Imprensa internacional vê chanceler de Bolsonaro como ‘admirador de Trump’

Veículos de imprensa estrangeiros repercutiram a nomeação do embaixador Ernesto Araújo como ministro das Relações Exteriores do governo de Jair Bolsonaro, descrevendo o futuro chanceler como um admirador do presidente americano, Donald Trump.

A escolha do diplomata para chefiar o Itamaraty, anunciada na quarta (14), seguiu recomendação de Olavo de Carvalho, pensador conservador e um dos principais ideólogos do bolsonarismo. Após a nomeação, Araújo, 51, disse em nota que guiará as relações internacionais do Brasil com “amor e coragem” –atualmente, o diplomata chefia o Departamento de Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos.

Ao noticiar a indicação, o jornal americano New York Times descreveu Araújo como “antiesquerda e autointitulado nacionalista”. A publicação também aponta que o futuro chanceler “elogiou a abordagem de Trump para a política externa, dizendo que o líder americano propõe uma visão do Ocidente baseada no resgate de seu passado simbólico”.

Já o periódico argentino La Nación afirmou que Araújo é “alinhado com a política ultradireitista” de Bolsonaro. O jornal também repercutiu a informação, revelada pela Folha em outubro, de que o diplomata mantém um blog em que chama o PT de “Partido Terrorista”.

Do outro lado do Atlântico, o diário português Público disse que a indicação de Araújo faz parte do plano de Bolsonaro para “aproximar o Brasil dos EUA, numa viragem histórica da diplomacia brasileira”.

Por sua vez, o jornal espanhol El País disse que, ao apontar Araújo como chanceler, Bolsonaro “ignora indicações de diplomatas mais moderados e nomeia um ‘trumpista’ convicto para o posto”. A publicação também apontou que a escolha cria “temores de atritos com a China”.

Para o jornal francês Le Monde, Araújo é uma “personalidade desconhecida no país”. O diário também destacou as declarações polêmicas publicadas pelo diplomata em seu blog, dentre elas a afirmação de que “fascista é o nome que os comunistas dão para qualquer inimigo do regime de terror que o PT tem intenção de instaurar no Brasil”.

No diário China Daily, controlado pelo Partido Comunista chinês, não foram feitas menções às ideias defendidas pelo futuro ministro. O jornal repercutiu uma declaração de Bolsonaro após a indicação, em que o presidente eleito diz que Araújo conduzirá a política externa brasileira “sem viés ideológico”.

À frente do Itamaraty, Araújo deverá conduzir uma guinada na política externa brasileira. Dentre seus principais desafios, estarão a crise humanitária na vizinha Venezuela e a promessa de Bolsonaro de transferir a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém, em um movimento que pode gerar mal-estar com países árabes.