Sob críticas, começa julgamento sobre morte de ambientalista em Honduras
Começa nesta segunda-feira (17) em Honduras o julgamento de oito suspeitos de envolvimento no assassinato da líder indígena e ambientalista Berta Cáceres, morta a tiros há dois anos e meio.
Um grupo de advogados estrangeiros acompanhará o processo para averiguar sua lisura –o julgamento deve seguir até 19 de outubro. Familiares de Cáceres têm criticado as investigações do crime por pouparem os mandantes do assassinato.
Cáceres foi morta em 2 de março de 2016 por atiradores que invadiram sua casa em La Esperanza, no oeste do país. Um ativista mexicano que também estava no local sobreviveu ao atentado com ferimentos.
Vencedora do Prêmio Ambiental Goldman em 2015, Cáceres liderou uma campanha contra a construção de uma barragem no rio Gualcarque. Além dos impactos ambientais da obra, o projeto afetaria comunidades indígenas que vivem na região.
Funcionários da DESA, empresa responsável pela construção da barragem, estão entre os detidos pelo assassinato da ambientalista –os suspeitos negam envolvimento no crime. Após o assassinato de Cáceres, investidores internacionais abandonaram o projeto.
PERSEGUIÇÃO CONTRA ATIVISTAS
Para a ONG Greenpeace, o julgamento do caso Cáceres pode representar “um marco” no combate à violência contra defensores do ambiente.
“Este julgamento é uma chance para mostrar aos governos e corporações ao redor do mundo que eles não podem mais se safar da perseguição contra defensores do ambiente. É uma chance para acabar com a corrupção e a impunidade que permitiram que muitos dos assassinos ficassem livres, e para nos colocar no caminho da justiça”, afirmou o Greenpeace em nota.
Ao menos 207 defensores do ambiente foram assassinados ao redor do mundo em 2017, de acordo com a ONG Global Witness. O Brasil registrou 57 dessas mortes, sendo considerado um dos países mais perigosos para ambientalistas.
A perseguição contra ambientalistas e defensores de direitos humanos no país ganhou notoriedade com o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) no Rio, em março. Após seis meses, o crime ainda não foi esclarecido.