Com El Paso, terroristas de direita matam mais que jihadistas nos EUA

O massacre em El Paso, que deixou 20 mortos no sábado (3), confirma uma tendência alarmante nos Estados Unidos: a violência promovida por extremistas de direita já deixa mais vítimas do que os ataques perpetrados por jihadistas.

De acordo com dados do centro de estudos New America, atos terroristas provocados por jihadistas deixaram 104 mortos desde os atentados de 11 de setembro de 2001; já os ataques motivados pelo extremismo de direita deixaram 107 vítimas no mesmo período –incluindo os mortos em El Paso.

Em inglês, gráfico do New America mostra número de vítimas de atentados nos EUA de acordo com ideologia (Crédito: reprodução)

O ataque a tiros em um supermercado da rede Wal Mart em El Paso, no Estado americano do Texas, está sendo investigado como um caso de terrorismo doméstico. O suspeito, detido após o incidente, foi identificado como Patrick Crusius, um homem branco de 21 anos.

Um manifesto racista circulou na internet dizendo que o ataque era uma resposta a uma suposta “invasão hispânica” dos Estados Unidos. O documento também detalha um plano para separar o país por raças e menciona o massacre contra muçulmanos na cidade de Christchurch, na Nova Zelândia, em 15 março.

Os dados do New America indicam que o ataque em El Paso não é isolado, e que houve um aumento no número de vítimas de ataques perpetrados por extremistas de direita nos últimos anos nos Estados Unidos.

Por exemplo, em 27 de outubro, um radical de direita abriu fogo em uma sinagoga em Pittsburgh, matando 11 fiéis. Pouco antes, em 24 de outubro, um extremista havia matado um casal negro em uma loja em Kentucky após proferir ofensas raciais.

Sobre o ataque em El Paso, o presidente Donald Trump afirmou nesta segunda-feira (5) que não há lugar nos Estados Unidos para “ódio, intolerância e supremacia branca”.

Ele vinha sendo pressionado a denunciar a ideologia racista que motivou o atentado. Críticos do republicano dizem que sua retórica inflamada contra imigrantes coloca lenha na fogueira dos crimes de ódio.

“Suas palavras foram alimentando a supremacia branca e dando licença a ela, e nós estamos vendo os resultados horríveis desse ódio hoje”, disse o senador Cory Booker, de New Jersey, sobre o presidente americano.

Atençã0: Este post foi atualizado às 11h40 para incluir novas declarações de Donald Trump sobre o ataque em El Paso.