Guia de leitura para as eleições nos EUA

Não sei se você, Mundialíssimo leitor, já percebeu: os Estados Unidos votam nesta terça-feira (8) para presidente, escolhendo entre a democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump. A disputa é há meses um dos principais temas do noticiário, mas você talvez tenha decidido ser hipster e desviado do assunto. O problema é que agora não há mais escapatória — você pode até continuar lendo apenas sobre política islandesa, mas vai surgir o momento em que será necessário debater o pleito americano. Qual vão ser os seus argumentos, durante os próximos dias?

Shh, shh, acalme-se. Este post foi pensado justamente em você. Veja abaixo uma lista de sugestões do que ler para discutir as eleições americanas como se você sempre tivesse se interessado pelo assunto. Todos os textos abaixo foram publicados pela Folha.

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QUEM É HILLARY CLINTON?
Hillary foi descrita por Carlos Eduardo Lins da Silva, que foi correspondente da Folha em Washington, como “inquieta e belicosa”. “A campanha, talvez a mais brutal da história, ressaltou dois pontos centrais de sua personalidade. Um, que até Trump reconheceu como qualidade, é a resiliência. O outro lhe tem custado muito. É a tendência para tentar encobrir fatos desfavoráveis.”

QUEM É DONALD TRUMP?
Trump é, segundo Sérgio Davila, “um candidato impossível, num partido improvável”. Dávila é editor-executivo da Folha. “Não faltaram xingamentos e ofensas ao longo dos 16 meses em que o bilionário cruzou o país vendendo-se como bom gestor e político antiestablishment.”

MULHERES VOTAM EM HILLARY POR DEFINIÇÃO?
Não. Como mostra a correspondente Anna Virginia Balloussier, a candidata democrata desagrada muitas feministas. “A acadêmica Yasmin Nair define o feminismo de Hillary como ‘aquele típico de uma mulher branca e rica’. Sua proximidade com Wall Street, escancarada em discursos vazados pelo WikiLeaks, causa desconfiança.”

E OS INTELECTUAIS NECESSARIAMENTE ODEIAM TRUMP?
Também não. Raul Juste Lores escreveu sobre quem, contra a corrente, apoia o candidato republicano. “Trump é nossa melhor opção porque não se trata mais do establishment republicano versus o democrata, cada vez mais parecidos e cheios de lobistas. Ele é a soma da crescente frustração com a política tradicional, do Occupy Wall Street ao Tea Party”, diz um diplomata entrevistado pelo repórter.

QUAL É A PARTICIPAÇÃO DOS LATINOS?
O gigante latino acordou, segundo Patrícia Campos Mello, e esses eleitores estão batendo recordes. “Até a semana passada, a votação antecipada de hispânicos na Flórida já superava em 170 mil votos a de 2012. As projeções de comparecimento são muito altas —em 2012, 48% dos hispânicos votaram.”

OS MUÇULMANOS TERÃO ALGUM PAPEL?
Apenas 4% dos muçulmanos têm intenção de votar em Trump. Ele havia, afinal, sugerido que eles fossem impedidos de entrar no país. “De acordo com uma pesquisa realizada pelo Cair (Conselho das Relações Americanas-Islâmicas), mais de 86% dos muçulmanos registrados para votar têm a intenção de participar das eleições. Deles, 72% planejam votar na democrata Hillary Clinton.”

O QUE O MUNDO PREFERE?
Boa parte apoia Hillary. A União Europeia, por exemplo, preocupa-se que Trump signifique instabilidade para o bloco. Mas radicais no Irã preferem o republicano para interromper o acordo nuclear. “Um eventual mandato do republicano seria mais previsível e menos intervencionista” para os iranianos, segundo Thais Bilenky.

DE ONDE SAI TANTO DINHEIRO?
Políticos americanos passam até metade de seu tempo em busca de doações. Marcus André Melo analisa por que há tanto dinheiro nesse pleito. “O padrão de financiamento na campanha presidencial nos EUA não tem paralelo. Embora haja financiamento público, os candidatos o têm rejeitado porque sua aceitação implicaria teto de gastos.”