Quantas bombas os EUA lançaram durante 2016?
O mandato do presidente americano Barack Obama chega ao fim neste dia 20, quando o republicano Donald Trump assume o cargo. Vocês vão se deparar, neste meio-tempo, com diversas análises sobre o legado de Obama. Uma pesquisa recente mostra, por exemplo, que menos de metade dos americanos acreditam estar melhor hoje do que há oito anos, quando ele foi eleito.
Do ponto de vista militar, as análises desse período vão se lembrar de que Obama — que recebeu um prêmio Nobel da Paz — esteve por trás de diversas intervenções ao redor do mundo, em especial no Oriente Médio. Apenas em 2016 os EUA despejaram 26.171 bombas em sete países, de acordo com um relatório publicado pelo Council on Foreign Relations.
A estimativa é, segundo o autor Micah Zenko, “sem dúvida bastante baixa”. Não há informações disponíveis sobre todos os países e o Pentágono conta ataques múltiplos como apenas um só. Mesmo assim os EUA lançaram 3.027 bombas a mais em 2016 do que no ano anterior.
A maior parte das bombas foi utilizada em apenas dois países: a Síria e o Iraque, região em que o Exército norte-americano combate a organização terrorista Estado Islâmico. O número apresentado pelo relatório do Council on Foreign Relations é um cálculo a partir do total de bombas lançadas ali e da participação, em porcentagem, dos EUA dentro da coalizão internacional contra a milícia radical.
É difícil entender o que esse número significa e qual é a diferença entre lançar uma e mil bombas. Mas, quando estive no Iêmen para relatar os efeitos dos bombardeios americanos, pude ter uma ideia melhor das consequências da intervenção militar. Àquela época, um iemenita me mostrou fotos de corpos destroçados e resumiu: Este é o presente dos EUA para o Iêmen. Os constantes ataques ali, no combate ao terrorismo, levaram a uma maior radicalização.
Segundo uma análise publicada pelo jornal britânico “Guardian”:
O que [o governo Obama] tem a mostrar após oito anos de combates em tantas frentes? O terrorismo espalhou-se, nenhuma guerra foi ganha e o Oriente Médio está consumido por mais caos e divisões do que quando o candidato Barack Obama declarou sua oposição à invasão do Iraque.