5 mapas desenhados para convencer você de alguma coisa
A biblioteca da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, disponibiliza desde setembro deste ano seu acervo digital de 700 mapas de propaganda –ou “mapas persuasivos”, como prefere classificá-los o responsável pela coleção, PJ Mode.
São representações cartográficas produzidas para convencer seus leitores de alguma coisa. Alguns deles, sobre a desigualdade social. Outros, sobre as más intenções dos impérios. Territórios parecem maiores do que são, ou chegam mais longe do que suas fronteiras, ou estão mais próximos do que deveriam estar.
PJ Mode, um historiador amador, reuniu esses mapas durante as três últimas décadas. À revista “National Geographic” ele afirmou que, por ser considerada confiável, a cartografia é uma poderosa ferramenta para a promoção de um ponto de vista específico. “Os mapas têm uma credibilidade inerente. Somos treinados desde a infância a confiar neles.”
Segundo o autor do texto da “National Geographic”,
Analisada como um conjunto, a coleção de mapas é um lembrete de que, apesar de haver beleza na verdade, um ponto de vista enviesado pode ser sedutor também. E nenhum mapa –mesmo os feitos a partir das mais escrupulosas pesquisas– está completamente livre de decisões editoriais ou pontos de vista.
Este Mundialíssimo blog foi ao acervo da Universidade Cornell e reuniu, aqui, cinco dessas ilustrações. Vejam abaixo.
O QUE A ALEMANHA QUER?
Mapa produzido em torno 1917 marcando em vermelho as áreas teoricamente cobiçadas pela Alemanha. A ilustração inclui, também, as declarações de 23 “líderes do pensamento alemão” justificando suas ambições territoriais, incluindo Otto Richard Tannenberg, autor de “A Grande Alemanha” (1911). Sim, o Brasil está pintado de vermelho.
PORTUGAL NÃO É UM PAÍS PEQUENO
Este mapa foi criado por Henrique Galvão (1895-1970) em 1934. Reproduz, em um cartão postal, as dimensões de Portugal e seus territórios coloniais em comparação com a Europa. Segundo a descrição deste mapa, no acervo de PJ Mode, “não é incomum que mapas persuasivos sejam reproduzidos e distribuídos como cartões postais, uma maneira barata de chegar a grandes públicos”.
A RÚSSIA É UM POLVO
Kisaburo Ohara desenhou esta representação da Europa e da Ásia retratando a Rússia como um polvo meio fofo, meio asqueroso. Os tentáculos se agarram por todos os lados, incluindo Finlândia, Polônia, Turquia e Tibete. Não à toa um braço se alonga até Port Arthur, hoje o distrito chinês de Lushunkou –a posse desse território foi “casus belli” para a guerra entre Japão e Rússia, em 1904-1905. O povo é uma imagem recorrente nesse tipo de mapa.
O PAPA AMERICANO
Criação de Udo Keppler em 1894, este mapa apareceu na “Puck Magazine” em 5 de setembro como uma ilustração contrária à Igreja Católica. O homem sentado no mapa é o cardeal Francesco Satolli, escolhido um ano antes como primeiro delegado papal dos Estados Unidos. Na ilustração, sua sombra maligna se deita em cima das escolas públicas do país. Um texto editorial no lado de trás da ilustração registrava: “Temos um Papa, e ficou apenas um pouco mais impossível para um homem ser um bom católico e um bom americano”.
A MÁ POLÍTICA DA ESCRAVIDÃO
O autor deste mapa, James Cross era um mercador bem-sucedido que liderava um movimento contrário à escravidão. A ilustração foi publicada em 1823 com o argumento de que os impostos cobrados do açúcar aumentavam os preços e inibiam a manufatura na Inglaterra. Segundo Cross, a eliminação das proteções tarifárias levariam ao fim da escravidão. O mapa identifica regiões produtoras de açúcar e critica as políticas que incentivavam a prática escravista relacionada a esse cultivo.