O que é o vírus do MERS, que está se espalhando na Coreia do Sul?

Diogo Bercito
Coreano é testado para o vírus do MERS. Crédito Reuters
Coreano é testado para o vírus do MERS. Crédito Reuters

Para quem já se esqueceu do ebola, o vírus que aterroriza agora a comunidade internacional é o do MERS. Vocês talvez nunca tenham ouvido falar dessa infecção, que há anos tem feito vítimas na Arábia Saudita, mas o surgimento de dezenas de casos na Coreia do Sul trouxe essa sigla às manchetes.

Foram confirmados nesta quinta-feira (11) 14 novos casos. Com esses, são 122 no total. Dez pessoas já morreram no país, causando grave dano à economia local. Mais de 50 mil turistas cancelaram suas viagens à Coreia do Sul neste mês, e o banco central do país cortou as taxas de juros antecipando uma crise. Mais de 2.000 escolas foram fechadas.

Com a ajuda de uma reportagem recente da revista “National Geographic” e de um manual do governo americano, o Mundialíssimo blog responde abaixo a algumas perguntas sobre o MERS.

Ainda estou empacado no nome. O que é MERS?
É o inglês para Síndrome Respiratória do Oriente Médio. É uma infecção causada por um coronavírus (uma família viral que causa doenças respiratórias). O MERS surgiu na Arábia Saudita, em 2012, e matou quase 40% das mais de mil pessoas que infectou. Se você estiver curioso, clique aqui para ler o código genético do bichinho.

Ilustração do vírus que causa o MERS. Crédito Symmation
Ilustração do vírus que causa o MERS. Crédito Symmation

Como ele se espalha?
Ao que parece, dificilmente há contágio entre pessoas. As vítimas são infectadas pelo contato com camelos ou em clínicas que tratem de doentes. O vírus chegou à Coreia do Sul por um homem que havia visitado a Arábia Saudita, contagiando dezenas de outras pessoas –uma delas, por sua vez, viajou à China.

Quais são os sintomas?
Febre, tosse, falta de ar, diarreia, dores no corpo, náusea, pneumonia e problemas no fígado. O vírus tem período de incubação de entre 5 e 6 dias. Pode ser contagioso durante duas semanas. As mortes ocorrem, em geral, por falência respiratória ou renal e choque séptico.

Qual é o tratamento?
Não há tratamento específico. O tratamento é feito, como no caso do ebola, aos sintomas. O importante, no início das infecções, é isolar os pacientes, como está sendo feito na Coreia do Sul –que colocou centenas de pessoas em quarentena.

Quem corre mais risco?
Homens acima de 50 anos, com condições médicas anteriores incluindo câncer, diabetes e imunidade reduzida.

Mulher leva criança pela mão em Seul utilizando máscara. Crédito Yang Ji-Woong - 2.jun.2015/Efe
Mulher leva criança pela mão em Seul utilizando máscara. Crédito Yang Ji-Woong – 2.jun.2015/Efe

Putz. Mas por que não há uma vacina?
Cientistas estão trabalhando nisso, mas ainda sem resultados. Uma das questões, segundo a “National Geographic”, é quem deveria ser vacinado. Possivelmente camelos, de quem seres humanos têm contraído o vírus.

Oi. Camelos?
Sim. Ao que parece, é a via mais comum de infecção. A maior parte dos doentes cuidava desses animais ou consumiu produtos deles, como carne crua ou leite.

E surgiu assim de repente?
Estudos mostram que camelos em toda a região têm anticorpos para o vírus do MERS, o que mostra que foram expostos a ele. Além disso, testes sugerem que esses animais carregam o vírus desde os anos 1990. Cientistas tentam entender, então, por que o salto de camelos a humanos ocorreu agora. Talvez por uma mudança no vírus.