Quem serão os prováveis aliados internacionais do governo Bolsonaro?

Após a vitória de Jair Bolsonaro na corrida presidencial, a política externa do Brasil deverá passar por uma reorientação radical.

“Libertaremos o Brasil e o Itamaraty das relações internacionais com viés ideológico a que fomos submetidos nos últimos anos”, afirmou o capitão reformado em discurso após a divulgação dos resultados eleitorais no domingo (28). Ademais, o assessor econômico do presidente eleito, Paulo Guedes, afirmou o que o Mercosul, eixo central do comércio exterior do país, “não será prioridade”.

Veja, abaixo, quem deverão ser os principais aliados internacionais do novo presidente:

  1. Donald Trump

Ainda no domingo, o líder americano, Donald Trump, telefonou para Bolsonaro dando-lhe parabéns pela eleição. Em comum, ambos possuem uma retórica verborrágica e um programa populista de direita, que rechaça o multilateralismo.

O presidente americano, Donald Trump (Crédito: Jonathan Ernst/Reuters)

Ao longo da campanha eleitoral, Bolsonaro viajou aos Estados Unidos e bateu continência para a bandeira americana, e prometeu abrir a economia brasileira para investimentos do país, principalmente nos setores agrícola e extrativista.

As ameaças verbais de Bolsonaro à China, principal parceiro comercial do Brasil, põem lenha na guerra comercial declarada por Trump contra a potência asiática. Não está claro, porém, até que ponto Bolsonaro pretende acirrar os ânimos de Pequim, o que poderia prejudicar ainda mais a já combalida economia brasileira.

  1. Iván Duque

Recém-eleito presidente da Colômbia, Iván Duque compartilha com Bolsonaro um programa antiesquerdista –ele se opôs, por exemplo, ao acordo de paz firmado em 2016 com as Farc (antigas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

O presidente da Colômbia, Iván Duque, recebe a faixa durante a posse em agosto (Crédito: Raul Arboleda/AFP)

Ambos deverão liderar a resposta regional à crise humanitária na Venezuela, não sendo descartada uma empreitada intervencionista contra o regime do ditador Nicolás Maduro. Além disso, Duque e Bolsonaro devem desenhar juntos uma política regional para lidar com o fluxo sem precedentes de refugiados venezuelanos, considerado um dos principais desafios da diplomacia sul-americana.

  1. Binyamin Netanyahu

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, deve ter celebrado a vitória de Bolsonaro, que prometeu transferir a embaixada brasileira para Jerusalém e romper a aproximação com a Autoridade Palestina.

Bolsonaro é batizado nas águas do Rio Jordão, em 2017 (Crédito: Reproducao/www.ocorreiodedeus.com.br)

O capitão reformado viajou a Israel durante a campanha, onde se batizou nas águas do rio Jordão. A relação amistosa entra Bolsonaro e Netanyahu deve aprofundar a cooperação militar entre Brasil e Israel, além de agradar a base evangélica do militar reformado, que vê Israel com bons olhos.

  1. Matteo Salvini

O ministro do Interior e homem-forte do governo italiano, Matteo Salvini, foi um dos primeiros líderes internacionais a celebrar a vitória de Bolsonaro. “Até no Brasil os cidadãos mandaram a esquerda para a casa!”, disse Salvini, líder da Liga, legenda ultradireitista e xenófoba, em rede social.

Salvini pode vir a pressionar a União Europeia para coibir declarações e sanções contra o Brasil diante de eventuais violações ambientais e de direitos humanos associadas ao governo Bolsonaro. Além disso, o capitão reformado deve encontrar em Salvini um ponto de apoio entre os países desenvolvidos para sua retórica antiliberal.