6 análises sobre o populismo para ler em 2018

Depois de o Reino Unido decidir em junho deixar a União Europeia e de os EUA elegerem Donald Trump em novembro de 2016, o mundo chegou a 2017 discutindo os avanços do populismo na política. Essa ideologia, comum a ambos os eventos históricos, foi um dos fantasmas deste ano.

Já prestes a atravessar o umbral de 2018, o globo continua atento a essa tendência que marcou também as recentes eleições na Alemanha, na França e na Áustria — onde aliás um governo foi formado neste mês incluindo um partido de extrema direita, sendo alvo de pedidos de boicote.

O populismo deve continuar em pauta nos próximos meses e reaparecer, por exemplo, no pleito italiano de março. Sendo assim, este Mundialíssimo blog aproveita o Ano-Novo para sugerir seis análises sobre o tema publicadas em veículos como a Folha, o “Washington Post” e o “El País”.

POPULISMO LATINO
Luciana Coelho, editora de “Mundo” na Folha, publicou uma análise traçando o cenário internacional de 2018. “Após dois anos de assustador avanço do populismo nos EUA e na Europa, 2018 será o ano de o Brasil e seus vizinhos de América Latina serem postos à prova, com quatro eleições importantes na região e uma aguardada transição de poder em Cuba”, ela escreveu.

TENDÊNCIA EM PAUSA
O articulista Charles Krauthammer argumentou no diário americano “Washington Post” que a onda populista do “brexit” e de Trump arrefeceu durante 2017, com importantes derrotas, por exemplo, na Holanda e na França. “Em retrospecto, o pânico quanto ao populismo pode ter sido exagerado”, escreveu. “Sobre o ‘brexit’, por exemplo, o choque exagerou seu significado.”

FALSA PROMESSA
Discordando de Krauthammer, citado nominalmente no texto, a “Foreign Policy” argumenta em um artigo recente que o populismo tem crescido desde 2016 e não demonstra sinais de desacelerar. Partidos populistas europeus tinham em média 9,6% dos votos em 2000, 17,2% em 2008 e têm agora 24,6%, segundo as contas da “FP” — que desenvolveu seu próprio método, descrito no texto.

BOA SAÚDE
O jornal francês “Le Monde” identifica uma “boa saúde” do populismo durante 2017. “É muito cedo para soar as trompetas e anunciar o refluxo da corrente anti-migração, anti-globalização e eurocética”, segundo o editorialista Alain Frachon. “A extrema direita está no poder na Polônia, na Hungria, na República Tcheca, em progresso na Holanda e chegou ao governo na Áustria.”

RECESSÃO DEMOCRÁTICA
Antón Costas faz um balanço de 2017 no jornal espanhol “El País” e diz que vivemos uma “recessão democrática” desde o voto no “brexit” em junho de 2016. Sua interessante tese é de que a crise financeira mundial de 2008 não causou apenas dano às economias, mas também à democracia.

O QUE É POPULISMO?
O “Guardian” sugere um livro sobre o populismo, fenômeno que o jornal britânico diz ser a “característica política definidora da nossa era”. “É claro que todo político quer ser popular. Mas o populismo é caracterizado por uma lógica interna bastante específica que ameaça as fundações da democracia”, diz o diário. A obra resenhada é “O Que É Populismo”, de Jan Werner Muller.