O que está acontecendo na Líbia, desde a queda do Gaddafi?

Há cinco anos, manifestações na Líbia pediam pela queda do então ditador Muammar al-Gaddafi. Ele foi capturado por rebeldes, arrastado da areia e morto. Seu corpo, em um show de horrores, foi exibido a jornalistas dentro de um frigorífico. Com o ditador morto, o país pôde finalmente completar sua transição rumo à democracia. Certo? Não.

Hoje a Líbia vive uma guerra civil entre diferentes milícias que, quando não estão combatendo umas às outras, estão disputando território com a organização terrorista Estado Islâmico. O país tem um governo em Tobruk, reconhecido por atores internacionais, e outro paralelo em Trípoli. O conflito deixou, desde 2014, 5.000 mortos.

Vocês provavelmente perderam os detalhes desses confrontos, nos últimos anos, e não é de se estranhar. Foi um período marcado por uma guerra na Síria que, segundo algumas estimativas, deixou 500 mil mortos. Há conflito no Iêmen, no Iraque. O Egito lida com terroristas no deserto do Sinai. Na Turquia, há atentados e tensão entre o governo e a população curda. Ninguém está culpando vocês –é realmente difícil acompanhar todas as más notícias.

Mas este Mundialíssimo blog aproveita o ensejo das recentes derrotas do Estado Islâmico na Líbia para indicar quatro leituras sobre este país, que derrubou seu ditador em outubro de 2011 mas ainda não solucionou sua crise.

“ERA SIMPLES. LUTÁVAMOS PELA LIBERDADE”
O jornal  britânico “Guardian” publicou recentemente uma reportagem sobre os cinco anos da Primavera Árabe na Líbia. Um estudante de medicina compara a luta daquela época com a atual: “Lá atrás, era simples, nós lutávamos pela liberdade. Mas em boa parte do tempo, nos perguntamos: valeu a pena?”.

“GAME OF THRONES DA VIDA REAL”
O diário americano “New York Times” resumiu nesta semana a situação na Líbia como um “Game of Thrones da vida real”. “O conflito é motivado por medo, mágoa, ambição e dinheiro, especialmente as reservas internacionais –em queda, mas ainda consideravelmente altas, estimadas atualmente em US$ 85 bilhões.”

ATAQUES SECRETOS FRANCESES
O jornal francês “Le Monde” afirmou, nesta semana, que a França tem realizado ataques aéreos secretos contra bases do Estado Islâmico na Líbia. O país poderia estar envolvido, por exemplo, nos bombardeios que mataram um dos líderes da organização terrorista, Abu Nabil, em novembro de 2015.

O ESTADO DO ESTADO ISLÂMICO NA LÍBIA
A revista “Foreign Policy” escreveu neste mês sobre o Estado Islâmico na Líbia, e sobre como a batalha pelo território ali não será como no Iraque e na Síria –onde a organização terrorista controla uma considerável fatia de terreno. Em primeiro lugar, pela competição com outras milícias armadas. Mas também porque não há hoje, na Líbia, tensões sectárias como aquelas vividas entre xiitas e sunitas no Iraque e na Síria, das quais se alimenta o EI.