Os iranianos demonstraram que negociarão sobre este assunto, mas terão cuidado, tendo em vista a saída americana do acordo nuclear em 2018.

O ataque em Abqaiq foi o ataque mais grave contra a infraestrutura petrolífera desde a Guerra do Golfo de 1990-91. O fato de que os preços não foram tão afetados se deu por causa do atual quadro de excesso de oferta. Mas se o Irã perceber que o ataque teve sucesso, poderá ser atraído a buscar ataques similares. Isso traria bastante instabilidade para o mercado de petróleo mundial e para a região do golfo Pérsico.

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Israel e Hizbullah evitam nova guerra, ao menos por enquanto https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/09/02/israel-e-hizbullah-evitam-nova-guerra-ao-menos-por-enquanto/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/09/02/israel-e-hizbullah-evitam-nova-guerra-ao-menos-por-enquanto/#respond Mon, 02 Sep 2019 15:10:58 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/09/israel-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3336 O fim de semana foi de tensão na fronteira entre Israel e Líbano, com a troca de foguetes entre as Forças de Defesa Israelenses e a milícia xiita Hizbullah.

No domingo (1º), o Hizbullah disparou mísseis antitanque contra um veículo militar de Israel, que respondeu lançando dezenas de foguetes contra alvos da milícia no sul do Líbano. Embora não tenham deixado vítimas, as hostilidades causaram pânico dos dois lados da fronteira e geraram o temor de uma escalada militar no Oriente Médio.

O episódio de violência ocorreu uma semana depois de dois drones israeleneses caírem sobre o centro de mídia do Hizbullah na capital libanesa, Beirute, de acordo com as autoridades do país árabe. O presidente Michel Aoun classificou o incidente de “declaração de guerra”, e o líder do Hizbullah, Hassan Nasrallah, disse que Israel “pagaria o preço” pela agressão.

Já o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, declarou estar “preparado para qualquer cenário”, e afirmou que o Exército “decidirá como agir em seguida dependendo de como as coisas se desenrolarem”.

O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) advertiu que as hostilidades “podem levar a um novo conflito” e pediu que as partes envolvidas tenham “calma”. Escaramuças entre os militares israelenses e os combatentes do Hizbullah são comuns, mas os eventos recentes representam a escalada mais grave dos últimos anos.

A fronteira, que é separada por uma zona tampão administrada pela ONU, amanheceu mais silenciosa nesta segunda-feira (2), afastando as perspectivas de uma nova guerra –ao menos por enquanto.

A última vez em que os dois lados se enfrentaram para valer foi entre julho e agosto de 2006, após o Hizbullah sequestrar dois soldados do país vizinho. Na ocasião, Israel invadiu o sul do Líbano, enquanto o Hizbullah disparou mísseis através da fronteira. O conflito terminou após 34 dias com quase 1.200 mortos do lado libanês e mais de 160 mortos em Israel.

Fundado em 1985, em meio à guerra civil no Líbano, o Hizbullah diz atuar em nome dos seguidores do ramo xiita do islã, que formam um dos diversos grupos religiosos país. A sociedade libanesa também é formada por muçulmanos sunitas, cristãos maronitas e drusos, bem como numerosas minorias de refugiados palestinos, sírios e armênios.

O Hizbullah, de orientação islamita, é uma das principais forças políticas no Líbano –seu nome significa “Partido de Deus”. Seu braço armado é independente do Exército libanês e forma um dos grupos armados mais poderosos da região.

Responsável por diversos atentados ao redor do mundo entre as décadas de 1980 e 1990, o Hizbullah é considerado um grupo terrorista por Israel (seu inimigo declarado) e pelos Estados Unidos. O Brasil, que possui uma expressiva comunidade libanesa, não o classifica como tal, mas o governo de Jair Bolsonaro anunciou recentemente que pretende seguir o tratamento dispensado à milícia por seus aliados em Jerusalém e Washington.

A QUESTÃO IRANIANA

Os recentes confrontos entre o Hizbullah e o Exército israelense se inserem em um contexto de crescente rivalidade no Oriente Médio entre o regime iraniano e os países aliados do Ocidente, especialmente Israel e Arábia Saudita.

O Hizbullah é financiado e treinado pelo Irã. Nos últimos anos, a milícia libanesa participou da guerra civil na vizinha Síria ao lado de forças iranianas para ajudar o regime de Bashar al-Assad a derrotar grupos armados da oposição. Assim, o Hizbullah adquiriu novos equipamentos e experiência de batalha.

Israel vê no retorno dos combatentes do Hizbullah ao Líbano e na presença redobrada de agentes iranianos na Síria uma ameaça existencial. Tendo isso em vista, o governo Netanyahu tem agido para deter a expansão da influência militar iraniana na região.

No ano passado, o premiê israelense ajudou a convencer o presidente Donald Trump a retirar os Estados Unidos do acordo nuclear iraniano firmado em 2015, resultando em rigorosas sanções econômicas contra o país persa. Ademais, Israel tem atacado alvos ligados ao regime de Teerã na Síria e no Iraque, além dos bombardeios contra o Hizbullah no Líbano.

Por outro lado, a estratégia israelense de enfrentamento com o Hizbullah também encontra explicações no campo doméstico. Netanyahu parece apostar em um acirramento da disputa com seus inimigos externos para colher dividendos eleitorais no pleito de 17 de setembro. O primeiro-ministro israelense saiu vitorioso das eleições parlamentares de abril, mas seu fracasso em formar uma coalizão o forçou a convocar os eleitores novamente às urnas.

“Se houver algum tipo de reação maior por parte dos iranianos, eu entendo por que Netanyahu veria como isso seria benéfico para ele”, disse Trita Parsi, do think tank americano Quincy Institute for Responsible Statetcraft, à emissora catariana Al Jazeera. “O público israelense provavelmente se mobilizaria em torno da bandeira e seria difícil trocar a liderança no processo … Pode ser exatamente isso o que Netanyahu está buscando”.

As nuvens de guerra parecem ter se dissipado após a mais recente troca de foguetes, mas as raízes políticas da instabilidade na região se mantêm. Episódios como o deste final de semana revelam os limites do frágil equilíbrio de forças que tem protegido o Oriente Médio de uma conflagração de grande escala.

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Disputas entre monarquias do Golfo agravam violência no Iêmen https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/08/29/disputas-entre-monarquias-do-golfo-agravam-violencia-no-iemen/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/08/29/disputas-entre-monarquias-do-golfo-agravam-violencia-no-iemen/#respond Thu, 29 Aug 2019 17:07:12 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/08/iemen-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3332 Novas disputas de poder entre a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, até então aliados estratégicos no Oriente Médio, arriscam abrir novas frentes de batalha na guerra civil no Iêmen, país que vive uma das piores crises humanitárias da atualidade.

As duas monarquias do Golfo Pérsico vinham atuando em conjunto na intervenção militar no Iêmen desde março de 2015. Nas últimas semanas, porém, forças iemenitas apoiadas por Riad e Abu Dabhi passaram a lutar pelo controle da cidade de Áden, deixando dezenas de mortos e feridos.

Os confrontos em Áden opõem as tropas do presidente Abdo Rabbo Mansur Hadi, apoiado pela Arábia Saudita, e as forças Conselho Transitório do Sul (CTS), grupo separatista financiado pelos Emirados Árabes.

As facções vinham lutando lado a lado contra os rebeldes xiitas huthis, que controlam porções do norte do país, mas passaram a guerrear entre si após a morte de Munir “Abu al-Yamama” al-Yafei, comandante do CTS, em um bombardeio em 1º de agosto.

Após semanas de violência, as forças de Hadi anunciaram ter assumido o controle de Áden na quarta-feira (28). O CTS prometeu “vingança” e, nesta quinta (29), um ataque aéreo atribuído aos Emirados Árabes matou pelo menos 30 soldados do regime iemenita, de acordo com as forças de Hadi; as autoridades de Abu Dhabi não se pronunciaram sobre o incidente.

“Nós consideramos os Emirados Árabes inteiramente responsáveis por estes assassinatos extrajudiciais explícitos”, disse em uma rede social o vice-chanceler do governo de Hadi, Mohammad al-Hadrami.

Áden é uma importante cidade portuária no sul do Iêmen, que se tornou capital provisória após o presidente Hadi ser expulso da capital, Sanaa, em meio a uma ofensiva militar dos rebeldes huthis em setembro de 2014.

O avanço dos huthis levou a Arábia Saudita a iniciar uma intervenção militar no Iêmen em março de 2016 junto a outros países da região, inclusive os Emirados Árabes. A Arábia Saudita acusa os huthis de representar os interesses do Irã, seu arqui-inimigo na disputa por hegemonia no Oriente Médio.

SEPARATISMO

Áden é um bastião do movimento separatista encabeçado pelo CTS. A cidade era capital do Iêmen do Sul, país independente governado por um regime socialista que deixou de existir após a reunificação com o Iêmen do Norte em 1990.

As tensões separatistas não foram resolvidas com a reunificação, mas vinham sido abafadas em meio à guerra civil. A escalada da violência em Áden mostra que o problema segue latente, arriscando criar “uma guerra civil dentro da guerra civil no Iêmen”, nas palavras do think-thank americano International Crisis Group.

Ao apoiar forças separatistas no sul do Iêmen, os Emirados Árabes demonstram buscar uma política externa com um maior grau de independência em relação à Arábia Saudita. A escalada dos enfrentamentos em Áden deu origem a especulações sobre uma eventual expulsão dos Emirados Árabes da coalizão internacional que atua no Iêmen.

Enquanto as potências da região se engalfinham pelo controle do Iêmen, a população segue sofrendo. Dezenas de milhares de pessoas morreram desde o início da guerra civil e, de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), mais de 24 milhões de pessoas –cerca de 80% da população do Iêmen– dependem de ajuda humanitária para sobreviver; dentre estas, quase 10 milhões estão à beira da fome.

“À comunidade humanitária internacional: é hora de fazer mais e dizer mais”, disse em nota a ONG Médicos Sem Fronteiras, que oferece atendimento humanitário no Iêmen. “A história vai julgar todos nós, e os iemenitas já o estão fazendo”.

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Há 40 anos: retorno de líder xiita ao Irã selou destino da Revolução Islâmica https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/02/01/ha-40-anos-retorno-de-lider-xiita-ao-ira-selou-destino-da-revolucao-islamica/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/02/01/ha-40-anos-retorno-de-lider-xiita-ao-ira-selou-destino-da-revolucao-islamica/#respond Fri, 01 Feb 2019 13:52:19 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/khomeini-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2912 Há exatos quarenta anos, o aiatolá Ruhollah Khomeini retornava do exílio ao Irã, consagrando-se líder da Revolução Islâmica que mudaria o destino do Oriente Médio.

Na manhã de 1º de fevereiro de 1979, Khomeini pousou no aeroporto Mehrabad, em Teerã, e foi recepcionado por uma multidão de apoiadores. Crítico do regime do xá Reza Pahlevi, o líder xiita, 78, havia passado 15 anos exilado na Turquia, no Iraque e na França.

No dia seguinte, a Folha destacou o acontecimento na capa do jornal. “Quando Khomeini, envolto em suas vestimentas escuras, firme porém visivelmente emocionado, apareceu na porta do avião, a multidão que cercava o aeroporto irrompeu em uma aclamação”, diz a reportagem na página 14 daquela edição.

Capa da Folha de 2 de fevereiro de 1979 destacou retorno de Khomeini ao Irã (Crédito: reprodução/Acervo Folha)

“Após deixar o aeroporto, Khomeini seguiu em carro aberto na direção do cemitério de Behechte Zahra, onde está sepultada a maior parte das vítimas da violência dos últimos meses no Irã … A recepção ao aiatolá contou com cerca de cinco milhões de pessoas e contribuiu para uma avaliação do apoio que Khomeini receberá no Irã”, complementa o texto.

Poucas semanas antes do retorno do aiatolá, Pahlevi havia deixado o país. O monarca, no poder havia quase quatro décadas, estava doente e enfrentava greves e protestos organizados por seguidores de Khomeini, bem como grupos de esquerda e movimentos estudantis.

Após pôr fim a mais de 2.500 anos de monarquia na Pérsia, Khomeini assumiu o cargo de líder supremo da república islâmica –no qual se manteve até a sua morte, em 3 de junho de 1989.

IMPORTÂNCIA HISTÓRICA

A Revolução Islâmica liderada por Khomeini mudaria os rumos do Oriente Médio. O Irã, até então um país subserviente aos Estados Unidos, se tornaria a principal potência revisionista na região, apoiando insurgentes xiitas em outros lugares.

Em reação ao governo de Khomeini, os Estados Unidos apoiaram a invasão do Irã em setembro de 1980 pelo então ditador do Iraque, Saddam Hussein. A guerra entre Irã e Iraque se arrastou até 1988, deixando aproximadamente 1 milhão de mortos.

Atualmente, o Irã é liderado pelo aiatolá Ali Khamenei, sucessor de Khomeini. O regime iraniano é acusado de reprimir dissidentes, além de subjugar mulheres e minorias religiosas. O país é alvo de sanções econômicas dos Estados Unidos, reimpostas após o governo de Donald Trump romper com o acordo de 2015 para pôr limites ao programa nuclear da república islâmica.

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Veja 4 lições dos conflitos no Oriente Médio para a crise na Venezuela https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/01/23/veja-4-licoes-dos-conflitos-no-oriente-medio-para-a-crise-na-venezuela/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/01/23/veja-4-licoes-dos-conflitos-no-oriente-medio-para-a-crise-na-venezuela/#respond Wed, 23 Jan 2019 12:42:23 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/01/vene-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2888 Líderes opositores na Venezuela organizam nesta quarta-feira (23) uma manifestação em Caracas, na expectativa de aumentar a pressão contra o regime do ditador Nicolás Maduro.

Maduro tomou posse no início de janeiro para um segundo mandato presidencial. Países do chamado Grupo de Lima, que inclui o Brasil, não reconhecem a autoridade do líder chavista por considerarem que as eleições presidenciais de maio foram fraudadas.

A Venezuela enfrenta uma grave crise econômica e humanitária. Mais de 3 milhões de pessoas, cerca de 10% da população, fugiram do país nos últimos anos. Enquanto isso, Maduro intensifica a repressão contra dissidentes.

Resolver o impasse na Venezuela é um dos principais desafios da diplomacia na região. A análise de conflitos em outras partes do mundo pode ajudar formuladores de política externa a encontrar saídas para a crise.

Veja quatro lições dos conflitos no Oriente Médio para a crise na Venezuela:

1. Ondas de protestos têm efeitos imprevisíveis

Ainda não se sabe qual será o impacto das manifestações de rua convocadas pela oposição na Venezuela. Nos últimos anos, ondas de protestos violentos foram reprimidas pelas forças de segurança do regime Maduro e terminaram com dezenas de mortos, sem alcançar mudanças expressivas.

No Oriente Médio, as revoltas populares da Primavera Árabe, em 2011, tiveram desfechos diversos. Na Tunísia e no Marrocos, as manifestações levaram a reformas democratizantes, enquanto no Bahrein e, posteriormente, no Egito, houve o recrudescimento de regimes autoritários. Nos piores cenários, os protestos mergulharam a Líbia, a Síria e o Iêmen em guerras civis duradouras.

2. Reconhecer um governo paralelo pode ser uma cilada

A estratégia de alguns governos da América Latina para lidar com a crise na Venezuela passa por reconhecer um governo paralelo encabeçado por Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, controlada pela oposição. Na semana passada, o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, recebeu uma delegação de líderes opositores do país vizinho e, nesta quarta, Araújo se referiu a Maduro como “ex-presidente” da Venezuela.

No princípio do conflito na Síria, potências do Oriente Médio e do Ocidente que rechaçavam o regime de Bashar-al Assad passaram a reconhecer a Coalizão Nacional Síria (CNS) como representante legítima do país. Mas a CNS, formada majoritariamente por opositores no exílio, tinha pouca influência sobre as lideranças locais que organizavam a resistência à ditadura de Assad. O resultado foi a formação de um governo paralelo ineficaz e pouco representativo, de modo que o regime sírio gradualmente recuperou sua legitimidade internacional.

3. Intervenções militares podem agravar crise humanitária

O agravamento da crise na Venezuela levou líderes da região a cogitarem uma intervenção militar para derrubar o regime de Maduro. Embora uma invasão ainda não seja a estratégia oficial de nenhum governo, a proposta segue como uma das opções na mesa. A julgar pelos conflitos no Oriente Médio, intervenções militares tendem a agravar crises humanitárias.

Em 2011, uma intervenção da Otan (aliança militar ocidental) ajudou a depor o regime de Muammar Gaddafi, mergulhando o país na anarquia –atualmente, a Líbia é terreno fértil para grupos terroristas e redes de tráfico de pessoas. Da mesma forma, a intervenção liderada pela Arábia Saudita contra os rebeldes houthis no Iêmen desde 2015 sufoca a população local, provocando crises de fome e cólera –hoje, mais de 20 milhões de pessoas dependem de ajuda humanitária no país, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas).

4. Para ditadores, ter apoio da Rússia pode fazer toda a diferença

Enquanto cresce o isolamento da Venezuela entre governos da América Latina, Maduro estreita seus laços com a Rússia. Em dezembro, o ditador venezuelano visitou o presidente Vladimir Putin em Moscou, onde anunciou o recebimento de ajuda financeira e militar do Kremlin.

Ainda não se sabe até que ponto Putin está disposto a apoiar o regime venezuelano, mas o patrocínio de Moscou pode fazer toda a diferença. Na Síria, a vitória de Bashar al-Assad na guerra civil se deve em grande parte ao apoio da Rússia, que ajudou nos combates a grupos rebeldes e vetou diversas resoluções contra o regime de Assad no Conselho de Segurança da ONU.

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USP disponibiliza livro sobre relações entre Brasil e Oriente Médio https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/11/09/usp-disponibiliza-livro-sobre-relacoes-entre-brasil-e-oriente-medio/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/11/09/usp-disponibiliza-livro-sobre-relacoes-entre-brasil-e-oriente-medio/#respond Fri, 09 Nov 2018 09:00:22 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/11/bandeira-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2715 Em um momento de elevadas expectativas sobre o futuro das relações entre o Brasil com o Oriente Médio, devido à esperada reorientação da política externa sob o governo de Jair Bolsonaro, a USP (Universidade de São Paulo) disponibiliza para download o livro “Brasil e Oriente Médio: o poder da sociedade civil”.

A obra, publicada pelo Instituto de Relações Internacionais da USP, é uma coletânea de artigos acadêmicos escritos por especialistas na região. Os organizadores da edição são os professores Álvaro Vasconcelos, Arlene Clemesha e Feliciano de Sá Guimarães.

“O Brasil pode e deve ter uma presença mais ativa e coerente no Oriente Médio e é a sua sociedade civil que tem melhores condições e capacidades para desempenhar esse papel”, diz a sinopse do livro.

“As relações entre o Brasil e os países árabes mais do que serem vistas numa perspectiva bilateral, devem inserir-se numa lógica de procura de criação de um espaço público mundial.”

Um dos artigos, escrito por Hussein Kalout, secretário-especial da Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo de Michel Temer e ex-colunista da Folha, analisa as perspectivas de transição democrática no mundo árabe.

Outro texto, de Álvaro Vasconcelos, pesquisador ligado à Universidade de Coimbra, argumenta que a imagem positiva do Brasil em países do Oriente Médio favorece iniciativas de cooperação internacional encabeçadas pela sociedade civil.

O livro pode ser acessado aqui.

Observação: o post foi atualizado para corrigir o link para o livro.

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Arábia Saudita quer cavar canal para transformar rival Qatar em ilha https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/09/06/arabia-saudita-quer-cavar-canal-para-transformar-rival-qatar-em-ilha/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/09/06/arabia-saudita-quer-cavar-canal-para-transformar-rival-qatar-em-ilha/#respond Thu, 06 Sep 2018 10:56:51 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/09/mbs-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2558 A Arábia Saudita tem planos para construir um canal ao longo da fronteira com o Qatar, transformando o país rival em uma ilha.

O isolamento geográfico do Qatar se somaria ao embargo econômico e político imposto pelo reino saudita contra seu vizinho.

Em junho de 2017, a Arábia Saudita –seguida por seus parceiros Egito, Bahrein e Emirados Árabes– rompeu relações diplomáticas e econômicas com o Qatar, acusando-o de apoiar o terrorismo e aliar-se ao inimigo Irã. Doha nega as acusações.

O projeto de construção do canal foi anunciado pela primeira vez em abril no site Sabq, associado à família real saudita. Na semana passada, a iniciativa pareceu ganhar fôlego após um conselheiro de Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro do reino, comentar o plano.

“Aguardo impacientemente pelos detalhes da implementação do projeto da ilha de Salwa, um projeto grandioso e histórico que irá mudar a geografia da região”, disse Saud al-Qahtani no Twitter.

O canal, orçado em US$ 750 milhões (cerca de R$ 3,1 bilhões), teria 200 metros de largura e 60 quilômetros de extensão. Além de isolar o Qatar, o canal seria usado para o turismo, e parte da obra abrigaria um depósito de lixo nuclear.

O projeto ainda não foi anunciado oficialmente e não há previsão para o início das obras.

REBELDIA

O isolamento imposto ao Qatar é uma reação da Arábia Saudita ao que vê como atos de rebeldia do país vizinho.

As duas monarquias do Golfo sempre foram próximas, mas nas últimas décadas o Qatar tem buscado independência política, usando sua riqueza derivada de reservas de gás natural para exercer seu poder.

O Qatar, que não é uma potência militar, projeta sua influência no Oriente Médio por meio de sua emissora Al Jazeera e do apoio a grupos políticos como a Irmandade Muçulmana, rival da Arábia Saudita.

O Qatar também usa o esporte para afirmar sua influência: além de possuir grandes times de futebol europeus, como o PSG de Neymar, o país sediará a Copa do Mundo de 2022.

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5 belas respostas às restrições migratórias nos EUA https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2017/02/01/5-belas-respostas-as-restricoes-migratorias-nos-eua/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2017/02/01/5-belas-respostas-as-restricoes-migratorias-nos-eua/#respond Wed, 01 Feb 2017 11:09:06 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2017/02/advogados2-e1485947061625-180x71.jpg http://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=1413 O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, restringiu na sexta-feira (27) a entrada de cidadãos de sete países de maioria muçulmana, incluindo Síria, Iraque e Irã. A medida foi amplamente repudiada por potências internacionais, como a Alemanha e a França. Houve protestos no Reino Unido e uma petição assinada por milhões para que Trump não visite Londres neste ano.

Essa crise, que afeta também o Brasil, não deve ser resolvida no curto prazo. Mas há, entre todas as consequências nefastas, um lado positivo — um sem-fim de manifestações de solidariedade circulando nos últimos dias. Este Mundialíssimo blog escolheu cinco delas, abaixo.

STARBUCKS CONTRATA REFUGIADOS
A rede de café Starbucks anunciou que vai contratar 10 mil refugiados durante os próximos cinco anos em resposta às medidas de Trump. Howard Schultz, CEO da empresa, enviou uma carta aos funcionários no domingo (29) anunciando os esforços de empregar “aqueles que serviram os EUA como intérpretes” em conflitos como o do Iraque. Schultz havia apoiado a candidatura da democrata Hillary Clinton, derrotada nas eleições de novembro.

PREMIÊ CANADENSE DÁ AS BOAS-VINDAS A REFUGIADOS
Justin Trudeau, premiê-celebridade do Canadá, escreveu no Twitter que seu país receberá refugiados a despeito de quem sejam. “Àqueles fugindo de perseguição, terror ou guerra, os canadenses irão dar as boas-vindas a vocês, independentemente de sua fé. A diversidade é a nossa força. #BemVindosAoCanadá”, disse.

ARTISTAS CRITICAM A MEDIDA
Diversos atores e músicos se posicionaram contra a restrição à entrada de muçulmanos nos EUA. Há uma lista com dezenas de mensagens publicadas nas redes sociais. O ator Ewan McGregor, de “Trainspotting” e “Moulin Rouge”, escreveu no Twitter sobre “todas as famílias sírias que conheci no Iraque no ano passado nos desesperados campos de refugiados”. Jennifer Lopez, Julianne Moore, J.K. Rowling e Kim Kardashian também se manifestaram.

ADVOGADOS SE VOLUNTARIAM NOS AEROPORTOS
Centenas de advogados deixaram seus afazeres e se voluntariaram em aeroportos americanos para ajudar refugiados e suas famílias. Há boas reportagens sobre essas histórias, por exemplo, nos jornais “New York Times” e “Washington Post”. As fotografias mostram os profissionais sentados no chão, carregando computadores e improvisando cartazes.

Advogados em um aeroporto americano assessorando migrantes. Crédito Credit Victor J. Blue/"New York Times".
Advogados em um aeroporto americano assessorando migrantes. Crédito Credit Victor J. Blue/”New York Times”.

AIRBNB OFERECE HOSPEDAGEM GRATUITA
A empresa de acomodação AirBnb está disponibilizando alojamento a refugiados e quem mais não puder entrar nos EUA, segundo um anúncio do co-fundador Brian Chesky na rede social Twitter. “Nós devemos apoiar aqueles que foram afetados”, Chesky escreveu, pedindo que solicitações urgentes sejam encaminhadas diretamente a ele. Em uma carta a empregados, o co-fundador disse: “Acredito que vocês deveriam poder viajar e viver em qualquer comunidade no mundo”.

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