#EleNão se soma a protestos de mulheres ao redor do mundo; veja 5 exemplos
Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas de cidades no Brasil no sábado (29) contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência. Os protestos foram convocados sob o slogan #EleNão por movimentos feministas, que veem o militar reformado como uma ameaça às minorias, e se juntam a grandes mobilizações de mulheres ao redor do mundo.
Manifestações de mulheres em diferentes lugares apresentam reivindicações específicas, mas, no geral, põem em evidência os debates sobre violência sexual e igualdade de gênero. Veja, abaixo, grandes protestos de mulheres registrados em cinco países nos últimos anos:
Estados Unidos
Em 21 de janeiro de 2017, um dia depois da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, manifestações organizadas por feministas reuniram milhares de pessoas em diferentes cidades do país e ao redor do mundo.
Desde então, as mulheres têm se colocado na linha de frente da oposição contra o governo do republicano, e a participação de candidaturas femininas nas eleições legislativas de novembro é a maior da história. Ao mesmo tempo, o surgimento de denúncias de assédio sexual contra Trump e seus aliados têm aumentado o isolamento do governo –no escândalo mais recente, o escolhido do presidente para ocupar uma vaga na Suprema Corte, Brett Kavanaugh, se tornou alvo de uma investigação do FBI (polícia federal americana) sob suspeita de agredir mulheres.
Argentina
Nos últimos meses, a Argentina assistiu a grandes manifestações de mulheres em defesa da legalização do aborto. Segundo dados oficiais, mais de 350 mil abortos são praticados clandestinamente a cada ano no país.
Contrariando a vontade das manifestantes, o Senado do país rejeitou em agosto um projeto de lei que autorizaria a interrupção voluntária da gravidez. Apesar da derrota no Congresso, o movimento deu protagonismo inédito às mulheres no país latino-americano e pôs em evidência o debate sobre direitos reprodutivos na região.
Chile
Também neste ano, milhares de estudantes chilenas protestaram contra casos de abuso sexual em universidades e escolas. O movimento teve início em abril com ocupações de prédios universitários por movimentos feministas e tomou as ruas do país, ampliando o debate público sobre a violência de gênero.
As manifestações por uma “educação não sexista” tiveram como alvo principal o assédio nos ambientes de ensino, mas também puseram em evidência as demandas por maior representação feminina nos órgãos de liderança e pelo oferecimento de disciplinas com perspectiva de gênero. Em resposta aos protestos, o presidente Sebastián Piñera anunciou novas medidas para promover a igualdade de gênero no país.
Irã
No início deste ano, ativistas iranianas aproveitaram uma onda de protestos contra o regime do país para expressar sua oposição à lei, imposta após a Revolução Islâmica de 1979, que obriga mulheres a usarem véus.
Mulheres foram vistas retirando seus véus em lugares públicos e receberam apoio de outras mulheres que, mesmo preferindo adotar a vestimenta, se opõem à obrigatoriedade do seu uso. As autoridades do país detiveram dezenas de manifestantes e acusaram potências estrangeiras de instigarem os protestos.
África do Sul
Organizações de mulheres da África do Sul organizaram atos contra a violência de gênero em agosto, como parte das atividades do Mês da Mulher no país.
As manifestantes denunciaram casos de assassinato e estupro, em particular contra mulheres jovens –segundo dados da Organização Mundial da Saúde, o índice de feminicídio na África do Sul é cinco vezes maior que a média global.