Para que serve o G20?
Como bem escreveu nesta quinta-feira (13) o colunista da Folha Clóvis Rossi, nosso enviado especial a Brisbane (Austrália), a crise ucraniana deve roubar a cena na reunião do G20 neste final de semana (clique aqui para ler). Exceto pelo fato de que você já não se lembra tão bem o que é o G20, por que se reúne e, afinal, para que serve. Não se preocupe, ninguém vai te julgar. Mas veja só:
O que é o G20?
É um grupo criado em 1999 que inclui 20 países desenvolvidos e em desenvolvimento para discutir a economia global. O G20 foi inaugurado em Berlim e, neste ano, será reunido na Austrália. Os 19 membros são: Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Turquia, Reino Unido e EUA. A última cadeira sobra para a União Europeia. Em geral, o G20 se reúne uma vez ao ano, mas pode acontecer de haver mais de um encontro anual também –como em 2009 e 2010, durante a crise financeira.
São sempre 20?
Na verdade, não. Todo ano são convidados outros países para, nas palavras do site oficial, “contribuir com a agenda”. A Espanha, aliás, é oficialmente um “convidado permanente” –o que parece ser um jeito de dizer que faz parte do grupo sem ter de mudar o nome para G21. Em resumo, serão 4.000 delegados e 3.000 membros da imprensa, neste ano.
Mas é tipo o G7?
Bom, também tem o “g”. Mas o G7 foi criado para reunir as principais economias do mundo, o que não incluía, por exemplo, o Brasil. A Rússia estava entre esses países, o que fazia do G7 um G8 –mas a crise ucraniana levou a sua suspensão temporária. A principal diferença é de escopo: o G20 tenta representar um contexto mais global, incluindo tanto países desenvolvidos quanto aqueles em desenvolvimento.
O que eles decidirem ali vira regra?
Não. Como os membros não foram eleitos, ao contrário do Conselho de Segurança, que elege dez de seus assentos, as decisões do G20 não têm de ser necessariamente seguidas. Existe, é claro, um fator de pressão entre os membros, e o jogo da comunidade internacional é mais complicado do que um sistema de voto. O G20 é mais visto como um grupo de discussões, para o debate econômico.
Então não importa muito?
Vejamos. Os 20 países representam 85% da economia do mundo e dois terços da população, então não é exatamente inexpressivo. A ideia não é tomar decisões bombásticas, do tipo atacar a Síria, mas estabelecer políticas coordenadas para objetivos como a estabilidade econômica, a regulação fiscal e o crescimento sustentável. É claro que, em anos de crise, você pode dizer que não está dando tão certo.
Você pode dar um exemplo do que eles fazem lá?
As descrições são um pouco confusas, ainda mais para quem está fora do mundo econômico, mas a reunião de Londres em 2009 é um bom exemplo: durante a crise financeira global, o G20 mobilizou US$ 1,1 trilhão, além de pacotes de estímulo. Clique aqui para ler os documentos oficiais do encontro.
E neste ano?
Segundo Clóvis Rossi (clique aqui para ler), está sendo preparado um pacote global de estímulos para fazer a economia crescer dois pontos percentuais mais do que se esperava.
O que me importa?
O Brasil deve se comprometer a investir US$ 49 bilhões nos próximos cinco anos, para além do que já estava previsto pelos Programas de Aceleração do Crescimento. Então talvez te importe um pouquinho.