‘Eu sou Golunov’: imprensa da Rússia se une em defesa de jornalista detido
A prisão de um jornalista investigativo russo na semana passada gerou uma onda de solidariedade e mobilização em defesa da liberdade de imprensa no país.
Ivan Golunov, 36, foi detido na quinta-feira (6) em Moscou sob a acusação de tráfico de drogas e transferido para prisão domiciliar no sábado (8). Caso seja condenado, ele poderá enfrentar penas de até 20 anos de prisão.
A defesa de Golunov, conhecido por investigar casos de corrupção no governo, nega as acusações e diz que ele foi agredido pela polícia enquanto estava sob custódia.
O episódio gerou uma reação inédita da sociedade civil em defesa do jornalismo independente.
Nesta segunda-feira (10), três dos maiores jornais do país –Kommersant, RBK e Vedomosti– estamparam os dizeres “Eu sou/nós somos Ivan Golunov” em suas capas e publicaram editoriais conjuntos pedindo maior transparência no inquérito contra o repórter.
Além disso, uma manifestação em defesa do profissional está sendo convocada para a próxima quarta-feira (12), em Moscou. O protesto não foi autorizado pelas forças de segurança.
IMPRENSA SOB ATAQUE
A situação da liberdade de imprensa na Rússia é crítica. Nos últimos anos, o governo Vladimir Putin aumentou o controle do Kremlin sobre os órgãos de comunicação estatais e intensificou a pressão contra veículos independentes.
Até mesmo o site de notícias para o qual Golunov trabalha, Meduza, decidiu abrir seu escritório na Letônia para tentar escapar de retaliações das autoridades de Moscou.
“A Rússia tem um longo histórico de acusações com motivações políticas contra repórteres independentes”, disse Gulnoza Said, coordenadora do programa para Europa e Ásia Central do Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ), em nota divulgada na semana passada.
“O jornalismo independente é tratado como um crime quando deveria ser visto como um serviço [de interesse] público”, acrescentou.