As eleições britânicas em cinco itens

Diogo Bercito
Mesários despejam votos em local de votação em Glasgow, na Escócia. Crédito Danny Lawson/Associated Press
Mesários despejam votos em local de votação na Escócia. Crédito Danny Lawson/Associated Press

Se você está lendo a Folha nesta sexta-feira (8), enquanto toma seu chá, provavelmente vai se deparar com a cobertura do nosso correspondente Leandro Colon em Londres. Ele escreveu a principal reportagem da editoria internacional desta edição, sobre as eleições britânicas.

Em resumo para quem chegou de repente: a contagem de votos aponta que o Partido Conservador terá 331 assentos no Parlamento, seguido pelos 232 do Partido Trabalhista e pelos 56 do Partido Nacional Escocês. Liberais-democratas, por sua vez, conquistaram apenas 8 cadeiras.

Mas, brincando distraído com o saquinho de chá English Breakfast, molhando a mesa sem perceber, você talvez esteja se perguntando: o que tudo isso significa? Em cinco pontos, para ajudar na sua digestão:

1) NÃO HAVERÁ UMA COALIZÃO NO REINO UNIDO
O Reino Unido é hoje liderado pelo conservador David Cameron, em uma coalizão com o liberal-democrata Nick Clegg. Com os resultados das eleições, porém, Cameron terá maioria absoluta no Parlamento e poderá governar sozinho. Antes da divulgação dos números, se supunha que o premiê tivesse de aliar-se com partidos menores (em um modelo semelhante ao brasileiro), mas isso não será necessário.

2) PESQUISAS NÃO SÃO CONFIÁVEIS
Se previa durante os últimos dias que o trabalhista Ed Miliband pudesse ser o novo primeiro-ministro britânico. Derrotado, porém, ele acaba de renunciar ao cargo na liderança do partido. Esse tipo de surpresa sempre nos lembra de que as pesquisas não podem ser entendidas como um fato. Em Israel, há alguns meses, especialistas estimavam uma derrota humilhante para o premiê Binyamin Netanyahu. Ele venceu com folga. O jornal britânico “Guardian” tem um interessante artigo sobre esse assunto.

3) OS ESCOCESES SAÍRAM BEM
Essa pelo menos não foi uma surpresa: o Partido Nacional Escocês teve uma impressionante vitória e deve receber quase todos os assentos destinados à Escócia, no Parlamento, tornando-se a terceira força política no país. O resultado é interpretado como consequência do referendo pela independência escocesa, no ano passado, com boa articulação do partido. O correspondente Leandro Colon havia explicado esse fenômeno na quinta-feira (7).

4) TRABALHISTAS E LIBERAIS-DEMOCRATAS SAÍRAM MAL
O Partido Trabalhista de Ed Miliband foi, segundo o jornal espanhol “El País”, “praticamente varrido do mapa”. A noite, diz Miliband, foi “muito difícil e decepcionante”. Nick Clegg, do Partido Liberal-Democrata, também não deve ter dormido muito bem: ele mantém 8 dos 57 assentos que obteve em 2010. A noite, afirmou, foi “cruel e castigadora”.

5) O FUTURO DA EUROPA ESTARÁ EM DISCUSSÃO
Segundo o “New York Times”, “para acalmar a ala direita de seu partido, Cameron prometeu renegociar o relacionamento britânico com a União Europeia e então realizar um referendo sobre sua permanência nela”. Outro tema que estará em discussão, nos próximos meses, é a independência escocesa –de novo. Com a vitória do Partido Nacional Escocês, o movimento deve ser reavivado.