Crise do clima será conteúdo obrigatório em escolas na Itália
A Itália planeja tornar a crise global do clima um item obrigatório no currículo escolar.
O ministro da educação do país, Lorenzo Fioramonti, anunciou na terça-feira (5) que os alunos de todos os anos nas escolas públicas terão aulas sobre as mudanças climáticas e o desenvolvimento sustentável, informa reportagem do jornal americano New York Times.
Fioramonti, diz a publicação, espera que a medida coloque a Itália na “linha de frente da educação ambiental em todo o mundo”. A mudança no currículo deverá ser implementada a partir de setembro de 2020, quando começará o próximo ano letivo.
O ministro já havia demonstrado apreço pela questão ambiental em setembro, quando encorajou estudantes do país a faltarem às aulas para participar dos protestos da Greve Global pelo Clima, movimento encabeçado pela ativista sueca Greta Thunberg.
A preocupação com as mudanças climáticas ganhou mais espaço na agenda das autoridades italianas após a formação, em agosto, de um novo governo composto pelos populistas do Movimento 5 Estrelas (agremiação de Fioramonti) e pelo Partido Democrático, de centro-esquerda.
Antes disso, o Movimento 5 Estrelas participava de uma coalizão com a legenda da direita ultranacionalista Liga, cujo líder, Matteo Salvini, parece não acreditar nas mudanças do clima, apesar dos avisos da comunidade científica.
Em um dia frio de primavera, em maio, Salvini afirmou: “Apelamos para o aquecimento global, porque não fazia um frio desses na Itália há anos”.
Para Fioramonti, a declaração de Salvini demonstra ignorância. “Este é o tipo de absurdo que queremos evitar ao ensinar as crianças que este é o maior desafio já enfrentado pela humanidade”, disse o ministro, segundo o New York Times. “E eu quero assegurar a implementação [do novo currículo] antes de uma troca de governo que possa colocar o processo em risco.”
EMERGÊNCIA CLIMÁTICA
Um artigo publicado na terça-feira pela revista acadêmica BioScience alerta que a humanidade enfrentará “sofrimento indescritível devido à crise do clima”.
“Para assegurar um futuro sustentável, nós precisamos mudar a forma como vivemos. [Isso] inclui grandes transformações na forma como nossa sociedade global funciona e interage com ecossistemas naturais”, diz o manifesto, assinado por mais de 11 mil cientistas de todo o mundo.
Para Edoardo Zanchini, vice-presidente do grupo ambientalista italiano Legambiente, educar as crianças sobre os riscos da crise do clima é um passo “muito importante”, mas insuficiente.
“A ciência nos diz que os próximos dez anos serão cruciais [para mitigar os efeitos das mudanças climáticas]”, disse Zanchini, ainda de acordo com o New York Times. “Nós não podemos esperar pela próxima geração.”