Que notícias falsas circulam sobre a Catalunha?
Marta Torrecillas protegia urnas no plebiscito catalão de 1º de outubro quando a polícia espanhola quebrou seus dedos. Um a um. Policiais tocavam seus seios às gargalhadas e lhe empurraram escada abaixo, em uma cena que se tornou um dos símbolos da violência estatal na Catalunha.
Terrível, exceto por um detalhe — não aconteceu.
A ação narrada por Torrecillas, circulada via Whatsapp, foi desmentida. Ela própria apareceu na televisão e explicou que tinha uma inflamação em um dos dedos. O causo entrou, assim, para uma já longa lista de notícias falsas (as famigeradas “fake news”) em torno do separatismo catalão.
La mujer q denunció q un @policia le rompió 1 a 1 los dedos de la mano, confiesa en TV3 que tiene una especie de capsulitis en un sólo dedo pic.twitter.com/miy6jKL36S
— Daniel Sirera (@danielsirera) 2 de outubro de 2017
Repórteres espanhóis têm se dedicado a esclarecer que mentiras têm sido utilizadas nessa crise espanhola. O jornal americano “Washington Post” escreveu recentemente sobre o trabalho de Clara Jimenez Cruz, do projeto on-line Maldito Bulo, especializado nessa área. Jimenez afirmou que:
Na Catalunha, com os sentimentos dos dois lados envolvidos, as pessoas estão dispostas a acreditar em qualquer história que favoreça seu argumento. Consumidores das redes sociais têm recebido bastantes notícias falsas.
O diário espanhol “El País” tem compilado também esses casos nestas semanas, apontando à interferência russa na disseminação de mensagens falsas e aos interesses da extrema-direita.
O “El País” notou, por exemplo, que uma imagem de uma vítima da violência policial na Catalunha correspondia a um protesto de 2012 — era a primeira fotografia que aparecia na busca por “homem cabeça sangrando” no Google. Há outros casos neste link, e o “El Mundo” tem também sua lista.
Outro caso já icônico é o da fotografia de policiais cercando uma multidão com uma bandeira independentista catalã. O lábaro não estava na imagem original, o que fez com que usuários da internet produzissem suas próprias interpretações — a vencedora mostra a aglomeração de pessoas erguendo a personagem Khaleesi de “Game of Thrones”. Ambas as montagens estão abaixo:
Foto de Pulitzer. Ho sento, no se qui és l’autor… | Vía @MainatJM #DerechoADecidir #Catalunya pic.twitter.com/tYcwqeIRVB
— Adán González (@rpkampuchea) 1 de outubro de 2017
Impresionante foto de Pulitzer que pasará a la historia ! pic.twitter.com/U6KMRHn3z6
— Fer Novato (@fer_novato) 1 de outubro de 2017