Mundialíssimo https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br Notícias internacionais explicadas tintim por tintim Fri, 24 Jan 2020 11:05:46 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Áudios sugerem acordo de caixa dois da Rússia para ultradireita na Itália https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/07/11/audios-sugerem-acordo-de-caixa-dois-da-russia-para-extrema-direita-na-italia/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/07/11/audios-sugerem-acordo-de-caixa-dois-da-russia-para-extrema-direita-na-italia/#respond Thu, 11 Jul 2019 11:59:03 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/07/salvini-320x213.png https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3232 Autoridades da Rússia e da Itália negociaram a transferência de milhões de dólares para o partido do ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, de acordo com áudios de um encontro secreto revelados na quarta-feira (10) pelo site BuzzFeed News.

Os áudios foram gravados durante uma reunião realizada em 17 de outubro no hotel Metropol, em Moscou, entre três aliados de Salvini e três agentes do governo russo não identificados. No encontro de 75 minutos, foram negociados repasses para a legenda de direita ultranacionalista Liga por meio de um acordo bilionário de venda de petróleo, diz a reportagem, assinada pelo jornalista Alberto Nardelli.

O BuzzFeed News estima que a Liga receberia até US$ 65 milhões (R$ 244 milhões), destinados para a campanha do partido nas eleições para o Parlamento Europeu, realizadas em maio. Não está claro se as partes cumpriram o acordo, que viola a legislação eleitoral italiana.

Nos áudios, Gianluca Savoini –um aliado de longa data de Salvini– aparece dizendo: “Queremos mudar a Europa … Uma nova Europa deve ser próxima da Rússia porque queremos ter nossa soberania”.

Por outro lado, os russos que participaram do encontro descrevem Salvini como “Trump europeu”. O ministro do Interior italiano não participou do encontro, mas estava em Moscou naquela data.

Em nota, Salvini refutou as revelações do BuzzFeed News: “Nunca recebi um rublo, um euro, um dólar ou um litro de vodka em doação da Rússia”.

Após a publicação da reportagem, integrantes da oposição italiana protestaram no Parlamento, e dois ex-primeiros-ministros do país, Matteo Renzi e Paolo Gentiloni, se manifestaram a favor da abertura de uma investigação parlamentar sobre as origens do financiamento de campanha da Liga.

Detalhes iniciais da reunião no Metropol já haviam sido expostos em fevereiro pela revista italiana L’Espresso. Na época, um porta-voz de Salvini descreveu as revelações como “fantasias” e “um enredo de ficção”.

Salvini nunca escondeu sua simpatia pelo presidente russo, Vladimir Putin. O líder da ultradireita italiana já declarou não se opor à anexação da península da Crimeia da Ucrânia pela Rússia, em 2014, e pediu o fim das sanções da União Europeia (UE) contra o Kremlin.

Além disso, o ministro do Interior italiano é um crítico ferrenho das instituições decisórias da UE, e um defensor da política de portas-fechadas para imigrantes.

Sob a liderança de Salvini, a Liga passou de uma pequena agremiação regional para uma das maiores forças políticas da Itália, tornando-se um dos expoentes do populismo nacionalista em ascensão na Europa.

A Liga passou a integrar o governo italiano com os populistas do Movimento 5 Estrelas após obter 17% dos votos nas eleições parlamentares de março de 2018. Quatorze meses depois, o partido conquistou 34,5% dos votos nas eleições para o Parlamento Europeu, sua maior vitória nas urnas até aqui.

A RÚSSIA E A ULTRADIREITA NA EUROPA

As revelações do BuzzFeed News sobre o financiamento de campanha da Liga são as mais recentes indicações de que o Kremlin ajuda a impulsionar partidos de direita ultranacionalista na Europa.

Na França, Marine Le Pen, líder do partido Reunião Nacional (antiga Frente Nacional), obteve empréstimos de €11 milhões (R$ 46,5 milhões) de bancos russos. Ela insiste que as transações não têm fins políticos.

Além disso, as autoridades do Reino Unido investigam a origem dos £8 milhões (R$ 38 milhões) doados pelo empresário Aaron Banks à campanha pela saída britânica da UE no plebiscito sobre o brexit, em junho de 2016. Há suspeitas de que Banks tenha lucrado com investimentos em ouro em diamantes oferecidos pela embaixada da Rússia em Londres.

Já na Áustria, o líder do partido de ultradireita FPÖ, Heinz-Christian Strache, teve de renunciar ao cargo de vice-chanceler em maio após o vazamento de vídeos em que ele discute a concessão de contratos públicos em troca de apoio de campanha da Rússia.

Fora da Europa, o governo russo é acusado de tentar interferir na corrida pela Casa Branca, em 2016, em favor de Donald Trump ao ordenar ataques cibernéticos contra alvos do Partido Democrata.

Em anos recentes, a tensão geopolítica entre governos do Ocidente e Moscou atingiu seu maior nível desde o fim da Guerra Fria, alimentada por sanções econômicas e por desacordos sobre conflitos armados na Ucrânia e na Síria. Esta nova geração de políticos de ultradireita na Europa e nos Estados Unidos é, no geral, favorável ao fim dos embates com a Rússia.

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O que resta da nova esquerda europeia após o fracasso do Syriza na Grécia? https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/07/10/o-que-resta-da-nova-esquerda-europeia-apos-o-fracasso-do-syriza-na-grecia/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/07/10/o-que-resta-da-nova-esquerda-europeia-apos-o-fracasso-do-syriza-na-grecia/#respond Wed, 10 Jul 2019 14:26:05 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/07/tsipras-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3227 A derrota da coalizão esquerdista Syriza nas eleições da Grécia sinaliza o esgotamento de um ciclo para as forças progressistas na Europa. No domingo (7), os eleitores gregos decidiram pôr fim ao governo de Alexis Tsipras e escolheram como novo primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis, do partido conservador Nova Democracia.

O líder do Syriza simbolizava uma nova geração de partidos de esquerda radical surgida na Europa após a crise financeira global de 2008. Estas forças nasceram questionando o receituário neoliberal aplicado nas décadas anteriores pelos principais governos do continente –tanto os de centro-direita, como Nikolas Sarkozy na França (2007-2012), quanto os de centro-esquerda, incluindo Tony Blair no Reino Unido (1997-2007).

Além do Syriza na Grécia, ganharam destaque nos últimos anos o Podemos, na Espanha; o trabalhismo radical de Jeremy Corbyn, no Reino Unido; e, mais tarde, a França Insubmissa de Jean-Luc Mélenchon. Mas o Syriza foi a única destas novas forças progressistas que conseguiu chegar ao governo e testar, na prática, a viabilidade das suas ideias radicais.

Quando alcançou o poder, em janeiro 2015, Tsipras prometia pôr fim às políticas de austeridade fiscal que, dizia, vinham sacrificando as camadas mais pobres da população da Grécia. O país fora um dos mais afetados pela crise na Europa.

Galvanizando a insatisfação da população com o aumento da pobreza e do desemprego, o líder do Syriza venceu um plebiscito em julho de 2015, em que 61% dos eleitores gregos disseram “não” às medidas de ajuste econômico exigidas pelas autoridades europeias em troca do alívio da dívida externa da Grécia.

Apesar do respaldo popular, Tsipras fracassou em convencer os fiadores da Troika (grupo formado pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional) de que era possível tirar a Grécia do buraco sem o controle rigoroso dos gastos públicos. Indisposto a romper de vez com o bloco regional, o premiê grego passou nos anos seguintes a aplicar as políticas de austeridade que tanto criticava.

“Ao adotar as medidas de austeridade, o Syriza acabou destruindo sua própria base social, o rico tecido de grupos da sociedade civil de onde havia surgido como partido político”, escreveu o filósofo esloveno Slavoj Zizek em artigo recente no jornal britânico The Independent. “O Syriza é, agora, um partido político como os demais.”

PERDA DE FÔLEGO

A derrota do Syriza na Grécia é apenas mais uma indicação de que as novas forças progressistas na Europa estão perdendo o fôlego. Partidos identificados com a esquerda radical já haviam obtido resultados pífios nas eleições para o Parlamento Europeu, em maio.

Por um lado, a nova esquerda europeia parece ter falhado em convencer a maioria da população de que é possível transformar o modelo econômico vigente na região. Em vez disso, parte do ressentimento da população passou a ser mobilizado por forças de direita nacionalista em ascensão –com destaque para a Liga, na Itália; a União Nacional, na França; o Partido do Brexit, no Reino Unido; a AfD, na Alemanha; e o novato Vox, na Espanha.

Além disso, as forças progressistas do continente deram respostas tímidas ao aumento do fluxo de refugiados, que atingiu um pico em 2015, e à série de atentados terroristas que chacoalhou a região entre 2015 e 2017 –os ataques mais sangrentos ocorreram na França e no Reino Unido, mas também houve eventos trágicos na Bélgica, na Espanha e na Alemanha. Embora imigração e terrorismo não estejam relacionados entre si –a grande maioria dos suspeitos de terrorismo não são estrangeiros, são cidadãos europeus–, a coincidência temporal destes fenômenos ajudou a pôr lenha na fogueira da xenofobia, tão bem instrumentalizada pelos líderes de extrema-direita.

Os sucessivos fracassos eleitorais da nova esquerda europeia não significam sua morte política definitiva. Nos últimos anos, agremiações de esquerda radical passaram a ter peso considerável no sistema partidário de vários países do continente, e nada indica que elas desaparecerão no curto prazo. Mesmo o Syriza continua relevante como segunda maior força política da Grécia.

“Em perspectiva, parece haver uma explicação simples para a ascensão e queda rápida da esquerda radical: seu apelo sempre foi mais negativo que positivo”, escreveu Yascha Mounk, professor de ciência política na Universidade Harvard, em artigo recente na revista americana The Atlantic.

“Após uma grande crise econômica, a esquerda radical teve uma oportunidade rara de ir das margens para o mainstream ao canalizar o sentimento anti-establishment de eleitores comuns. Os últimos anos mostraram que a tarefa de manter a onda de apoio inicial é bem mais complicada do que os defensores mais exaltados destes movimentos admitiam.”

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Carnificina na Líbia reflete fracasso da política migratória da União Europeia https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/07/05/carnificina-na-libia-reflete-fracassos-da-politica-migratoria-europeia/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/07/05/carnificina-na-libia-reflete-fracassos-da-politica-migratoria-europeia/#respond Fri, 05 Jul 2019 13:04:18 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/07/libia-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3203 A última semana foi das mais sangrentas para os refugiados na Líbia, refletindo o fracasso da política de portas fechadas para imigrantes adotada nos últimos anos por países europeus.

Na quarta-feira (4), um navio com mais de 80 migrantes que havia partido do país norte-africano rumo à Europa naufragou próximo à costa da Tunísia, informou a Organização Internacional para Migração (OIM).

Poucas horas antes, na noite de terça-feira (3), um bombardeio havia atingido um campo de detenção de refugiados em Tajoura, na periferia da capital, Trípoli. O ataque deixou ao menos 53 mortos e dezenas de feridos, em uma ação que pode vir a ser julgada como crime de guerra, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).

A Líbia vive em estado de guerra civil desde a deposição do ditador Muammar Gaddafi, em 2011, facilitada por uma intervenção desastrada da Otan (aliança militar ocidental) na esteira dos protestos da Primavera Árabe.

Em meio ao caos, o país passou a receber milhares de pessoas que fogem da pobreza, de conflitos armados e da ameaça de grupos terroristas em outros países do continente, como Chade, Sudão e Nigéria.

Muitos destes migrantes foram até a Líbia na esperança de seguir viagem por barco em busca de asilo na Europa. Mas o destino que lhes aguarda é, na maioria das vezes, tão trágico quanto os horrores de que enfrentavam em seus países de origem.

Quem fica na Líbia arrisca acabar em um dos terríveis campos de detenção, como o que foi bombardeado nesta semana em Tajoura. Os ataques ocorrem em meio a uma ofensiva das tropas do general insurgente Khalifa Haftar, iniciada em abril, sobre a capital, Trípoli.

“Este ataque pode claramente constituir um crime de guerra, pois matou de surpresa pessoas inocentes cuja situação precária as forçou a estar naquele abrigo”, disse em nota Ghassan Salamé, chefe da missão de suporte da ONU para a Líbia (UNSMIL, na sigla em inglês).

Ainda de acordo com a ONU, os sobreviventes do ataque em Tajoura foram alvejados por guardas enquanto tentavam fugir do local. O episódio levou as autoridades líbias a avaliar a possibilidade de fechar os campos de detenção, que atualmente concentram mais de 6.000 migrantes em todo o país. A situação destes locais é precária e, em alguns casos, há leilões de escravos à luz do dia.

TRAVESSIA PERIGOSA

Os migrantes que conseguem escapar da Líbia de barco estão sujeitos a abusos nas mãos de traficantes de pessoas, e arriscam morrer afogados em alto-mar. De acordo com a OIM, mais de 680 pessoas morreram ao tentar atravessar no Mediterrâneo desde o início do ano, incluindo as vítimas do naufrágio de quarta-feira.

“Mais pessoas morrem nas fronteiras da União Europeia do que em qualquer outra fronteira no mundo”, alertou Nick Megoran, professor de geografia política na Universidade de Newcastle, segundo coluna do correspondente Patrick Cockburn no jornal britânico The Independent.

Nos últimos anos, a União Europeia formulou acordos com autoridades da Líbia para conter a fluxo migratório, e suspendeu a maior parte de suas operações de resgate no Mediterrâneo.

Além disso, a Itália, principal ponto de chegada dos migrantes que partem da Líbia, fechou seus portos para estrangeiros e passou a perseguir ONGs que fazem missões de resgate em alto-mar –o governo italiano vinha há anos reclamando da indisposição dos demais países europeus em compartilhar o acolhimento de estrangeiros.

Estas medidas de restrição à imigração lograram reduzir o número de chegadas pelo mar, mas tornaram as travessias no Mediterrâneo ainda mais perigosas e sobrecarregaram os campos de detenção na Líbia.

Os poucos imigrantes e refugiados que chegam à Europa em segurança enfrentam meses, ou até mesmo anos de espera para regularizar sua situação, quando não são deportados de volta aos seus países de origem. E mesmo quem consegue ficar no continente sofre discriminação no dia a dia e tem dificuldades em arrumar trabalho, além de ser demonizado pelos líderes populistas em ascensão na região.

“Observamos um comportamento contraditório dos governos europeus e da União Europeia: enquanto as autoridades admitem que as pessoas não devem ser mandadas de volta para a Líbia, elas conspiram contra as operações de busca e resgate”, disse Joanne Liu, presidente da ONG Médicos Sem Fronteiras, em discurso durante a Conferência Global sobre Migração em Marraquexe, em dezembro.

“Independentemente do motivo que leva pessoas a deixar seus países de origem, elas precisam de proteção contra a violência e a exploração.”

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Um comediante poderá ser o novo presidente da Ucrânia; entenda https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/04/19/um-comediante-podera-ser-o-novo-presidente-da-ucrania-entenda/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/04/19/um-comediante-podera-ser-o-novo-presidente-da-ucrania-entenda/#respond Fri, 19 Apr 2019 14:12:08 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/zelenski-1-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3087 A Ucrânia irá às urnas neste domingo (21) para escolher seu futuro líder. O favorito para vencer a eleição é Volodimir Zelenski, um comediante conhecido por interpretar justamente o papel de presidente do país em uma série televisiva.

Zelenski, 41, recebeu cerca de 30% dos votos no primeiro turno três semanas atrás –quase o dobro do atual presidente, Petro Porochenko, que busca a reeleição. Pesquisas de opinião indicam que o comediante vencerá o segundo turno com folga.

Entenda as eleições na Ucrânia:

Volodimir Zelenski em imagem de divulgação da série “Servo do Povo” (Crédito: Divulgação)

1. Nestas eleições, a vida imita a arte

Zelenski construiu sua carreira fazendo piadas sobre políticos e ganhou fama graças à série “Servo do Povo”, disponível na Netflix. No programa, ele dá vida a Vasyl Petrovych Holoborodko, um professor de ensino médio que acaba virando o presidente do país do Leste Europeu após um vídeo em que ele aparece reclamando da corrupção viralizar.

No ano passado, o comediante registrou um partido político com o mesmo nome do seriado. Desde que anunciou sua candidatura à Presidência, em janeiro, Zelenski tem ganhado apoio expressivo da população, desbancando figuras tradicionais da política como Porochenko e a ex-primeira-ministra Iulia Timoshenko.

Novato na política fora das telas, Zelenski parece surfar em uma onda de descontentamento popular após anos de crise econômica e sucessivos escândalos de corrupção. Apenas 9% dos ucranianos declaram ter confiança no governo do país, de acordo com pesquisas recentes.

2. Ninguém sabe ao certo quais são as ideias de Zelenski

Fenômeno na televisão e nas redes sociais, Zelenski se ausentou dos espaços tradicionais de campanha. Ele evitou fazer comícios e participar de debates com os demais candidatos, de modo que suas principais ideias e propostas permanecem uma incógnita.

Por um lado, o comediante se opõe às principais forças políticas do país, prometendo aumentar os salários e acabar com a corrupção. Mas ele também parece ser alinhado a Porochenko, no poder há cinco anos, no que diz respeito ao apoio às instituições de poder do Ocidente, como a Otan (aliança militar ocidental) e a União Europeia.

Críticos de Zelenski o acusam de ser financiado por Igor Kolomoiski, um banqueiro bilionário rival Porochenko e dono do canal de TV que exibia a série “Servo do Povo”. O humorista nega ter relações com o empresário.

3. Conflito com a Rússia prejudicou a economia

Parte da insatisfação popular na Ucrânia é um reflexo da situação precária da economia do país desde a anexação da Crimeia pela Rússia, em março de 2014. A parcela da população vivendo na pobreza quase dobrou no período, chegando a 30% em 2018.

O conflito teve início após uma série de protestos derrubar o então presidente, Viktor Yanukovych, que era alinhado ao governo de Moscou. Em resposta, o líder russo, Vladimir Putin, invadiu a Crimeia e deu apoio a grupos separatistas no leste da Ucrânia –mais de 10 mil pessoas morreram na guerra civil, que segue congelada.

A provável vitória de Zelenski nas eleições presidenciais não deverá mudar o status quo do conflito com a Rússia, e alguns críticos veem no comediante uma presa fácil para Putin. Também é incerto se o comediante conseguirá resolver os problemas da população ou se acabará tragado pela onda de insatisfação, como os demais políticos da Ucrânia.

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Veja as capas dos jornais britânicos após discurso da premiê Theresa May sobre o brexit https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2017/01/18/veja-as-capas-dos-jornais-britanicos-apos-discurso-da-premie-theresa-may-sobre-o-brexit/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2017/01/18/veja-as-capas-dos-jornais-britanicos-apos-discurso-da-premie-theresa-may-sobre-o-brexit/#respond Wed, 18 Jan 2017 11:36:40 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2017/01/May5-e1484739126506-180x79.jpg http://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=1401 Theresa May, premiê britânica, discursou na terça-feira (17) sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, o famigerado “brexit”. May finalmente apresentou os contornos de como será esse processo traumático, em que o Reino Unido deixará, por exemplo, o mercado único europeu, que reúne 500 milhões de consumidores.

A cobertura da imprensa internacional foi bastante crítica. Mas, no Reino Unido, alguns jornais pareciam exaltar a premiê. Como lembra o diário “Guardian”, a mídia local teve bastante tempo para se preparar, já que o discurso de May foi vazado dias antes. Uma das capas mais icônicas é a do “Daily Mail”, que apresenta a premiê como uma nova Dama de Ferro, referindo-se à ex-premiê Margaret Thatcher. O jornal também diz: “Uma grande nação renasceu”.

Vejam abaixo as capas de alguns desses jornais (há diversas outras nesta cobertura ao vivo).

Capa do "Daily Mail", retratando Theresa May como uma versão de Margaret Thatcher. Crédito Reprodução
Capa do “Daily Mail”, retratando Theresa May como uma versão de Margaret Thatcher. Crédito Reprodução

 

Capa do "Telegraph". "Não ter um acordo é melhor do que um acordo ruim". Crédito Reprodução
Capa do “Telegraph”. “Não ter um acordo é melhor do que um acordo ruim”. Crédito Reprodução

 

Capa do "The Times". "Nos dê um acordo justo ou vocês vão ser esmagados". Crédito Reprodução
Capa do “The Times”. “Nos dê um acordo justo ou vocês vão ser esmagados”. Crédito Reprodução

 

Capa do "Daily Mirror". "Nos dê um acordo, ou vamos embora". Crédito Reprodução
Capa do “Daily Mirror”. “Nos dê um acordo, ou vamos embora”. Crédito Reprodução
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Dizemos o brexit, ou a brexit? Europa discute o sexo da saída britânica https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2016/10/25/dizemos-o-brexit-ou-a-brexit-europa-discute-o-genero-da-saida-britanica/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2016/10/25/dizemos-o-brexit-ou-a-brexit-europa-discute-o-genero-da-saida-britanica/#respond Tue, 25 Oct 2016 11:09:51 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2016/10/brexit-e1477393768822-180x76.jpg http://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=1320 Este Mundialíssimo blog não vem hoje para responder se o “brexit” — o divórcio entre Reino Unido e União Europeia — vai de fato acontecer. Ou como vão ser as negociações durante os próximos anos, com quais resultados. Tampouco importa se o “brexit” vai ser duro ou mole, uma discussão real em andamento no Parlamento britânico.

Este post discute uma questão que, apesar de parecer trivial, tem levado a debates na União Europeia: dizemos “o brexit” ou “a brexit”? O assunto parece especialmente curioso ao jornal britânico “Guardian”, levando-se em conta que a língua inglesa não tem gênero e, portanto, a dúvida não foi levantada por lá.

Por ora, o “brexit” é um menino.  É como o termo tem sido utilizado, por exemplo, na França: le brexit. Isso porque palavras importadas costumam chegar aos franceses no masculino, e também as terminados em “t” (exceto casos como “nuit” e “forêt”). Mas o gênero pode ser provisório, pois a Academia Francesa ainda não se pronunciou sobre a celeuma. Na Espanha o “brexit” é também um señor: el brexit. Pela mesma razão francesa de que empréstimos costumam chegar à língua no masculino. É o mesmo caso do português — esta Folha escreve “o brexit”.

A Alemanha também decidiu-se pelo masculino, mesmo que diversos substantivos terminados em “it” costumem ter gênero neutro nessa língua germânica (“das Fazit”, conclusão, ou “das Dynamit”, dinamite). O “Guardian” supõe que a decisão possa ter sido tomada em relação ao termo “saída”, que em alemão diz-se “der Austritt” e é masculino. “Brexit” vem, afinal, do inglês “exit”, “saída”.

O país do contra, por enquanto, é a Itália. A Accademia della Crusca publicou uma longa explicação sobre por que o “brexit” é uma signora ali. Ainda há, no entanto, debate a respeito das opções: brexit sem artigo; il brexit ou la brexit. Segundo a academia, “exit” significa “uscita”, que é feminino em italiano. Além disso, palavras estrangeiras que descrevem “cenários complexos”, como “aquecimento global”, costumam ser femininas no italiano.

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Quem ganha e quem perde com a desvalorização da libra esterlina? https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2016/10/13/quem-ganha-e-quem-perde-com-a-desvalorizacao-da-libra-esterlina/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2016/10/13/quem-ganha-e-quem-perde-com-a-desvalorizacao-da-libra-esterlina/#respond Thu, 13 Oct 2016 10:00:55 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2016/10/british-pound-coin-e1476349835951-180x56.jpg http://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=1304 A decisão britânica de separar-se da União Europeia, conhecida como “brexit”, deu um chute na cara da libra esterlina. Na quarta-feira (12), a moeda já tinha se desvalorizado 18% em relação ao dólar, na comparação com os índices anteriores ao fatídico referendo de 23 de junho. Enquanto este Mundialíssimo post era escrito, a libra valia 1,1 euro, ou R$ 3,9. Segundo o “Wall Street Journal”, a moeda nunca valeu tão pouco na comparação com a cesta de outras moedas globais, nem mesmo nas agudas crises das décadas passadas.

Na semana passada, a moeda chegou ao ponto baixo de transformar-se em um “meme”. O gráfico de sua relação com o dólar foi comparado com a imagem de um camelo vomitando, um padrão econômico popularizado há alguns anos no mercado do ouro — dois picos, uma queda brusca e um último pico antes de despencar.

Mas, a não ser que vocês leitores tenham recebido o recém-anunciado prêmio Nobel de Economia, provavelmente estão se perguntando: quem ganha e quem perde nesse cenário, e o que a queda da libra significa para mim?

Vamos lá:

PERDEU, PLAYBOY
Segundo o jornal britânico “Guardian”, os motoristas britânicos são um dos derrotados pelo camelo vomitando libras. Há previsão de aumento no custo do combustível, negociado em dólares. Varejistas também serão prejudicados, já que o custo da importação vai aumentar. Viajantes britânicos são outras vítimas da desvalorização da moeda — o câmbio em aeroportos já está trocando um euro por uma libra. Por fim, pensionistas vivendo fora do Reino Unido (são 100 mil só na Espanha) verão suas aposentadorias serem desvalorizadas, com menor poder de compra: no ano passado, as 120 libras semanais valiam 170 euros, mas agora valem 131 euros.

GANHOU!
O infame camelo vomitador beneficia, por outro lado, quem investiu no mercado de ações. O índice FTSE 100 subiu 22% desde as baixas registradas após o resultado do referendo. Exportadores também podem se dar bem, com seus produtos ficando mais baratos no exterior. Vencem, ainda, os estrangeiros que compram propriedade no Reino Unido — o “Guardian” afirma haver aumento nas consultas de investidores chineses, por exemplo.

E EU?
Você talvez não dirija no Reino Unido nem compre ações, muito menos propriedades em Londres. Mas a desvalorização da libra estimula, por exemplo, o intercâmbio. A Folha publicou em julho uma reportagem sobre como já há aumento no interesse por programas no Reino Unido. “Paguei R$ 5.100 pelo curso, com estadia em casa de família e meia pensão, em dez parcelas sem juros”, disse uma bancária. “Há um ano, o mesmo pacote custava cerca de R$ 9.000.”

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5 mapas sobre a crise dos refugiados na Europa https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2016/09/15/5-mapas-sobre-a-crise-dos-refugiados/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2016/09/15/5-mapas-sobre-a-crise-dos-refugiados/#respond Thu, 15 Sep 2016 19:45:33 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2016/09/mapa0-180x59.png http://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=1270 Líderes da União Europeia vão se reunir, na sexta-feira (16), para uma cúpula em Bratislava. Uma das questões mais urgentes para o debate será a crise dos refugiados. A Alemanha quer abrir as portas, a Hungria quer fechá-las, e no meio-tempo centenas de milhares de pessoas vagam pelo continente fugindo da guerra e da pobreza de seus países-natais.

Mais de um milhão de refugiados chegou ao continente entre janeiro de 2015 e março de 2015. Quase metade deles (47%) eram sírios — vindos de um país devastado pela guerra civil desde 2011. Mas onde estão esses refugiados, e como alguém pode ajudá-los?

O Mundialíssimo blog reúne aqui cinco mapas que ajudam a explicar essa crise. No primeiro deles, é possível consultar informações para doar ou se voluntariar. O segundo é uma representação detalhada de como um refugiado vive no norte da França. O terceiro oferece uma perspectiva histórica. O quarto é exemplo de como essas mesmas ferramentas podem servir para prejudicar os refugiados, nas mãos de grupos xenófobos. Por fim, o último mapa traz uma reflexão sobre a própria tarefa de mapear esses campos.

 

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1. MAPA DE VOLUNTÁRIOS E REFUGIADOS
Este projeto mapeia campos de refugiados na Europa e grupos de voluntários. É possível obter informações sobre a condição dos campos e que doações específicas são necessárias. Há detalhes de contato, páginas de Facebook e endereços aos interessados. Os campos são classificados por cor, a partir da urgência de ajuda.

Mapa com informações sobre refugiados e voluntários. Crédito Reprodução
Mapa com informações sobre refugiados e voluntários. Crédito Reprodução

 

2. MAPFUGEES
Mapas detalhados de dois campos no norte da França, Calais e Dunquerque. O projeto é desenvolvido com a ajuda dos próprios refugiados, e contêm informações práticas, como a localização de banheiros. O mapa de Calais, por exemplo, registra com precisão as lojas informais e as mesquitas operando dentro do campo.

Mapa detalhado do campo de Calais, no norte da França. Crédito Reprodução
Mapa detalhado do campo de Calais, no norte da França. Crédito Reprodução

 

3. O PROJETO DOS REFUGIADOS
Projeto que mostra a progressão da crise de refugiados desde 1975. É possível consultar o número de pessoas que saiu de um país específico, e também ver para onde migraram. O mapa também destaca notícias relevantes que agravaram a situação humanitária, incrementando o fluxo de refugiados no período.

Projeto registra fluxo de refugiados desde 1975. Crédito Reprodução
Projeto registra fluxo de refugiados desde 1975. Crédito Reprodução

 

4. SEM REFUGIADOS NO MEU QUINTAL
O nome deste mapa, “Kein Asylantenheim in meiner Nachbarschaft”, pode ser traduzido como “sem centros de refugiados no meu quintal”. Há informações sobre a localização de refugiados ao redor da Alemanha. Segundo a rede alemã DW, o projeto tem vínculos com grupos neo-nazistas. O Mundialíssimo prefere não disponibilizar o link.

Mapa ligado a grupo neo-nazista, com localização de refugiados. Crédito Reprodução
Mapa ligado a grupo neo-nazista, com localização de refugiados. Crédito Reprodução

 

5. CARTOGRAFIA DO CONTROLE
O arquiteto Shahed Saleem mapeou o campo de refugiados de Calais, no norte da França, em um projeto artístico exibido no Projeto Museu de Migração. O primeiro objetivo de Saleem era registrar a variedade humana e as micro-relações estabelecidas no local. Mas, com a convicção de que o próprio ato de mapear está relacionado ao projeto colonialista, ele decidiu mapear o campo a partir de suas percepções subjetivas. Clique aqui e aqui se estiver interessado nesse debate.

Projeto do arquiteto Shahed Saleem. Crédito Divulgação
Projeto do arquiteto Shahed Saleem. Crédito Reprodução
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