O que os massacres em Suzano e na Nova Zelândia têm em comum?
O Brasil e a Nova Zelândia choram.
Do lado de cá do planeta, gerou perplexidade o massacre em uma escola em Suzano, na Grande São Paulo, que deixou oito mortos na quarta-feira (13). Já o país da Oceania vive “um de seus dias mais sombrios”, nas palavras da primeira-ministra Jacinda Ardern, após 49 pessoas morrerem em atentados contra duas mesquitas na cidade de Christchurch nesta sexta-feira (15) –noite de quinta no Brasil.
Não há nenhum indício de que as tragédias em Suzano e Christchurch tenham relação entre si, e as autoridades de cada país ainda investigam as circunstâncias dos ataques. Porém, saltam aos olhos algumas semelhanças entre os episódios:
1. Suspeitos parecem ter simpatia por ideologias extremistas
Autoridades e veículos de imprensa internacionais já tratam os eventos em Christchurch como ataques terroristas de extrema direita. Um homem que diz ser responsável pelos atentados publicou um manifesto de 74 páginas em que acusa imigrantes muçulmanos de tentarem promover um “genocídio contra os brancos”, ressoando o discurso de grupos radicais na Europa e nos Estados Unidos. Até o momento, quatro suspeitos foram presos.
Por outro lado, os atiradores de Suzano eram obcecados por jogos de tiro e sofriam bullying –eles, que foram encontrados mortos na cena do ataque, eram ex-alunos da escola Raul Brasil. Um dos jovens usava uma máscara de caveira, símbolo de supremacistas americanos, mas não está claro se o ataque teve motivação política. Promotores investigam a possibilidade de o massacre ter ligação com organizações radicais que promovem crimes de ódio ao redor do mundo.
2. Atiradores usaram as redes sociais para divulgar atentados
Um dos suspeitos dos atentados na Nova Zelândia transmitiu o massacre ao vivo pelas redes sociais. Após a repercussão negativa entre usuários, companhias de tecnologia procuraram apagar o vídeo –que, apesar disso, continuou sendo postado por outros perfis.
Já no Brasil, antes do ataque um dos atiradores publicou fotos em que aparece com um revólver e a máscara de caveira. O perfil do jovem no Facebook foi apagado, mas as imagens seguem circulando nas redes sociais e em sites de notícia.
3. Massacres reacendem debate sobre porte de armas
Os atentados em Christchurch devem reacender o debate sobre as regras de porte de armas na Nova Zelândia. O país tem uma das legislações sobre o tema mais flexíveis da região: há checagem de antecedentes para a emissão de licenças, mas não é necessário ter registro para a maioria das armas de fogo. Ainda não está claro se os suspeitos do massacre obtiveram as armas legalmente.
Da mesma forma, os acontecimentos em Suzano trouxeram à tona o debate sobre o direito à posse de armas, uma das principais bandeiras de campanha do presidente Jair Bolsonaro. O senador Major Olímpio (PSL-SP) chegou a dizer que a tragédia poderia ter sido minimizada se funcionários da escola estivessem armados. Por outro lado, opositores do governo temem que a flexibilização da posse de armas aumente a incidência de episódios de violência.