Por que as eleições turcas são tão importantes?

Se vocês leram a Folha nestes últimos dias, devem ter notado que temos acompanhado de perto as eleições na Turquia. O autor deste Mundialíssimo blog passou a semana nesse país de 80 milhões de habitantes. Publicamos, por exemplo, uma reportagem sobre o embate entre religião e secularismo. Ouvimos, também, uma família de refugiados sírios que vive hoje em um casarão otomano do século 19. Mas por que estas eleições, tão distantes do Brasil, são relevantes?

Se precisar ser convencido, veja quatro razões para se importar com esse pleito. As imagens são do fotógrafo brasileiro Ian Cheibub.

Pescadores na ponte de Galata, em Istambul. Crédito Ian Cheibub/Folhapress

1. É UM PAÍS IMPORTANTE LOCAL E GLOBALMENTE
A Turquia é um das forças mais potentes da Otan, a aliança militar ocidental. O país, que tem fronteiras com a União Europeia, é vizinho também de nações bastante importantes: Síria, Iraque e Irã. Sua estabilidade e segurança são, portanto, fundamentais ao mundo.

2. O ATUAL PRESIDENTE TRANSFORMOU A NAÇÃO
Recep Tayyip Erdogan, que concorreu à reeleição, está no poder há 15 anos. Ele foi premiê de 2003 a 2014 e é presidente desde então. Como mostramos em uma reportagem neste domingo (24), Erdogan comandou um milagre econômico e fez de seu país mais conservador.

3. A TURQUIA TEM CERCEADO A IMPRENSA LIVRE
Para desgosto de seus aliados europeus, Erdogan governa com uma mão cada vez mais dura. Dos dez jornais mais lidos no país, sete são controlados pelo governo ou por aliados. Somado a isso, depois de uma tentativa fracassada de golpe em 2016, ele deteve 140 mil pessoas.

4. A OPOSIÇÃO SE UNIU PARA DISPUTAR A ELEIÇÃO
Em um gesto inédito que complicou a situação do presidente, três partidos de oposição se uniram para disputar o pleito: o social-democrata CHP, o conservador IYI e o religioso Saadet. São forças bastante diferentes, mas com um interesse em comum: vencer Erdogan. Sem essa aliança, o resultado seria bastante diverso.

Cartaz de campanha em Istambul. Crédito Ian Cheibub/Folhapress