O que Hillary e Trump se esqueceram de discutir no debate eleitoral?
A essa altura vocês já devem ter lido as reportagens da minha colega Anna Virginia Balloussier sobre o debate entre os candidatos à Casa Branca. Realizada na segunda-feira (26), a disputa teve audiência recorde e terminou com a democrata Hillary Clinton à frente do republicano Donald Trump.
A internet está, nesta quarta-feira (28), infestada por reportagens, análises e “memes” sobre os temas discutidos pelos candidatos. Quem acertou, quem errou, quem mentiu. Mas este Mundialíssimo blog sugere outra perspectiva: que temas foram esquecidos por Hillary e Trump?
A rede britânica BBC tem uma lista desses assuntos. O mais impactante é a Síria. Ambos os candidatos deixaram de mencionar, por exemplo, a cidade de Aleppo, duramente bombardeada durante esta semana e soterrada em uma catástrofe humanitária. Segundo a BBC:
Enquanto os candidatos falavam, cerca de 250 mil sírios presos no leste de Aleppo continuavam a ser bombardeados por ataques aéreos devastadores que foram descritos como possíveis crimes de guerra. O governo americano tem desempenhado um papel de liderança na crítica ao governo sírio e a seus apoiadores russos, mas nenhum dos candidatos mencionou isso. Apenas um dos segmentos do debate tocou no tema da política externa.
Por outro lado, Hillary e Trump debateram a ameaça da organização terrorista Estado Islâmico e o acordo nuclear com o Irã. Ter se “esquecido” da Síria pode significar que o assunto não é tão relevante ao eleitorado americano, ou que prejudicaria a ambos mais do que ajudaria.
O jornal americano “Washington Post” registra que Aleppo não foi o único tema internacional esquecido pelos dois candidatos. Um analistas entrevistado pelo diário diz que é “curioso” como alguns assuntos foram deixados de lado. Por exemplo, a proposta de Trump de construir um muro separando os EUA do México.
Também foi “curioso” o fato de que os candidatos deixaram de mencionar Israel, ao contrário do visto em discussões passadas. O jornal israelense “Jerusalem Post” publicou uma análise sobre como o país não foi, desta vez, o centro do debate –mesmo em temas aos quais Israel é uma das partes mais interessadas, como o acordo nuclear com o Irã.