Quatro pontos fracos do Estado Islâmico

Diogo Bercito

O governo iraquiano afirmou, nesta semana (clique aqui para ler), que ataques aéreos feriram Abu Bakr al-Baghdadi, o califa do Estado Islâmico. A informação não foi confirmada pelos Estados Unidos, e por ora as sugestões que inundaram a internet com celebrações de “o califa está morto” não tem base factual. Mas a notícia parece, ainda assim, o sintoma de uma tendência que há meses parecia improvável: os avanços dessa organização terrorista estão sendo interrompidos no Iraque e na Síria. Mas quais são os pontos fracos do califado?

1. Petróleo
O Estado Islâmico se consolidou no Iraque e na Síria tomando controle da produção de petróleo e contrabandeando o produto por meio da fronteira turca, faturando entre US$ 1 e US$ 2 milhões de dólares ao dia. A fortuna garantiu, por um tempo, a manutenção de um extenso território do tamanho da Bélgica, mas analistas têm dito que as primeiras estimativas foram muito generosas com os militantes (leia aqui). A Inteligência alemã estima esses números, após os ataques aéreos da coalizão ocidental, em US$ 270 mil ao dia. Com blecautes e o aumento do preço da gasolina, o califa terá de progressivamente lidar com uma população não tão satisfeita.

2. Inimigos
O Estado Islâmico é uma criatura solitária. Sua visão radical do islã, repudiada pela maioria dos muçulmanos, não ajuda a atrair muita simpatia. Mas ainda mais grave é sua negação da existência de Estados na região –o que, digamos, desagrada países como Arábia Saudita, Irã, Egito e Turquia. Os Estados Unidos têm liderado uma série de ataques aéreos contra esses militantes, desestabilizando sua estrutura.

3. Derrotas militares
Está certo, a conquista de cidades como Mosul, no começo do ano, foram alarmantes. De repente, um recém-declarado califado varria o mapa do Iraque e da Síria abrindo espaço para o seu projeto radical. Mas, desde então, e com a ajuda dos ataques aéreos da coalizão, o Estado Islâmico tem amargado derrotas no mapa (leia aqui). Em outubro, ao perder para o governo Iraquiano a cidade de Jurf al-Sakhar, o califado deixou de contar com uma vantagem estratégica que lhe ajudava a avançar contra a capital, Bagdá, e áreas xiitas no sul.

4. Contrapropaganda
O Estado Islâmico tem uma forte rede de propaganda incluindo mídias sociais e uma revista militante chamada “Dabiq” (clique aqui). Parte de sua força vem, afinal, de recrutas estrangeiros –como o belga Brian de Mulder, filho de uma carioca. Mas as derrotas militares citadas acima não ajudam essa organização terrorista a vender sua imagem de fortaleza. A própria visão religiosa pregada por eles aponta na direção de que as vitórias são garantidas por Deus, o que poderia ser revertido para explicar os fracassos. Por exemplo, o califado tenta há meses tomar a cidade de Kobani, na fronteira entre Turquia e Síria, mas enfrenta resistência curda. O Estado Islâmico teria perdido, ali, centenas de militantes que não irá recrutar outra vez com tanta facilidade.