Quem são os turcomenos, minoria étnica entre Turquia e Rússia?
O Exército turco derrubou na terça-feira (24) um avião russo que havia invadido seu espaço aéreo. Vladimir Putin, presidente da Rússia, definiu a ação como uma “punhalada nas costas”. O embate, analisa Igor Gielow, demonstra os riscos de uma escalada na região.
A crise entre Turquia e Rússia envolve, porém, um terceiro ator político nem sempre mencionado: os turcomenos. Etnicamente turca, essa população vive na região de Síria, Iraque e Irã desde o século 11. São entre 1,5 e 2,5 milhões de pessoas –frequentemente citadas pelo governo turco em sua retórica externa.
Ao justificar o abate do avião russo, por exemplo, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan afirmou que o país tem o direito de defender “nossos irmãos e irmãs –turcomenos”. O gesto, sugere o jornal americano “Washington Post”, é um gesto para esse grupo minoritário na região.
Os turcomenos são uma entre diversas etnias no Oriente Médio. No Iraque, se dividem entre sunitas e xiitas. Na Síria, são de maioria sunita.
O governo turco repetidamente demonstrou preocupação em relação aos ataques russos à Síria, que têm incluído rebeldes turcomenos entre seus alvos. Centenas de turcomenos fugiram da região rumo à Turquia devido aos bombardeios russos, informa a rede de TV Al Arabiya.
Após a queda do avião russo, ficou clara a posição central da população turcomena na crise entre Ancara e Moscou. Um comandante rebelde turcomeno afirmou à agência de notícias Reuters que seus militantes mataram soldados russos que haviam sido ejetados da aeronave.
Desde o início da crise na Síria, em 2011, grupos armados turcomenos têm combatido –com apoio turco, segundo especialistas– as forças do regime sírio de Bashar al-Assad. Há diversas brigadas, parte delas aliadas às forças curdas, o que complica ainda mais o cenário regional.