Eleição na Indonésia será o próximo teste do combate às fake news

A Indonésia se prepara para ir às urnas em meio à proliferação de notícias falsas e desinformação. As eleições, marcadas para 17 de abril, deverão ser o próximo campo de batalha no combate global contra as fake news.

Com aproximadamente 270 milhões de habitantes, a Indonésia é a terceira maior democracia do mundo, ficando atrás da Índia e dos Estados Unidos. A população do país é bastante ativa nas redes sociais.

Até aqui, as mentiras têm dado sinal de força. Um relatório da ONG indonésia Mafindo indica que a disseminação de fake news com conteúdo político aumentou em 61% entre dezembro e janeiro. O estudo foi divulgado na quarta-feira (20) pelo jornal britânico The Guardian.

Alguns dos rumores em circulação jogam dúvidas sobre a lisura do pleito. Por exemplo, certas mensagens virais alegam que milhões de cédulas já teriam sido marcadas.

“Isso é muito perigoso … Se o processo eleitoral for contestado, independentemente de quem vencer, a população pode acabar perdendo a confiança nos resultados, seria o caos”, disse Septiaji Eko Nugroho, da Mafindo, ao The Guardian.

O relatório aponta que o Facebook é o principal meio de propagação de notícias falsas, registrando 45% das mensagens inverídicas checadas pela Mafindo. Em janeiro, a empresa de Mark Zuckerberg anunciou a remoção de centenas de páginas e grupos que compartilhavam conteúdo falso e discurso de ódio.

O governo do país do Sudeste Asiático mantém uma campanha para tentar coibir a divulgação de fake news. Ainda assim, as mentiras atingem os principais candidatos no pleito.

O presidente Joko Widodo, que tem favoritismo na busca pela reeleição, foi alvo de aproximadamente 29% das notícias falsas, enquanto seu rival Prabowo Subianto foi atacado em quase 21% das mensagens, de acordo com a Mafindo.

Os dois candidatos, que também se enfrentaram nas eleições de 2014, negam responsabilidade pela divulgação de fake news. O pleito daquele ano já havia registrado campanhas de desinformação, mas o alcance das redes sociais no país era menor.

EPIDEMIA GLOBAL

A disseminação de notícias falsas marcou votações ao redor do mundo nos últimos anos.

O termo “fake news” se popularizou após a vitória de Donald Trump na corrida presidencial dos Estados Unidos em 2016. O republicano se beneficiou da circulação de mentiras nas redes sociais nos meses que antecederam o pleito.

As eleições de outubro no Brasil também registraram a propagação de conteúdo inverídico, principalmente no WhatsApp. A Polícia Federal passou a investigar o fenômeno após a Folha revelar que aliados de Jair Bolsonaro financiaram o disparo de mensagens contra adversários do capitão reformado –o presidente nega responsabilidade pela campanha de desinformação.

Depois das eleições na Indonésia, será a vez de a Índia testar o combate às fake news. O país de 1,3 bilhão de habitantes, que terá eleições parlamentares em maio, também enfrenta a disseminação massiva de notícias falsas no WhatsApp –boa parte do conteúdo inverídico impulsiona o nacionalismo hindu, corrente política representada pelo primeiro-ministro Narendra Modi.