Entenda o conflito na República Democrática do Congo
A República Democrática do Congo enfrenta uma das maiores e mais complicadas crises humanitárias do mundo. Com 84 milhões de habitantes, o Congo é o quarto país mais populoso na África, e sua sociedade é fragmentada em mais de 200 grupos étnicos.
A nação centro-africana é rica em recursos minerais, como diamantes, cobalto e cobre, mas sua exploração por governantes corruptos e grupos estrangeiros deixa a população à mercê da pobreza. Um histórico de violência entre milícias agrava a situação humanitária.
Entenda o conflito no Congo:
1. Eleições podem gerar instabilidade
Os congoleses se preparam para escolher um novo presidente no próximo dia 23, em eleições que podem gerar protestos violentos e agravar a instabilidade no país. O pleito estava originalmente agendado para 2016, mas foi postergado pelo governo de Joseph Kabila, atraindo críticas da oposição e da comunidade internacional.
No poder desde 2001, Kabila finalmente deixará o cargo. O presidente escolheu Emmanuel Shadary, um aliado pouco conhecido da população, como candidato a sucedê-lo. Historicamente fragmentada, a oposição fracassou em lançar um candidato único, enquanto outros postulantes foram impedidos de concorrer.
2. Violência tem raízes no genocídio em Ruanda
As forças de segurança do Congo, apoiadas por tropas da ONU, enfrentam mais de 70 grupos armados concentrados no leste do país. Vários dos combatentes vieram fugidos da vizinha Ruanda em 1994, temendo represália das autoridades após conduzirem um genocídio contra o grupo étnico tutsi.
A presença de milícias e potências estrangeiras provocou guerras entre 1996 e 2003, matando 4 milhões de pessoas. A violência se mantém, ainda que em menor escala, deixando 500 mil refugiados e 4,4 milhões de deslocados internos.
3. Conflito agrava surto de ebola
Nos últimos meses, o Congo registrou um surto de ebola –mais de 200 pessoas contaminadas pelo vírus morreram até agora, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Ataques de grupos armados contra civis e instituições do governo dificultam o atendimento de saúde, arriscando espalhar a doença para outras regiões do país.
4. Colonização belga deixou cicatrizes profundas