Mundialíssimo https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br Notícias internacionais explicadas tintim por tintim Fri, 24 Jan 2020 11:05:46 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Dois anos após genocídio, refugiados rohingyas temem retorno a Mianmar https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/08/26/dois-anos-apos-genocidio-refugiados-rohingyas-temem-retorno-a-mianmar/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/08/26/dois-anos-apos-genocidio-refugiados-rohingyas-temem-retorno-a-mianmar/#respond Mon, 26 Aug 2019 12:10:20 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/08/rohingya-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3325 Os refugiados da minoria étnica rohingya que vivem em Bangladesh têm resistido aos esforços do governo do país para que retornem a Mianmar, temendo a continuidade da violência das Forças Armadas que os levou a fugir de suas casas dois anos atrás.

Em agosto de 2017, militares birmaneses iniciaram uma campanha de ataques aos rohingyas no Estado de Rakhine, no oeste do país. Em meio à onda de massacres e estupros, mais de 10 mil pessoas foram mortas e dezenas de vilarejos foram demolidos.

A violência, que foi classificada de genocídio pela ONU (Organização das Nações Unidas), forçou mais de 700 mil pessoas a fugir para Bangladesh.

Reclamando da superlotação de campos de refugiados improvisados, as autoridades de Bangladesh deram início na semana passada a um programa de repatriação voluntária de rohingyas. O governo de Mianmar havia aceitado receber de volta mais de 3.000 pessoas.

Até agora, porém, nenhum dos refugiados aceitou voltar para seu país de origem, de acordo com a agência de refugiados da ONU. Uma primeira tentativa de repatriação, em novembro, também havia fracassado.

“Me perguntaram se eu queria voltar para Mianmar, mas eu disse que não”, afirmou o refugiado Noor Hossain à emissora catariana Al Jazeera.

“Me perguntaram o porquê, e eu lhes contei que casas foram queimadas, nossos familiares foram estuprados e mortos. É por isso que nós sofríamos tanto e viemos para cá. Como podemos voltar sem saber se estaremos seguros?”

DISCRIMINAÇÃO ROTINEIRA

Muçulmanos em um país de maioria budista, os rohingyas sofrem discriminação rotineira em Mianmar. Integrantes da minoria étnica sofriam com a violência das Forças Armadas, conhecidas como Tatmadaw, muito antes da ofensiva iniciada em 2017.

A lei de cidadania do país reconhece 135 etnias, mas exclui os rohingyas, embora vivam no Sudeste Asiático há gerações. Tratados como imigrantes clandestinos de origem bengali, eles não têm acesso a saúde, educação, mobilidade e outros direitos básicos.

As autoridades de Mianmar rejeitam as acusações de violação dos direitos humanos, e dizem que as ações do Exército se limitam ao combate a grupos armados insurgentes em Rakhine e outras partes do país.

O drama dos rohingyas fez crescer a pressão internacional contra a líder de Mianmar, Aung San Suu Kyi. Ela, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1991 por sua luta por democracia no país, tem sido criticada por estimular o nacionalismo budista enquanto se cala diante da violência do Exército contra a população.

“Quando é que os governos estrangeiros, que dizem se importar com os direitos humanos, … irão tomar ações contra os perpetradores de um genocídio dos dias modernos em Mianmar?”, escreveu Mehdi Hassan, colunista do site The Intercept, em texto intitulado “Chegou a hora de indiciar Aung San Suu Kyi por genocídio contra os rohingyas em Mianmar”.

“A recusa em impor sanções contra Suu Kyi … não é só um insulto contra os milhares de refugiados rohingyas, em Bangladesh e outros lugares, que esperam algum tipo de responsabilização. Isso põe em perigo as outras minorias de Mianmar, como os cristãos kachin no norte, que também têm sido alvo da violência e do terror da Tatmadaw nos últimos anos.”

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Carnificina na Líbia reflete fracasso da política migratória da União Europeia https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/07/05/carnificina-na-libia-reflete-fracassos-da-politica-migratoria-europeia/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/07/05/carnificina-na-libia-reflete-fracassos-da-politica-migratoria-europeia/#respond Fri, 05 Jul 2019 13:04:18 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/07/libia-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3203 A última semana foi das mais sangrentas para os refugiados na Líbia, refletindo o fracasso da política de portas fechadas para imigrantes adotada nos últimos anos por países europeus.

Na quarta-feira (4), um navio com mais de 80 migrantes que havia partido do país norte-africano rumo à Europa naufragou próximo à costa da Tunísia, informou a Organização Internacional para Migração (OIM).

Poucas horas antes, na noite de terça-feira (3), um bombardeio havia atingido um campo de detenção de refugiados em Tajoura, na periferia da capital, Trípoli. O ataque deixou ao menos 53 mortos e dezenas de feridos, em uma ação que pode vir a ser julgada como crime de guerra, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).

A Líbia vive em estado de guerra civil desde a deposição do ditador Muammar Gaddafi, em 2011, facilitada por uma intervenção desastrada da Otan (aliança militar ocidental) na esteira dos protestos da Primavera Árabe.

Em meio ao caos, o país passou a receber milhares de pessoas que fogem da pobreza, de conflitos armados e da ameaça de grupos terroristas em outros países do continente, como Chade, Sudão e Nigéria.

Muitos destes migrantes foram até a Líbia na esperança de seguir viagem por barco em busca de asilo na Europa. Mas o destino que lhes aguarda é, na maioria das vezes, tão trágico quanto os horrores de que enfrentavam em seus países de origem.

Quem fica na Líbia arrisca acabar em um dos terríveis campos de detenção, como o que foi bombardeado nesta semana em Tajoura. Os ataques ocorrem em meio a uma ofensiva das tropas do general insurgente Khalifa Haftar, iniciada em abril, sobre a capital, Trípoli.

“Este ataque pode claramente constituir um crime de guerra, pois matou de surpresa pessoas inocentes cuja situação precária as forçou a estar naquele abrigo”, disse em nota Ghassan Salamé, chefe da missão de suporte da ONU para a Líbia (UNSMIL, na sigla em inglês).

Ainda de acordo com a ONU, os sobreviventes do ataque em Tajoura foram alvejados por guardas enquanto tentavam fugir do local. O episódio levou as autoridades líbias a avaliar a possibilidade de fechar os campos de detenção, que atualmente concentram mais de 6.000 migrantes em todo o país. A situação destes locais é precária e, em alguns casos, há leilões de escravos à luz do dia.

TRAVESSIA PERIGOSA

Os migrantes que conseguem escapar da Líbia de barco estão sujeitos a abusos nas mãos de traficantes de pessoas, e arriscam morrer afogados em alto-mar. De acordo com a OIM, mais de 680 pessoas morreram ao tentar atravessar no Mediterrâneo desde o início do ano, incluindo as vítimas do naufrágio de quarta-feira.

“Mais pessoas morrem nas fronteiras da União Europeia do que em qualquer outra fronteira no mundo”, alertou Nick Megoran, professor de geografia política na Universidade de Newcastle, segundo coluna do correspondente Patrick Cockburn no jornal britânico The Independent.

Nos últimos anos, a União Europeia formulou acordos com autoridades da Líbia para conter a fluxo migratório, e suspendeu a maior parte de suas operações de resgate no Mediterrâneo.

Além disso, a Itália, principal ponto de chegada dos migrantes que partem da Líbia, fechou seus portos para estrangeiros e passou a perseguir ONGs que fazem missões de resgate em alto-mar –o governo italiano vinha há anos reclamando da indisposição dos demais países europeus em compartilhar o acolhimento de estrangeiros.

Estas medidas de restrição à imigração lograram reduzir o número de chegadas pelo mar, mas tornaram as travessias no Mediterrâneo ainda mais perigosas e sobrecarregaram os campos de detenção na Líbia.

Os poucos imigrantes e refugiados que chegam à Europa em segurança enfrentam meses, ou até mesmo anos de espera para regularizar sua situação, quando não são deportados de volta aos seus países de origem. E mesmo quem consegue ficar no continente sofre discriminação no dia a dia e tem dificuldades em arrumar trabalho, além de ser demonizado pelos líderes populistas em ascensão na região.

“Observamos um comportamento contraditório dos governos europeus e da União Europeia: enquanto as autoridades admitem que as pessoas não devem ser mandadas de volta para a Líbia, elas conspiram contra as operações de busca e resgate”, disse Joanne Liu, presidente da ONG Médicos Sem Fronteiras, em discurso durante a Conferência Global sobre Migração em Marraquexe, em dezembro.

“Independentemente do motivo que leva pessoas a deixar seus países de origem, elas precisam de proteção contra a violência e a exploração.”

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Na Itália de Salvini, proporção de migrantes mortos em alto-mar dispara https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/07/02/na-italia-de-salvini-proporcao-de-migrantes-mortos-em-alto-mar-dispara/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/07/02/na-italia-de-salvini-proporcao-de-migrantes-mortos-em-alto-mar-dispara/#respond Tue, 02 Jul 2019 12:28:35 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/07/boat-320x213.png https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3195 A Itália não quer mais saber de imigrantes.

O país é um dos principais pontos de desembarque para os milhares de migrantes e refugiados que cruzam o Mediterrâneo em busca de melhores condições de vida na Europa.

Embora o número de chegadas à Itália tenha caído drasticamente nos últimos anos, a proporção de migrantes mortos em alto-mar disparou.

De acordo com dados do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), 2.755 estrangeiros desembarcaram em portos italianos na primeira metade deste ano.

Enquanto isso, a OIM (Organização Internacional para Migrantes) registrou 343 mortes no período no Mediterrâneo Central, principal rota de imigração pelo mar em direção à Itália.

Ou seja: para cada oito imigrantes que desembarcam na Itália, um morre afogado em alto-mar.

A rejeição aos imigrantes é uma das principais bandeiras do ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, líder da agremiação ultranacionalista Liga. Seu partido compõe o governo junto aos populistas do Movimento 5 Estrelas.

O ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, linha-dura contra imigrantes (Crédito: Remo Casilli – 11.jun.2019/Reuters)

Desde que chegou ao poder, em junho do ano passado, Salvini anunciou o fechamento de portos para estrangeiros e anunciou multas de até 50 mil euros (R$ 217 mil) para ONGs que realizarem resgates no Mediterrâneo.

No fim de semana, autoridades italianas detiveram Carola Rackete, capitã do navio humanitário Sea Watch, após ela atracar a embarcação ilegalmente no porto de Lampedusa com 40 imigrantes a bordo –sem autorização para desembarcar, eles haviam passado mais de duas semanas à deriva.

A detenção da capitã gerou atritos diplomáticos com a Alemanha, país de origem de Rackete, mas foi comemorada por Salvini.

“Espero punições severas para quem … tem ignorado repetidamente nossas leis … Estamos prontos para expulsar a criminosa alemã”, disse o ministro italiano em uma rede social na segunda-feira (1º).

Para a ONU, a falta de barcos de resgate no Mediterrâneo arrisca aumentar ainda mais o número de mortes em alto-mar.

“Se nós não intervirmos em breve, haverá um mar de sangue”, afirmou no início de junho Carlotta Sami, porta-voz do Acnur na Itália, de acordo com o jornal britânico The Guardian.

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Paralisação do governo nos EUA já custa mais que o muro que Trump quer erguer https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/01/25/paralisacao-do-governo-nos-eua-ja-custa-mais-que-o-muro-que-trump-quer-erguer/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/01/25/paralisacao-do-governo-nos-eua-ja-custa-mais-que-o-muro-que-trump-quer-erguer/#respond Fri, 25 Jan 2019 10:53:32 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/01/muro-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2897 A paralisação parcial do governo dos Estados Unidos, que se arrasta por 35 dias, já custa cerca de US$ 6 bilhões (R$ 22,6 bilhões) para a economia do país, segundo estimativas da agência Standard & Poor’s (S&P).

O valor é maior do que os US$ 5,7 bilhões (R$ 21,5 bilhões) pedidos pelo presidente Donald Trump para construir um muro na fronteira com o México. A disputa entre republicanos e democratas no Congresso a respeito da concessão da verba para o muro é o que deu início à paralisação, em dezembro.

A S&P estima que cada semana com o governo fechado tem um impacto negativo de US$ 1,2 bilhões (R$ 4,5 bilhões) no PIB (Produto Interno Bruto) americano. Isto porque, após a reabertura do governo, a administração federal terá de pagar retroativamente os mais de 800 mil funcionários impedidos de trabalhar.

Trump e seus aliados republicanos no Congresso defendem que a construção de uma barreira na fronteira com o México é essencial para impedir a entrada de imigrantes sem documento. A oposição democrata, que passou a controlar a Câmara após as eleições legislativas de novembro, vê o muro como uma proposta populista e ineficaz.

Até agora, não há sinais de que a paralisação, a mais longa da história do país, terá fim. Na quinta-feira (24), o Senado rejeitou duas propostas de orçamento –uma delas foi apresentada pelos republicanos e previa a verba para a construção do muro, enquanto a outra, defendida pelos democratas, não incluía o dinheiro para a barreira. Embora os republicanos controlem a casa legislativa, eles não têm os 60 votos necessários (entre 100 senadores) para aprovar o orçamento.

PARALISAÇÃO POR TEMPO INDEFINIDO

Há algumas semanas, Trump afirmou que poderia manter o governo fechado por “meses ou até mesmo anos” caso não conseguisse o dinheiro para construir seu muro. O presidente também ameaçou declarar emergência nacional e ofereceu concessões para imigrantes irregulares no país em troca da verba, mas não obteve sucesso.

Devido à paralisação, Trump precisou adiar o Discurso sobre o Estado da União, tradicional pronunciamento anual do presidente ao Congresso. O discurso estava inicialmente marcado para o dia 29, mas a liderança democrata na Câmara alertou que o fechamento do governo atrapalharia a organização do evento.

Pesquisas de opinião mostram que a maioria dos americanos culpa Trump pela paralisação, e que a popularidade do presidente caiu alguns pontos desde o início do fechamento do governo. Críticos acusam Trump de usar a paralisação para desviar a atenção do público sobre as suspeitas de conluio entre integrantes de sua campanha eleitoral e autoridades da Rússia.

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Entenda a caravana de migrantes da América Central que desafia Trump https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/10/23/entenda-a-caravana-de-migrantes-da-america-central-que-desafia-trump/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/10/23/entenda-a-caravana-de-migrantes-da-america-central-que-desafia-trump/#respond Tue, 23 Oct 2018 15:35:23 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/10/caravana-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2681 Uma caravana com mais de 7.200 migrantes de países da América Central está marchando em direção aos Estados Unidos, em um movimento que desafia a política migratória linha dura do presidente Donald Trump.

Na segunda-feira (22), o grupo cruzou a fronteira com o México, e precisa atravessar mais de 1.800 quilômetros até alcançar a fronteira americana. Em resposta, Trump afirmou que a caravana representa uma “emergência nacional” e ameaçou cortar a ajuda financeira que os Estados Unidos dão aos países de origem dos migrantes.

Entenda a caravana por meio de perguntas e respostas:

  1. Quem são os imigrantes em marcha?

O grupo, que contava com apenas 160 integrantes quando iniciou a jornada no dia 13 em Honduras, gradualmente ganhou adesão de milhares de moradores de El Salvador, Guatemala e Nicarágua que pretendem ingressar nos Estados Unidos. Muitos pegam carona em caminhões que viajam rumo ao norte e, segundo os organizadores do movimento, cerca de 60% dos migrantes devem permanecer no México em vez de completar a viagem.

“Queremos apenas trabalhar, e se aparecer um emprego no México, eu aceitaria. Nós faríamos de tudo, menos coisas ruins”, disse à agência de notícias Associated Press a guatemalteca Ana Luisa Espana, que integra o grupo.

Caravanas semelhantes foram registradas nos últimos anos, mas o grupo atual gerou surpresa devido ao volume de migrantes. Além disso, o movimento aumenta a pressão sobre Trump a poucas semanas das eleições legislativas de 6 de novembro, em que os republicanos correm o risco de perder a maioria no Congresso.

  1. Trump insinuou que há terroristas infiltrados. É verdade?

Trump disse que “criminosos e pessoas do Oriente Médio não identificadas estão misturados” no movimento. A declaração de Trump ocorreu pouco após um âncora do programa matinal Fox & Friends, do qual o presidente é espectador assíduo, alegar que há membros da organização terrorista Estado Islâmico infiltrados na caravana.

No entanto, repórteres da Associated Press que acompanham a caravana não identificaram pessoas do Oriente Médio em meio ao grupo.

“Não há um único terrorista aqui”, disse à Associated Press o hondurenho Denis Omar Contreras, um dos organizadores da caravana. “Nós somos pessoas de Honduras, El Salvador, Guatemala e Nicarágua. E até onde eu saiba não há terroristas nestes quatro governos, a não ser os corruptos do governo.”

  1. Trump disse que democratas financiam o grupo com fins políticos. É verdade?

O presidente também acusou os democratas de financiar a caravana para tentar “prejudicar os republicanos nas eleições legislativas”. No Twitter, ele compartilhou um vídeo que mostra os migrantes recebendo dinheiro, mas não apresentou evidências de que os democratas estejam por trás do movimento.

De fato, não há indícios de que a caravana seja apoiada por grupos americanos com fins políticos. O pouco dinheiro que os migrantes recebem no trajeto é uma ajuda de custo para que comprem água e comida.

Além disso, embora os democratas tenham um discurso menos rígido que o de Trump sobre imigração, o partido não é favorável à abertura das fronteiras. Durante seu governo, Barack Obama (2009-2017) reforçou o policiamento da fronteira e deteve dezenas de milhares de pessoas que tentaram entrar ilegalmente no país.

  1. Como a caravana desafia Trump?

A caravana de migrantes centro-americanos traz à tona, às vésperas das eleições legislativas, o debate sobre imigração, no qual o governo Trump tem colecionado polêmicas.

Poucos dias após tomar posse, em janeiro de 2017, o republicano assinou um decreto barrando viajantes de uma série de países de maioria muçulmana. A medida gerou protestos e foi alvo de uma longa disputa nos tribunais até que a Suprema Corte declarou sua legalidade, em junho.

Além disso, Trump foi alvo de críticas pela política de separar famílias detidas ao cruzar a fronteira, pondo milhares de crianças em campos de detenção. O presidente teve de recuar na iniciativa, mas muitas crianças permanecem separadas de seus pais.

Por fim, até agora Trump não conseguiu entregar a construção de um muro ao longo de toda a fronteira com o México, uma de suas principais promessas de campanha. Uma eventual derrota dos republicanos nas eleições legislativas deve dificultar ainda mais as negociações sobre o projeto no Congresso.

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