Saiba o que é a Caxemira, alvo de tensões entre Índia e Paquistão

A Caxemira, região dos Himalaias disputada por Índia e Paquistão, voltou a registrar confrontos nos últimos dias, aumentando o risco de guerra entre os dois países.

O gatilho dos enfrentamentos foi a explosão de um carro-bomba pelo grupo islamita Jaish-e-Mohammad no último dia 14, que matou mais de 40 soldados indianos na região. A Índia acusa o Paquistão de oferecer proteção ao grupo separatista.

Desde o atentado, aviões indianos realizaram bombardeios contra supostos alvos da facção em território paquistanês, enquanto o Paquistão derrubou duas aeronaves e capturou um piloto indiano. Trata-se do primeiro duelo aéreo entre os dois países em quase 50 anos.

Entenda as tensões na Caxemira:

1. Tensão remete à partição em 1947

As disputas territoriais entre Índia e Paquistão remontam a 1947, quando as autoridades coloniais britânicas deixaram a região e decidiram dividir o que antes era uma única colônia: o Paquistão seria um país para os muçulmanos, enquanto a Índia seria destinada aos hindus.

A partilha provocou a transferência maciça de populações, dividindo comunidades e deixando mais de 1 milhão de mortos. Desde então, foram registradas inúmeras rusgas nas regiões de fronteira, e a Índia e o Paquistão travaram quatro guerras –a última delas em 1999.

No caso da Caxemira, a maior parte de sua população era muçulmana, mas as lideranças hindus do local declararam lealdade à Índia no momento da partilha. Como resultado, a Índia ocupa a maior parte do território, enquanto o Paquistão e a China controlam o restante da área.

2. Região tem valor estratégico para os dois países

Tanto a Índia quanto o Paquistão reivindicam o controle sobre a Caxemira, um território rico em recursos hídricos. A Índia mantém forte presença militar na região com cerca de 700 mil soldados, usados de tempos em tempos para reprimir movimentos separatistas –estima-se que sejam muçulmanos 77% dos mais de 12 milhões de habitantes da Caxemira indiana.

Tanto para o Paquistão quanto para a Índia, a Caxemira é vista como uma espécie de “zona tampão”, protegendo cada país de ofensivas militares do vizinho.

Uma resolução da ONU (Organização das Nações Unidas) de 1948 ordenou a realização de um plebiscito para que a população da Caxemira pudesse decidir sobre o futuro da região, mas os governos da Índia e do Paquistão nunca permitiram que a votação ocorresse.

3. Índia e Paquistão são potências nucleares

Qualquer escalada nas tensões entre Índia e Paquistão traz consigo o temor de uma guerra nuclear. A Índia possui 110 bombas atômicas e o Paquistão, 130.

Para o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, os últimos enfrentamentos na Caxemira foram uma oportunidade para impulsionar o nacionalismo hindu a poucos meses das eleições gerais, marcadas para maio.

Nesta quinta-feira (28), Paquistão se comprometeu a devolver o piloto capturado à Índia, em um esforço para reduzir as tensões na região.

“Todas as guerras envolvem erros de cálculo”, declarou na quarta-feira (27) o primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan. “Eu pergunto à Índia: com as armas que vocês e nós temos, podemos nos dar ao luxo de cometer erros de cálculo?”