Pós-verdade é escolhida palavra do ano por Oxford
A palavra “pós-verdade” apareceu duas vezes na Folha durante 2011. Uma, em 2015. Mas, apenas durante o último mês, o termo repetiu-se quatro vezes — aqui, aqui, aqui e aqui. Não por acaso. “Pós-verdade” foi escolhida pelos Dicionários Oxford como a palavra deste ano, após ter sido especialmente adequada para descrever os acontecimentos políticos recentes, como a vitória de Donald Trump nos EUA ou o referendo britânico pela saída da União Europeia.
Não, você não precisa perguntar. O Mundialíssimo responde espontaneamente. Segundo Oxford, “pós-verdade” é um adjetivo “relacionado ou denotando circunstâncias em que fatos objetivos são menos influentes na formação da opinião pública do que apelos à emoção e à crença pessoal”. O termo teve aumento de 2.000% no seu uso durante este ano.
O jornal britânico cita Casper Grathwohl, presidente dos Dicionários Oxford:
Não é surpreendente que a nossa escolha reflita um ano dominado por discursos políticos e sociais altamente carregados. Alimentada pela ascensão da mídia social como fonte de notícias e pela crescente descrença nos fatos oferecidos pelo establishment, a “pós-verdade” como conceito tem encontrado seu lugar linguístico.
“Pós-verdade” foi utilizado pela primeira vez em um ensaio de 1992 escrito pelo dramaturgo Steve Tesich, referindo-se a um escândalo na Guerra do Golfo. “Nós, como um povo livre, escolhemos livremente que queremos viver em um mundo de pós-verdade”, ele registrou.
O “pós”, nesse termo, não se refere simplesmente a “depois”. O sentido está relacionado a palavras como “pós-nacional” ou “pós-racial”, em que os conceitos se tornaram irrelevantes. A “política de pós-verdade” seria, assim, uma política marcada pela irrelevância da verdade, soterrada pela emoção. Como no referendo britânico ou na eleição americana.
Um exemplo do uso do termo — em uma entrevista recente à Folha, o articulista e jornalista britânico John Carlin disse à repórter Sylvia Colombo que “estamos vivendo na era da pós-verdade, em que em que mentir de forma desavergonhada premia os políticos que o fazem”.
Veja abaixo alguns dos outros termos que concorriam à “palavra do ano” dos Dicionários Oxford:
adulting
Substantivo. Comportar-se da maneira característica de um adulto responsável, especialmente no cumprimento de tarefas mundanas porém necessárias.
brexiteer
Substantivo. Pessoa que está a favor de que o Reino Unido deixe a União Europeia.
coulrophobia
Substantivo. Medo extremo ou irracional de palhaços.
latinx
Substantivo. Pessoa de origem latina (usado como alternativa de gênero neutro para “latino” ou “latina”).