Mundialíssimo https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br Notícias internacionais explicadas tintim por tintim Fri, 24 Jan 2020 11:05:46 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Acusações de racismo dominam campanha eleitoral no Reino Unido https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/11/29/acusacoes-de-racismo-dominam-campanha-eleitoral-no-reino-unido/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/11/29/acusacoes-de-racismo-dominam-campanha-eleitoral-no-reino-unido/#respond Fri, 29 Nov 2019 16:11:31 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/uk-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3485 Faltando menos de duas semanas para os cidadãos do Reino Unido irem às urnas para escolher o próximo primeiro-ministro do país, os principais candidatos têm enfrentado acusações de racismo e intolerância religiosa.

Nos últimos dias, autoridades religiosas criticaram o premiê conservador, Boris Johnson, e o líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, pelo tratamento dispensado aos judeus e muçulmanos.

Intervenções deste tipo no debate eleitoral são incomuns no Reino Unido. Embora o eleitorado esteja dividido sobre os rumos do país em meio ao brexit, as recentes trocas de acusação sugerem que há um temor generalizado em relação ao racismo nos dois lados do espectro político às vésperas das eleições parlamentes de 12 de dezembro.

Em artigo para o jornal The Times, o rabino Ephraim Mirvis, líder judeu ortodoxo britânico, lamentou os incidentes de antissemitismo no Partido Trabalhista e disse que Corbyn é “inapto para ser primeiro-ministro” por “chancelar o veneno desde o topo”.

“A comunidade judaica assistiu com incredulidade enquanto apoiadores da liderança trabalhista perseguiram parlamentares, membros e até funcionários do partido por desafiarem o racismo contra os judeus”, disse Mirvis.

Um grupo de judeus que integra a agremiação diz ter registrado 130 casos de antissemitismo nas fileiras trabalhistas e acusa a liderança de não fazer o suficiente para punir os responsáveis.

Corbyn reagiu às críticas dizendo que o “antissemitismo é errado e vil”. Ele também prometeu “proteger todas as comunidades” religiosas do país caso seja eleito, mas se negou a pedir desculpas aos judeus de seu próprio partido.

Em seguida, um porta-voz do Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha fez coro às críticas de Mirvis contra os trabalhistas, mas acrescentou que o Partido Conservador tem “um problema sério de islamofobia”.

“É bastante claro para muitos muçulmanos que o Partido Conservador tolera a islamofobia, permite que ela se espalhe na sociedade e fracassa em implementar medidas para erradicar esta forma de racismo”, disse o porta-voz.

O premiê Johnson, que já comparou muçulmanas que usam o véu islâmico a “caixas de correio” e “assaltantes de banco”, disse que a islamofobia é “inaceitável” e prometeu abrir um inquérito sobre os casos de discriminação na sua legenda.

PESQUISAS

Segundo uma pesquisa recente do instituto YouGov, 30% dos eleitores acreditam que Johnson é racista, enquanto 41% dizem que ele não é racista. Já 30% afirmam que Corbyn é antissemita, e outros 29% dizem que ele não é antissemita.

Ainda de acordo com o YouGov, o Partido Conservador lidera a corrida eleitoral com 43% das intenções de voto, seguido pelo Partido Trabalhista, que registra 32%. Os centristas do Partido Liberal Democrata têm 13% das intenções de voto, seguidos pelos ultradireitistas do Partido do Brexit, com 4%, e pelos ambientalistas do Partido Verde, com 2%.

Embora estes números indiquem uma vantagem de Johnson para ser reconduzido ao cargo de primeiro-ministro, a porcentagem de votos nas urnas nem sempre reflete a proporção de cadeiras conquistadas por cada partido no Parlamento pois o sistema eleitoral britânico é distrital, e não proporcional.

O resultado do pleito será decisivo para definir os rumos do brexit, aprovado por margem estreita em um plebiscito em junho de 2016. Após ser adiada diversas vezes, a saída britânica da União Europeia foi agendado para 31 de janeiro, mas ainda não há maioria no Parlamento para aprovar o acordo sobre os termos do divórcio negociado entre as autoridades de Londres e de Bruxelas.

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Operação turca na Síria é limpeza étnica, diz porta-voz de partido pró-curdos https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/10/16/operacao-turca-na-siria-e-limpeza-etnica-diz-porta-voz-de-partido-pro-curdos/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/10/16/operacao-turca-na-siria-e-limpeza-etnica-diz-porta-voz-de-partido-pro-curdos/#respond Wed, 16 Oct 2019 16:03:19 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/curdos-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3417 A operação militar deflagrada pelo Exército da Turquia no norte da Síria há uma semana gera o risco de limpeza étnica. A avaliação é de Eyüp Doru, representante na Europa da legenda pró-curdos HDP (Partido Democrático dos Povos), terceira maior força política da Turquia.

“Entendemos que a Turquia tem ambições expansionistas … Seu objetivo é tomar as zonas controladas pelos curdos na Síria e reassentar ali milhões de árabes que vivem como refugiados na Turquia. Isso é limpeza étnica”, disse Doru por telefone ao blog Mundialíssimo.

Na quarta-feira passada (9), o governo do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, deu início à Operação Paz da Primavera em territórios controlados pela minoria étnica curda no norte da Síria.

A justificativa da Turquia é combater o grupo armado YPG (Unidades de Defesa Popular), que vê como uma extensão de organizações separatistas curdas em seu próprio território, como o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão). O YPG e o PKK são considerados organizações terroristas pelo governo turco.

De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), a operação já forçou mais de 160 mil civis a deixar suas casas. Também surgiram relatos de massacres contra civis perpetrados por milícias apoiadas pela Turquia.

A iniciativa foi repudiada por governos estrangeiros, inclusive alguns parceiros na Otan (aliança militar ocidental), que passaram a exigir a suspensão da venda de armas à Turquia. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que inicialmente havia dado aval à ofensiva turca ao ordenar a retirada de tropas americanas da região, passou a defender a aplicação de sanções contra o governo de Erdogan.

Em entrevista publicada pela Folha nesta quarta-feira (16), o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, disse que a operação possibilitará um “retorno em massa” de até 2 milhões de refugiados sírios.

A Turquia abriga atualmente 3,5 milhões de pessoas que fugiram da guerra civil na Síria. Muitos desses refugiados vêm de áreas predominantemente árabes da Síria, e os territórios para onde deverão ser enviados têm maioria curda.

“Esta guerra, feita sob o pretexto de ajudar os refugiados, acaba produzindo ainda mais refugiados”, afirmou Doru. Seu partido HDP também é acusado de colaborar com o PKK, e vários de seus líderes foram presos na Turquia nos últimos anos.

Os curdos são uma minoria étnica com mais de 30 milhões de integrantes, e que vive há séculos no Oriente Médio. Sem um Estado próprio, eles habitam uma partes dos territórios de Irã, Iraque, Síria, Armênia e Turquia, onde têm sido historicamente marginalizados.

Qual é a posição do HDP sobre a operação turca no norte da Síria?

O HDP condena esta operação nos mais fortes termos. Pensamos que se trata de uma guerra contra os curdos. Entendemos que a Turquia tem ambições expansionistas, otomanas.

Não se trata de uma luta contra o terrorismo, mas um esforço para conquistar novos territórios. Seu objetivo é tomar estas zonas controladas pelos curdos na Síria e reassentar ali milhões de árabes que vivem como refugiados na Turquia. Isso é limpeza étnica.

Consideramos que os bombardeios turcos no Curdistão sírio são a crimes contra a humanidade, pois atingem áreas ocupadas por civis e danificam a infraestrutura da região. Assim, a operação ameaça deixar milhões de pessoas sem acesso à eletricidade e à água, além de forçar milhares de pessoas a fugirem de suas casas.

Esta guerra, feita sob o pretexto de ajudar os refugiados, acaba produzindo ainda mais refugiados.

Assim que as forças americanas deixaram o norte da Síria, os curdos firmaram um acordo com o regime de Bashar al-Assad e a Rússia, e as forças pró-regime já estão avançando sobre as áreas curdas. Você acredita que este é o fim da autonomia curda na Síria?

O acordo feito com o Exército sírio é exclusivamente militar, permitindo que o regime se instale dentro das fronteiras reconhecidas internacionalmente. O acordo não significa que o regime sírio vai ocupar a estrutura de governo autônomo da região, isso não faz parte do acordo.

Os curdos deram suas vidas, milhares de combatentes das YPG morreram na luta contra o Daesh [acrônimo em árabe que denomina a facção terrorista Estado Islâmico]. Agora os EUA deixam os curdos sem proteção.

A Turquia está massacrando o povo curdo e as outras minorias étnicas da região. Ali há curdos, árabes, assírios, armênios, que convivem pacificamente. A verdade é que os Estados da região querem eliminar qualquer tipo de convivência democrática na região.

Qual deve ser a atitude da comunidade internacional à Turquia?

Em primeiro lugar, a comunidade internacional deve impedir as vendas de armas a este regime genocida, e o Conselho de Segurança da ONU deve exigir que a Turquia se retire das zonas ocupadas por civis.

Não estamos pedindo apoio para lutar contra a ocupação, só pedimos que a população civil seja protegida. Pedimos que a comunidade internacional declare uma zona de exclusão aérea no norte da Síria para impedir novos bombardeios da Turquia, feitos com aviões fornecidos pela Otan.

Acima de tudo, acreditamos que Erdogan deveria ser julgado por crimes contra a humanidade.

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Condenação de ex-policial reacende debate sobre justiça racial nos EUA https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/10/03/condenacao-de-ex-policial-reacende-debate-sobre-justica-racial-nos-eua/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/10/03/condenacao-de-ex-policial-reacende-debate-sobre-justica-racial-nos-eua/#respond Thu, 03 Oct 2019 13:15:03 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/guyger-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3393 A condenação de uma ex-agente de polícia branca pelo assassinato de seu vizinho negro reacendeu o debate sobre justiça racial nos Estados Unidos nesta semana.

Na quarta-feira (2), um júri no Estado americano do Texas decidiu sentenciar Amber Guyger, 31, a dez anos na prisão por homicídio doloso (quando há a intenção de matar).

O julgamento chamou a atenção do país por ser um dos raros casos em que agentes de segurança sofreram as consequências na Justiça após matarem vítimas negras desarmadas.

Em 6 de setembro de 2018, Guyger entrou no apartamento de seu vizinho Botham Jean, na cidade de Dallas, e disparou contra ele. Jean tinha 26 anos e estava sentado no sofá de sua casa tomando sorvete enquanto assistia à TV.

A defesa de Guyger diz que ela entrou no lar de Jean por engano e atirou contra ele pensando se tratar de um invasor. Com isso, os advogados esperavam conseguir uma condenação por homicídio doloso (quando não há intenção de matar), sujeito a penas mais brandas.

Do lado de fora do tribunal, alguns ativistas protestaram após o anúncio da sentença, considerada curta —a promotoria pedia uma pena de 28 anos atrás das grades.

Já dentro da corte, Brandt Jean, irmão da vítima, abraçou Guyger e disse tê-la perdoado: “Eu não pretendia dizer isso na frente da minha família ou de ninguém, mas eu nem gostaria que você fosse para a cadeia … Eu quero o melhor para você”.

JUSTIÇA RACIAL

Policiais americanos matam aproximadamente mil pessoas por ano, de acordo com estimativas recentes. Cidadãos negros correm três vezes mais perigo de serem mortos pela polícia que pessoas brancas.

No entanto, a condenação de agentes de segurança que extrapolam suas prerrogativas não é uma regra. Um estudo divulgado em março mostrou que, desde 2005, apenas 35 policiais receberam sentenças por mortes provocadas em serviço; destes, apenas três agentes foram condenados por homicídio doloso.

Especialistas apontam que a alta impunidade para policiais que atiram contra pessoas inocentes se deve a falhas do sistema de Justiça, especialmente no processo de seleção de jurados.

O júri que decidiu condenar Guyger neste semana era composto por uma maioria expressiva de pessoas não brancas, o que é incomum.

“Embora algumas pessoas vejam este veredito como uma prova de que o sistema mudou, … a condenação de Guyger é uma anomalia”, escreveu para o site de notícias Vox a ativista Brittany Packnet, fundadora da Campaign Zero, movimento contra a violência policial.

“Ao menos que os integrantes do júri possam identificar o medo, o terror e a dor que Botham Jean deve ter sentido, mas não está vivo para contar, julgamentos de policiais carecerão do contexto necessário para fazer justiça.”

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Com El Paso, terroristas de direita matam mais que jihadistas nos EUA https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/08/05/com-el-paso-terroristas-de-direita-matam-mais-que-jihadistas-nos-eua/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/08/05/com-el-paso-terroristas-de-direita-matam-mais-que-jihadistas-nos-eua/#respond Mon, 05 Aug 2019 13:18:09 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/08/el-paso-320x213.png https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3282 O massacre em El Paso, que deixou 20 mortos no sábado (3), confirma uma tendência alarmante nos Estados Unidos: a violência promovida por extremistas de direita já deixa mais vítimas do que os ataques perpetrados por jihadistas.

De acordo com dados do centro de estudos New America, atos terroristas provocados por jihadistas deixaram 104 mortos desde os atentados de 11 de setembro de 2001; já os ataques motivados pelo extremismo de direita deixaram 107 vítimas no mesmo período –incluindo os mortos em El Paso.

Em inglês, gráfico do New America mostra número de vítimas de atentados nos EUA de acordo com ideologia (Crédito: reprodução)

O ataque a tiros em um supermercado da rede Wal Mart em El Paso, no Estado americano do Texas, está sendo investigado como um caso de terrorismo doméstico. O suspeito, detido após o incidente, foi identificado como Patrick Crusius, um homem branco de 21 anos.

Um manifesto racista circulou na internet dizendo que o ataque era uma resposta a uma suposta “invasão hispânica” dos Estados Unidos. O documento também detalha um plano para separar o país por raças e menciona o massacre contra muçulmanos na cidade de Christchurch, na Nova Zelândia, em 15 março.

Os dados do New America indicam que o ataque em El Paso não é isolado, e que houve um aumento no número de vítimas de ataques perpetrados por extremistas de direita nos últimos anos nos Estados Unidos.

Por exemplo, em 27 de outubro, um radical de direita abriu fogo em uma sinagoga em Pittsburgh, matando 11 fiéis. Pouco antes, em 24 de outubro, um extremista havia matado um casal negro em uma loja em Kentucky após proferir ofensas raciais.

Sobre o ataque em El Paso, o presidente Donald Trump afirmou nesta segunda-feira (5) que não há lugar nos Estados Unidos para “ódio, intolerância e supremacia branca”.

Ele vinha sendo pressionado a denunciar a ideologia racista que motivou o atentado. Críticos do republicano dizem que sua retórica inflamada contra imigrantes coloca lenha na fogueira dos crimes de ódio.

“Suas palavras foram alimentando a supremacia branca e dando licença a ela, e nós estamos vendo os resultados horríveis desse ódio hoje”, disse o senador Cory Booker, de New Jersey, sobre o presidente americano.

Atençã0: Este post foi atualizado às 11h40 para incluir novas declarações de Donald Trump sobre o ataque em El Paso.

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Quem são e o que pregam as deputadas democratas atacadas por Trump? https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/07/19/quem-sao-e-o-que-pregam-as-deputadas-democratas-atacadas-por-trump/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/07/19/quem-sao-e-o-que-pregam-as-deputadas-democratas-atacadas-por-trump/#respond Fri, 19 Jul 2019 15:34:45 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/07/squad-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3248 O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a causar indignação ao redor do mundo na última semana por conta de suas declarações racistas. Em uma série de tuítes no domingo (14), Trump sugeriu que quatro deputadas democratas integrantes de minorias raciais retornassem aos “países totalmente infestados pela criminalidade de onde vêm”, embora sejam cidadãs americanas.

Os ataques presidenciais colocaram as congressistas, conhecidas informalmente como “o esquadrão”, no centro do debate político nacional. Elas são Ilhan Omar, representante de Minessotta; Alexandria Ocasio-Cortez, de Nova York; Rashida Tlaib, de Michigan; e Ayanna Pressley, de Massachusetts.

O episódio levou a Câmara dos Deputados, controlada pela oposição democrata, a aprovar na terça-feira (16) uma moção de repúdio contra o presidente. A casa legislativa também discutiu a abertura de um processo de impeachment, mas a proposta foi derrotada.

Apesar das críticas da oposição e até mesmo dentro de seu próprio partido, Trump insiste que “não tem um osso racista” em seu corpo. Na quarta (17), durante um comício na Carolina do Norte, o presidente voltou a acusar Omar de querer destruir os Estados Unidos, e o público gritou “mande-a de volta!”. No dia seguinte, o republicano ensaiou um mea-culpa, dizendo discordar dos gritos da multidão.

Saiba quem são e o que defendem as deputadas democratas atacadas por Trump:

1. Deputadas representam a renovação da política americana

Apesar de serem novatas –elas foram eleitas no pleito legislativo de novembro–, as congressistas ganharam destaque na oposição contra o governo Trump. Elas representam a renovação da política americana, tradicionalmente dominada por homens brancos.

As deputadas nasceram nos Estados Unidos, com a exceção de Omar, que nasceu na Somália e se naturalizou americana quando era criança. Ocasio-Cortez tem ascendência porto-riquenha, Tlaib é filha de imigrantes palestinos e Pressley é afro-americana.

“Este é um presidente que violou abertamente os valores que este país diz defender”, afirmou Omar em entrevista coletiva na segunda-feira (15). “E para gerar distração, ele lançou um ataque descaradamente racista contra representantes eleitas … Esta é a agenda dos nacionalistas brancos.”

2. À esquerda, ‘esquadrão’ desafia establishment democrata

Além de enfrentarem Trump, as deputadas do “esquadrão” têm comprado brigas com a liderança do Partido Democrata no Congresso para exigir o apoio a políticas progressivas.

Elas defendem, por exemplo, a taxação de grandes fortunas em até 70%, bem como a universalização do sistema de saúde do país, atualmente controlado por empresas privadas. Além disso, as deputadas querem a extinção da ICE, agência responsável pela detenção de imigrantes sem documentos, e sugerem que o governo adote um plano de investimentos para combater as mudanças climáticas.

“O Partido Democrata de hoje acredita que, para vencer, é preciso enfocar um centro hipotético”, disse Saikat Chakrabarti, chefe de gabinete de Ocasio-Cortez, ao Washington Post. “Nós temos uma teoria da mudança completamente diferente: você faz a coisa mais incrível que puder, e isso animará as pessoas a sair para votar.”

3. Ataques racistas revelam estratégia de Trump para buscar reeleição

As declarações racistas de Trump não são novidade. Em sua campanha à Presidência nas eleições de 2016, ele afirmou que imigrantes mexicanos são “traficantes, criminosos, estupradores”. Já no poder, ele disse ver “gente de bem” entre os participantes de uma manifestação violenta convocada pela Ku Klux Klan na cidade de Charlottesville, realizada em agosto de 2017.

Desta vez, os ataques racistas do republicano parecem indicar sua estratégia para buscar a reeleição nas eleições de 2020. Ao colocar o “esquadrão” em evidência, Trump força o Partido Democrata a se unir em defesa de sua ala mais radical, acirrando a polarização do eleitorado.

“Este é o tipo de batalha de que o presidente gosta”, diz uma reportagem do New York Times publicada na terça-feira. “A estratégia de reeleição de Trump é … apresentar seus oponentes não só como quem não gosta dele e de suas políticas, mas como [gente] que não gosta da própria América.”

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Conheça alguns canais que combatem ideias extremistas no YouTube https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/06/06/conheca-alguns-canais-que-combatem-ideias-extremistas-no-youtube/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/06/06/conheca-alguns-canais-que-combatem-ideias-extremistas-no-youtube/#respond Thu, 06 Jun 2019 13:02:59 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/contra-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=3132 O YouTube deixou de ser apenas um site de vídeos de entretenimento e se tornou um campo de batalha ideológica.

Extremistas de todo tipo –de simpatizantes de teorias da conspiração a neonazistas– usam a plataforma do Google para propagar suas ideias odientas a uma audiência global.

Sob pressão, a empresa anunciou na quarta-feira (5) novas regras para tentar conter a disseminação de discurso de ódio, e avisou que irá suspender e desmonetizar vídeos com conteúdo discriminatório.

Mas há também quem use a plataforma para combater a intolerância e o extremismo. O Mundialíssimo recomenda três destes canais (todos em inglês, infelizmente):

1. ContraPoints

Natalie Wynn, ou ContraPoints, é uma youtuber transgênero americana que tomou para si a missão de desmistificar e desconstruir as ideias da alt-right (direita alternativa, em inglês).

Ela produz vídeos teatrais, tão engraçados quanto educativos, sobre os mais variados assuntos: do humor negro aos incels (celibatários involuntários, um tipo de subcultura da internet), passando pelo capitalismo e pelo fascismo.

Até mesmo alguns extremistas foram convencidos a abandonar o caminho da radicalização após assistirem aos seus vídeos –por isso, ContraPoints ganhou o apelido de “domadora de nazistas”.

2. Hbomberguy

Harry Brewis, também conhecido como Hbomberguy, conhece como poucos a linguagem das redes.

O youtuber britânico faz referências a videogames e filmes para rebater as teorias pseudocientíficas, como o negacionismo climático e o terraplanismo, defendidas por ícones da ultradireita.

Com paciência e didática, Hbomberguy nos ajuda a entender por que tantas pessoas são seduzidas por ideias radicais.

3. Strikethrough

Na série Strikethrough, produzida pelo site americano Vox, o jornalista Carlos Maza discute o papel da mídia na era Trump.

Em seus vídeos, Maza explica as estratégias de propaganda usadas pelo presidente americano e sua emissora favorita, Fox News, para controlar o ambiente informacional do país.

Strikethough é referência obrigatória para quem busca entender como as ideias de extremistas vão parar no mainstream político e midiático dos Estados Unidos.

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O que os massacres em Suzano e na Nova Zelândia têm em comum? https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/03/15/o-que-os-massacres-em-suzano-e-na-nova-zelandia-tem-em-comum/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2019/03/15/o-que-os-massacres-em-suzano-e-na-nova-zelandia-tem-em-comum/#respond Fri, 15 Mar 2019 13:18:23 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/suzano-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2998 O Brasil e a Nova Zelândia choram.

Do lado de cá do planeta, gerou perplexidade o massacre em uma escola em Suzano, na Grande São Paulo, que deixou oito mortos na quarta-feira (13). Já o país da Oceania vive “um de seus dias mais sombrios”, nas palavras da primeira-ministra Jacinda Ardern, após 49 pessoas morrerem em atentados contra duas mesquitas na cidade de Christchurch nesta sexta-feira (15) –noite de quinta no Brasil.

Não há nenhum indício de que as tragédias em Suzano e Christchurch tenham relação entre si, e as autoridades de cada país ainda investigam as circunstâncias dos ataques. Porém, saltam aos olhos algumas semelhanças entre os episódios:

1. Suspeitos parecem ter simpatia por ideologias extremistas

Autoridades e veículos de imprensa internacionais já tratam os eventos em Christchurch como ataques terroristas de extrema direita. Um homem que diz ser responsável pelos atentados publicou um manifesto de 74 páginas em que acusa imigrantes muçulmanos de tentarem promover um “genocídio contra os brancos”, ressoando o discurso de grupos radicais na Europa e nos Estados Unidos. Até o momento, quatro suspeitos foram presos.

Por outro lado, os atiradores de Suzano eram obcecados por jogos de tiro e sofriam bullying –eles, que foram encontrados mortos na cena do ataque, eram ex-alunos da escola Raul Brasil. Um dos jovens usava uma máscara de caveira, símbolo de supremacistas americanos, mas não está claro se o ataque teve motivação política. Promotores investigam a possibilidade de o massacre ter ligação com organizações radicais que promovem crimes de ódio ao redor do mundo.

2. Atiradores usaram as redes sociais para divulgar atentados

Um dos suspeitos dos atentados na Nova Zelândia transmitiu o massacre ao vivo pelas redes sociais. Após a repercussão negativa entre usuários, companhias de tecnologia procuraram apagar o vídeo –que, apesar disso, continuou sendo postado por outros perfis.

Já no Brasil, antes do ataque um dos atiradores publicou fotos em que aparece com um revólver e a máscara de caveira. O perfil do jovem no Facebook foi apagado, mas as imagens seguem circulando nas redes sociais e em sites de notícia.

3. Massacres reacendem debate sobre porte de armas

Os atentados em Christchurch devem reacender o debate sobre as regras de porte de armas na Nova Zelândia. O país tem uma das legislações sobre o tema mais flexíveis da região: há checagem de antecedentes para a emissão de licenças, mas não é necessário ter registro para a maioria das armas de fogo. Ainda não está claro se os suspeitos do massacre obtiveram as armas legalmente.

Da mesma forma, os acontecimentos em Suzano trouxeram à tona o debate sobre o direito à posse de armas, uma das principais bandeiras de campanha do presidente Jair Bolsonaro. O senador Major Olímpio (PSL-SP) chegou a dizer que a tragédia poderia ter sido minimizada se funcionários da escola estivessem armados. Por outro lado, opositores do governo temem que a flexibilização da posse de armas aumente a incidência de episódios de violência.

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Os ataques de radicais de direita nos EUA são atos de terrorismo? https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/11/01/os-ataques-de-radicais-de-direita-nos-eua-sao-atos-de-terrorismo/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/11/01/os-ataques-de-radicais-de-direita-nos-eua-sao-atos-de-terrorismo/#respond Thu, 01 Nov 2018 17:52:28 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/11/pittsburgh-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2698 Uma série de episódios de violência perpetrados por extremistas de direita nos Estados Unidos na semana passada gerou um debate sobre a parcialidade no emprego do termo “terrorismo”.

No primeiro incidente, pacotes explosivos foram enviados ao longo da semana para líderes do Partido Democrata, incluindo a ex-secretária de Estado Hillary Clinton e o ex-presidente Barack Obama, além de alvos como a emissora CNN –ninguém ficou ferido, e um suspeito foi detido na Flórida na sexta-feira (26). Além disso, dois idosos negros foram assassinados a tiros em uma loja em Kentucky na quarta (24) –antes do ataque, o suspeito havia proferido ofensas raciais. E, no sábado (27), um atirador invadiu uma sinagoga em Pittsburgh, matando 11 fiéis –o massacre é considerado o ataque antissemita mais sangrento na história do país.

Os três ataques foram cometidos por homens brancos de extrema direita, e os dois últimos incidentes estão sendo investigados como crimes de ódio. Por outro lado, grande parte dos políticos e veículos de comunicação do país evitam empregar o termo “terrorismo” para descrever os episódios. Enquanto isso, ataques recentes motivados pelo extremismo islâmico, como o massacre em uma boate em Orlando e uma série de explosões nos Estados de Nova York e Nova Jersey, ambos em 2016, foram prontamente associados ao terrorismo.

A legislação americana diz que o “terrorismo inclui o uso ilegal da força e de violência contra pessoas ou propriedades para intimidar ou coagir um governo, a população civil ou um segmento dela em prol de objetivos políticos ou sociais”. De fato, o texto da lei não faz distinção de motivação para o emprego de violência com fins políticos, de forma que os ataques da semana passada poderiam ser entendidos como atos de terrorismo.

“Desde os atentados de 11 de Setembro, os Estados Unidos entendem o terrorismo quase exclusivamente como um problema relacionado a jihadistas”, diz Daniel Byman em artigo publicado na revista Foreign Policy no sábado. “Muito menos atenção foi dada à violência de extrema direita, como a cometida por neonazistas, cidadãos soberanos (movimento ultraliberal americano), grupos anti-imigração, entre outros.”

Para o autor, é um erro deixar de classificar ataques da extrema direita, tal qual o atentado em Pittsburgh, como terrorismo. Identificar grupos radicais como terroristas, diz, “poderia forçar os Estados Unidos a empregar mais recursos no combate a antissemitas, nacionalistas brancos e extremistas violentos”.

Em artigo publicado na segunda (29) pela emissora Al Jazeera, Khaled Beydon também critica a associação quase exclusiva entre o terrorismo e os muçulmanos. “Esses perpetradores [não -muçulmanos] costumam ser taxados de ‘lobos solitários’ ou apenas de ‘atiradores violentos’, rótulos que os livram da associação com o terrorismo na mente dos americanos”, afirma.

“O Islã, para os políticos e parte da grande mídia, tem o monopólio da ideologia por trás do terrorismo” acrescenta. O autor diz que a parcialidade no uso do termo “terrorismo” alimenta a islamofobia, além de esvaziar o sentido da palavra. Por isso, ele sugere que se deixe de empregá-la.

Ademais, a distinção no emprego do termo para descrever episódios de violência política não reflete o fato de que, desde o 11 de Setembro, extremistas islâmicos e radicais de direita deixaram um número parecido de vítimas no país –104 pessoas foram assassinadas por aqueles, enquanto estes mataram 86, de acordo com levantamento do centro de estudos New America.

A discussão sobre o significado do terrorismo não se limita aos Estados Unidos. No Brasil, parlamentares conservadores propõem endurecer a lei antiterrorismo, sancionada por Dilma Rousseff em 2016 –críticos temem que a mudança leve à criminalização de movimentos sociais e prejudique a liberdade de manifestação.

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O que são os campos de detenção de muçulmanos na China? https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/10/25/o-que-sao-os-campos-de-detencao-de-muculmanos-na-china/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/10/25/o-que-sao-os-campos-de-detencao-de-muculmanos-na-china/#respond Thu, 25 Oct 2018 17:03:03 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/10/uigur-320x213.jpg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2685 A China mantém milhares de muçulmanos em campos de detenção na região de Xinjiang, no extremo oeste do país, em uma escalada repressiva que tem recebido críticas da comunidade internacional.

Ativistas apontam que mais de 1 milhão de pessoas foram presas até agora. O governo chinês nega o caráter autoritário da iniciativa e diz que o objetivo dos campos é “reeducar” membros de minorias religiosas para evitar sua radicalização.

Entenda o que são os campos de detenção por meio de perguntas e respostas:

  1. Quem está sendo preso?

Os principais alvos da política de detenção em massa são os uigures, minoria étnica muçulmana presente em Xinjiang. Segundo o governo chinês, a região é foco de atividade de separatistas e extremistas islâmicos.

Segundo relatos de uigures obtidos por investigadores internacionais, simples atividades religiosas podem ser motivo suficiente para ser preso sem ordem judicial. Mesmo aqueles que não são levados para os campos de detenção enfrentam dificuldades, sendo submetidos a “sessões de estudo” compulsórias e tendo seus passaportes retidos pelas autoridades.

Um comitê da ONU (Organização das Nações Unidas) apontou recentemente que os uigures são tratados como “inimigos do Estado” apenas com base em sua identidade étnico-religiosa.

  1. O que acontece nos campos de detenção?

Relatos de testemunhas e organizações de direitos humanos sugerem que, uma vez nos campos de detenção, os uigures são submetidos a propaganda favorável ao governo chinês, além de terem que cantar hinos louvando o Partido Comunista e escrever textos de autocrítica. Também foram registrados casos de abuso, tortura e até mortes.

Há ao menos 181 campos de detenção em Xinjiang, de acordo com um levantamento da agência de notícias AFP divulgado nesta quarta-feira (24). Documentos oficiais estudados pela agência apontam que as autoridades responsáveis pelos campos encomendaram livros didáticos de mandarim, além de milhares de equipamentos de repressão, incluindo cassetetes, bastões de choque elétrico e latas de spray de pimenta.

Um dos documentos obtidos pela AFP diz que os campos devem “ensinar como uma escola, serem gerenciados como o Exército e protegidos como uma prisão”. Outro documento diz que, para criar cidadãos melhores, deve-se “quebrar sua linhagem, quebrar suas raízes, quebrar suas conexões e quebrar suas origens”.

  1. O que diz o governo chinês?

O governo de Pequim, que até recentemente negava a existência dos campos de detenção, afirma que a iniciativa visa a oferecer educação e qualificação profissional “gratuitas” para uigures influenciados pelo extremismo islâmico.

Ademais, a participação de “estagiários” nos programas educacionais é voluntária, segundo a versão oficial. O objetivo da campanha seria combater o extremismo religioso e manter a estabilidade social. No mais, o governo divulga poucas informações sobre o que se passa em Xinjiang.

  1. O que diz a comunidade internacional?

A comunidade internacional voltou sua atenção para a crise em Xinjiang em  agosto, quando um comitê da ONU e organizações de grupos de ativistas chineses denunciaram a perseguição aos uigures. A alta comissária da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet, disse que as denúncias são “profundamente perturbadoras”.

Um comitê do Congresso dos Estados Unidos repercutiu as acusações contra a China, dizendo que a política de perseguição contra os uigures “pode ser a maior detenção de uma minoria étnica desde a Segunda Guerra, e pode equivaler a crimes contra a humanidade”. Autoridades americanas avaliam impor sanções contra a China, mas o presidente Donald Trump não se manifestou sobre o tema.

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Reino Unido registra alta em crimes de ódio após atentados e votação do ‘brexit’ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/10/16/reino-unido-registra-alta-em-crimes-de-odio-apos-atentados-e-votacao-do-brexit/ https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/2018/10/16/reino-unido-registra-alta-em-crimes-de-odio-apos-atentados-e-votacao-do-brexit/#respond Tue, 16 Oct 2018 18:20:59 +0000 https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/files/2018/10/finsbury-320x213.jpeg https://mundialissimo.blogfolha.uol.com.br/?p=2670 O Reino Unido registrou uma disparada nos crimes de ódio nos últimos anos, aponta um relatório divulgado pelo governo britânico nesta terça-feira (16).

Foram contabilizadas mais de 94 mil ocorrências entre abril de 2017 e março de 2018, um aumento de 17% em relação ao ano anterior e mais que o dobro de incidências registradas cinco anos atrás. Os dados dizem respeito apenas à Inglaterra e ao País de Gales, sendo excluídos, portanto, crimes na Escócia e na Irlanda do Norte.

O relatório aponta que houve “picos em crimes de ódio após certos eventos como o plebiscito sobre a União Europeia [em 2016] e os ataques terroristas em 2017”. A alta dos índices também se deve, em parte, ao aperfeiçoamento do sistema de registro de ocorrências.

Um dos crimes de ódio registrados no período foi um atropelamento em frente a uma mesquita na região de Finsbury Park, no norte de Londres, em junho de 2017 –após uma série de atentados no país reivindicados pela facção terrorista Estado Islâmico. O ataque, registrado como crime de ódio por ter muçulmanos como alvo, deixou um morto e ao menos dez pessoas feridas.

A maior parte dos crimes de ódio foi motivada por racismo e xenofobia (76%). Outros crimes foram motivados por homofobia (12%), intolerância religiosa (9%), preconceito contra deficientes (8%) e transfobia (2%) –a soma das porcentagens é superior a 100% pois o mesmo crime pode ter mais de uma motivação.

Segundo o relatório, minorias raciais e religiosas são especialmente vulneráveis a crimes de ódio. Por exemplo, pessoas de origem asiática têm aproximadamente quatro vezes mais chances de sofrer ataques do que brancos, e muçulmanos são vítimas de crimes de ódio com uma frequência seis vezes maior do que cristãos.

“Crimes de ódio se chocam frontalmente com os valores britânicos tradicionais de unidade, tolerância e respeito mútuo”, disse o secretário do Interior, Sajid Javid. Ademais, ele disse que o governo tem planos para “atacar as raízes do preconceito e do racismo, oferecer suporte às vítimas de crimes de ódio e garantir que os responsáveis enfrentem a força da lei”.

Um dos crimes de ódio que mais chocaram o Reino Unido nos últimos anos foi o assassinato da parlamentar Jo Cox em junho de 2016, durante a campanha do plebiscito que aprovou a saída britânica da União Europeia. Ela foi morta a tiros e facadas por um terrorista de extrema direita enquanto participava de uma atividade de campanha contra o “brexit”.

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