Na Itália de Salvini, proporção de migrantes mortos em alto-mar dispara

A Itália não quer mais saber de imigrantes.

O país é um dos principais pontos de desembarque para os milhares de migrantes e refugiados que cruzam o Mediterrâneo em busca de melhores condições de vida na Europa.

Embora o número de chegadas à Itália tenha caído drasticamente nos últimos anos, a proporção de migrantes mortos em alto-mar disparou.

De acordo com dados do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), 2.755 estrangeiros desembarcaram em portos italianos na primeira metade deste ano.

Enquanto isso, a OIM (Organização Internacional para Migrantes) registrou 343 mortes no período no Mediterrâneo Central, principal rota de imigração pelo mar em direção à Itália.

Ou seja: para cada oito imigrantes que desembarcam na Itália, um morre afogado em alto-mar.

A rejeição aos imigrantes é uma das principais bandeiras do ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, líder da agremiação ultranacionalista Liga. Seu partido compõe o governo junto aos populistas do Movimento 5 Estrelas.

O ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, linha-dura contra imigrantes (Crédito: Remo Casilli – 11.jun.2019/Reuters)

Desde que chegou ao poder, em junho do ano passado, Salvini anunciou o fechamento de portos para estrangeiros e anunciou multas de até 50 mil euros (R$ 217 mil) para ONGs que realizarem resgates no Mediterrâneo.

No fim de semana, autoridades italianas detiveram Carola Rackete, capitã do navio humanitário Sea Watch, após ela atracar a embarcação ilegalmente no porto de Lampedusa com 40 imigrantes a bordo –sem autorização para desembarcar, eles haviam passado mais de duas semanas à deriva.

A detenção da capitã gerou atritos diplomáticos com a Alemanha, país de origem de Rackete, mas foi comemorada por Salvini.

“Espero punições severas para quem … tem ignorado repetidamente nossas leis … Estamos prontos para expulsar a criminosa alemã”, disse o ministro italiano em uma rede social na segunda-feira (1º).

Para a ONU, a falta de barcos de resgate no Mediterrâneo arrisca aumentar ainda mais o número de mortes em alto-mar.

“Se nós não intervirmos em breve, haverá um mar de sangue”, afirmou no início de junho Carlotta Sami, porta-voz do Acnur na Itália, de acordo com o jornal britânico The Guardian.