Afinal, quantas pessoas morreram em 5 anos de conflito na Síria?
Hoje, 15 de março, é um aniversário sombrio. A data marca o início das manifestações e da repressão na Síria que, há cinco anos, devastam o país. Durante meia década de confronto, o território foi destruído pelos ataques do regime e da oposição armada, e parte dele está sob o controle da organização terrorista Estado Islâmico. Quase 5 milhões de sírios se refugiaram em outros países, e outros milhões foram forçados a deslocar-se dentro das fronteiras.
A Folha publicou hoje a história de Razan Suliman, 26, refugiada em São Paulo. Ela vive com o auxílio de uma mesquita e com as doações que arrecada via Facebook. Ela é uma entre milhões de vítimas do conflito sírio.
Mas a notícia nos traz de volta a uma questão que tem sido discutidas nos últimos anos:
Afinal, quantas pessoas morreram durante os cinco anos de conflito na Síria?
Ninguém sabe. Em conflitos como esse, em que organizações internacionais não podem trabalhar em campo, é impossível monitorar o número de mortos. Jornais costumam citar a estimativa da ONU de mais de 250 mil mortos –mas o número foi divulgado em agosto de 2015, e não foi atualizado desde então.
Por que não atualizam?
Devido à impossibilidade de averiguar as informações. Segundo o jornal americano “Washington Post”, a ONU “tem acesso limitado à Síria. Para fazer suas estimativas, precisa confiar no trabalho de terceiros na Síria que fazem sua própria conta do número de mortos”.
Que organizações estimam os mortos? Me dá um exemplo?
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que tem seu escritório em Londres. Essa organização, liderada por Rami Abddulrahman, se baseia em informações extraídas de sua rede de contatos na Síria. Os números são confirmados por diversas fontes, antes de serem publicados, mas não é possível afirmar com certeza quantas vítimas há no país. O Observatório diz que 370 mil pessoas morreram.
Essa é a estimativa mais alta?
Não. Em dezembro, o Syrian Center for Policy Research estimou que 470 mil pessoas morreram desde março de 2011 na Síria.
Essa divergência entre as estimativas é uma coisa específica do conflito sírio?
Não. O “Washington Post” menciona, por exemplo, o Iraque desde a invasão americana de 2003. Há estimativas de que houve 242 mil mortos nos confrontos. Mas há também levantamentos que apontam 655 mil vítimas.